sexta-feira, 31 de julho de 2009

Sua esperança, o começo do milagre

Que bom falar sobre a misericórdia! Não podemos morrer sem antes termos experimentado essa graça. Nós sempre nos lembraremos de nossos pecados, só Deus não lembra deles. São como uma cicatriz, quando olhamos para eles, nos lembramos do machucado, mas não sentimos mais dor. Uma pessoa corajosa é alguém cheio de coragem; uma pessoa medrosa é alguém cheio de medo; já uma pessoa piedosa é alguém cheio de piedade. E Deus é misericordioso, porque sobre Ele depositamos todas as nossas misérias após nosso encontro pessoal com Ele. A misericórdia que você pode experimentar hoje é infinita no seu coração, onde estão todos os sentimentos bons e maus. Quando dizemos “coração” significa “alma”. Deus quer curar nosso coração para sermos misericordiosos com as pessoas, ou seja, também assumirmos as misérias dos outros que ofendemos ou que nos ofenderam. Neste trecho bíblico: Marcos 5,21-43, Deus usa de misericórdia com duas pessoas: com Jairo, que perdia a sua maior esperança: sua filha e a outra pessoa era uma mulher, que por 12 anos tinha uma hemorragia. Naquela região, naquela época, uma mulher que estava menstruada era considerada impura. Imagine uma pessoa por 12 anos sem ser abraçada, sem ninguém comer junto com ela? E diz a Palavra de Deus que ela já tinha gastado tudo sem receber nenhuma melhora. O importante é perceber que Jesus sonda o seu coração e interpreta o seu sofrimento. Basta que você sinta dor para que o Senhor já saiba o que é; Ele interpreta o tamanho da sua dor. O problema é que nós contamos para todos as nossas dores, falamos tudo para o médico. Quem dera nossas orações fossem iguais a nossas consultas com os médicos! Nós nos humilhamos na frente desses profissionais e, muitas vezes, só com a conversa já saímos bem do consultório, pois ali abrimos o coração. Se nós conversássemos com Jesus dessa maneira, na capela, como falamos com eles [médicos], mais da metade de nossos problemas seriam solucionados!
Jesus passou novamente para a outra margem, e uma grande multidão se ajuntou ao seu redor. Ele estava à beira-mar. Veio então um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Vendo Jesus, caiu-lhe aos pés e suplicava-lhe insistentemente: “Minha filhinha está nas últimas. Vem, impõe as mãos sobre ela para que fique curada e viva!” Jesus foi com ele. Uma grande multidão o acompanhava e o apertava de todos os lados. Estava aí uma mulher que havia doze anos sofria de hemorragias e tinha padecido muito nas mãos de muitos médicos; tinha gastado tudo o que possuía e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais.
Hoje, nós vamos à farmácia e encontramos absorventes; muitos banheiros têm chuveirinhos... Agora, imagine naquela época em que não tinha como fazer uma higienização, imagine o incômodo. Mulheres, imaginem-se menstruadas por 12 anos!
“Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se, na multidão, por detrás e tocou-lhe no manto. Ela dizia: “Se eu conseguir tocar na roupa dele, ficarei curada”. Imediatamente a hemorragia estancou, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença. Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele e, voltando-se para a multidão, perguntou: “Quem tocou na minha roupa”? Os discípulos disseram: “Tu vês a multidão que te aperta, e ainda perguntas: ‘Quem me tocou? ’” Ele olhava ao redor para ver quem o havia tocado. A mulher, tremendo de medo ao saber o que lhe havia acontecido, veio, caiu-lhe aos pés e contou toda a verdade. Jesus então disse à mulher: “Filha, a tua fé te salvou. Vai em paz e fica livre da tua doença.” Pela primeira vez, Jesus curou alguém sem querer, a mulher tocou n'Ele e saiu uma força do interior d'Ele. Corremos o risco, na correria da vida, de empurrarmos e apertarmos Jesus sem perceber. Mas precisa haver um dia em que toquemos no Senhor do jeito que essa mulher fez. Cristo, ao ser tocado dessa maneira, para e pergunta: “Quem me tocou”, pois percebeu que alguém tinha tocado n'Ele de maneira diferente; e aquela mulher, trêmula, diz que foi ela e conta o seu testemunho. Foi a fé dela quem a salvou. Se sua fé tiver o tamanho de um grão de mostarda será o bastante para Deus realizar um milagre! A fé dessa mulher fez com que ela andasse atrás de Jesus com a esperança de ser curada. E quem sabe sua esperança também lhe permita tocar de maneira diferente em Jesus e Ele lhe diga: “Vá em paz”. Em todas as curas realizadas pelo Senhor Ele se despede assim: “Vá em paz! A tua fé te salvou”. E enquanto Jesus parava para conversar com aquela mulher, existia um pai aflito do lado, com medo de que sua filha morresse. Quantas vezes, precisamos primeiro esperar pelo milagre da vida do outro, e não entendemos isso e ficamos com inveja disso. No entanto, muitas vezes, precisamos esperar primeiro por isso [pelo milagre da vida do outro].
Enquanto ainda estava falando, chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga dizendo: “Tua filha morreu. Por que ainda incomodas o mestre?”
Imagine o desespero desse homem, enquanto ele via o milagre na vida do outro, ele recebia uma notícia dessa. O ditado que mais ouvimos é que “a esperança é a última que morre”, ele não tinha perdido as esperanças. Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga:
“Não tenhas medo, somente crê”. Ele não permitiu que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a agitação, pois choravam e lamuriavam muito. Entrando na casa, ele perguntou: “Por que essa agitação, por que chorais? A menina não morreu, ela dorme”. E começaram a zombar dele. Afastando a multidão, levou consigo o pai e a mãe da menina e os discípulos que o acompanhavam. Entrou no lugar onde estava a menina. Pegou a menina pela mão e disse-lhe: “Talitá cum!” ( que quer dizer: “Menina, eu te digo, levanta-te” ). A menina logo se levantou e começou a andar — já tinha doze anos de idade. Ficaram extasiados de tanta admiração.
Os dois casos tinham doze anos. E você? Há quanto tempo está esperando? Para Deus não existe tempo que se perde, tudo é esperança! Eu não sei se você é “Jairo” ou a “mulher”! Se você está perdendo algo, como esse homem, que estava perdendo a filha. É uma dor imensa um pai perder um filho e Jesus diz a ele: “Creia”. Se você também está fazendo uma experiência de perda, o Senhor lhe diz: “Não tema! Creia”. Hoje, você pode fazer a experiência de Jairo: volte para sua casa com Deus e lá, com Jesus, Ele lhe dirá: “Nem tudo está perdido! Confie em Mim! Vamos recomeçar”. Até o que está perdido Deus pode recuperar! O Senhor sabe interpretar o tamanho da sua dor, mesmo que você tenha perdido algo ou alguém, a esperança é a ultima que morre, mas esta tem de estar em Deus! Por isso, a esperança o conduziu e o trouxe aqui, essa esperança é a sua fé. Precisamos cultivá-la, pois a esperança é a fé personificada. Eu não sei qual é a situação hoje, mas eu sei que você pode experimentar o que aquela mulher e aquele homem experimentaram. Jesus está o “paquerando” há muito tempo. Hoje é o seu dia! O dia que Deus preparou para você experimentar a misericórdia d'Ele!
Dunga - Comunidade Cançao Nova

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Sejamos sinais de alegria e de esperança

Com a coragem da fé, podemos viver este dia de maneira diferente: Se no nosso trabalho e na escola há intrigas e divisões, podemos ser sinais de unidade, da mesma forma na nossa família e em todas as áreas da nossa vida.
Muitas vezes, nós nos achamos melhores do que as pessoas com as quais convivemos, mas na verdade todos nós “valemos o que somos diante de Deus, e nada mais”. Por essa razão, peçamos ao Senhor a graça da humildade, fazendo de tudo para reconhecer nossas limitações e crescer.
“De fato, estou compreendendo que o Senhor não faz distinção entre as pessoas” (Atos 10,34b).
Se Deus não faz distinção entre as pessoas, nós também não podemos fazê-la; ao contrário, precisamos acolher com amor e alegria os irmãos que o Senhor põe na nossa vida, independente da cor, raça, língua, condição social ou religião.
Sejamos sinais de alegria e de esperança para todos que passarem pela nossa vida no dia de hoje. Peçamos, incansável e insistentemente, ao Senhor a graça do amor e da unidade.
Jesus, eu confio em Vós!

quarta-feira, 29 de julho de 2009

Formando a consciência de seus filhos

Muitos pais ficam fazendo as vontades de seus filhos e estes acabam se acomodando. Acabam se tornando um galho e não uma árvore. Assim, com o passar os anos, a criança e o jovem não se desenvolvem. Esse é o grande erro dos genitores, pois, dessa forma, fazem de seus filhos verdadeiros deuses, realizando um verdadeiro estrago na vida das crianças. De modo que a criança assume o papel de Deus e por causa do seu egoísmo sobe no trono e fica. Eu já ouvi muitos pais dizerem: “Meu filho é tudo para mim!”
Abrão era um homem que tinha tudo: dinheiro, bens, servos, etc., mas, ao mesmo tempo, parecia que lhe faltava tudo, pois o que ele mais queria era ter um filho com sua esposa, Sara. Deus então concede a ele um filho chamado Isaac, o filho querido. Contudo, o Senhor ordena a esse pai que leve o pequeno ao alto da montanha e o mate, oferecendo-o em sacrifício.
Qual é o “Isaac” que você precisa oferecer em sacrifício?
Deus tinha em mente um plano maravilhoso para Abraão. O que você deseja para seu filho? O que você tem no coração para que seus filhos sejam bons? Cada atitude nossa tem um efeito sobre as pessoas, positivo ou negativo.
Como têm sido suas atitudes com os seus filhos? Quando não queremos encarar uma realidade, ficamos arrumando um "jeitinho" para escapar.
Se não formarmos a consciência dos filhos, depois não adianta reclamar! Mas se realmente queremos ter filhos de consciência correta, precisamos nos esforçar para isso. A consciência nós formamos deixando a pessoa dar a resposta.
Muitas vezes a mãe dá razão para o filho. Quando um jovem pode fazer alguma coisa e nós decidimos por ele, estamos roubando a decisão dele. A comodidade não forma ninguém. Quem precisa participar é quem está perguntando. É preciso diálogo.
Nós enchemos os filhos de conselhos e recomendações, mas não os levamos à participação, mas à decisão. Quem não participa na decisão, não participa na execução. A criança e o jovem precisam saber que tudo eles podem, mas nem tudo lhes convém. É preciso formá-los por intermédio da Palavra de Deus. E como formar a consciência? Ouvindo, escutando e depois perguntando.
Devemos pensar que a criança que hoje tem 3 anos, daqui a pouco vai ter 10, depois 20, depois vai sair de casa para se casar... Nós devemos preparar e formar verdadeiros homens e mulheres. Não adianta passar recomendações. O filho bem educado é aquele que tem as mesmas atitudes na presença ou na ausência dos pais. A partir do testemunho dos genitores e dos valores recebidos pelo jovem, ele irá saber decidir livremente.
Se seu filho não for formado com valores, alicerces, raízes, mais tarde, ele vai ser arrastado e conduzido pelos outros. Mas se você colocou no coração de seu filho os valores de Deus, então este vai saber dar respostas diferentes diante das situações.
Você está treinando seu filho para viver como casado? Eu digo para você que é casado: tem que ter coragem para se casar! Assim, mais tarde seu filho vai dizer: “Meus pais me deram valores, me desafiaram, me formaram, e hoje sou assim devido a eles. Hoje sou um homem ou uma mulher formada e estou pronto para encarar a vida, para constituir uma família”.
Do contrário, você pode criar o seu filho como uma "cabeça de repolho" ou uma "couve-flor": cada vez mais entranhado.
As crianças hoje em dia estão cansadas e estressadas, pois fazem muitos cursos, balé, inglês, dança, depois chegam em casa e ficam na frente da televisão ou do vídeo game. Desse modo, a consciência destes não é formada, pois não aprendem a falar de si.
É preciso fazê-los [filhos] participarem das decisões. É preciso formá-los. Se você quer que seu filho seja feliz, você deve treiná-lo para ser generoso.
Se eu der um presente para uma criança, sem que ela precise dele, eu estarei fazendo mal para ela, pois estaria dando mais um objeto para ela. As pessoas que são ingratas são tristes e infelizes.
Certo dia, perguntei para um grupo de crianças: vocês preferem presentes ou a presença dos pais? Elas responderam que preferem a presença de seus pais. Você não pode fazer com que as coisas ocupem o espaço que é seu na vida de seus filhos.
Se você passa valores para seus filhos, quando eles saírem de casa, vão saber que são cristãos e irão saber decidir corretamente.

Padre Alir Sanagiotto, SCJ

terça-feira, 28 de julho de 2009

O peso que a gente leva...

Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o colchão para ser despachado?
As perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez?
Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que mais da metade do que levei não me serviu para nada.
É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.
E então descobrimos o motivo que levou o poeta cantar: “Bom é partir. Bom mesmo é poder voltar!” Ele tinha razão. A partida nos abre os olhos para o que deixamos. A distância nos permite mensurar os espaços deixados. Por isso, partidas e chegadas são instrumentos que nos indicam quem somos, o que amamos e o que é essencial para que a gente continue sendo. Ao ver o mundo que não é meu, eu me reencontro com desejo de amar ainda mais o meu território. É consequência natural que faz o coração querer voltar ao ponto inicial, ao lugar onde tudo começou.
É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... Hospitais, asilos, internatos...
Ver o sofrimento de perto, tocar na ferida que não dói na nossa carne, mas que de alguma maneira pode nos humanizar.
Andar na direção do outro é também fazer uma viagem. Mas não leve muita coisa. Não tenha medo das ausências que sentirá. Ao adentrar o território alheio, quem sabe assim os seus olhos se abram para enxergar de um jeito novo o território que é seu. Não leve os seus pesos. Eles não lhe permitirão encontrar o outro. Viaje leve, leve, bem leve. Mas se leve.

Padre Fábio de Melo

domingo, 26 de julho de 2009

Tudo depende do olhar

Na noite da solidão, na qual as cores perdem a sua força e o opaco semeia ferrugem destituindo o brilho dos sonhos, o olhar é sempre convidado para transcender. Transcender enxergando possibilidades e fabricando recomeços, pautando assim a própria existência pela dinâmica da esperança. Sim. Quando os sentidos se confundem e tudo fica sem sentido, o coração precisa aprender a juntar seus pedaços, buscando novos motivos e significados para continuar acreditando na vida e lutando por ela.
Diante de uma grande dor ou decepção é necessário treinar o olhar para a não desistência, é preciso treiná-lo para sempre ir além.
O homem foi feito para isso, para “ir além“. Além da dor, do desânimo, do medo, além dos próprios limites.
O limite pode ser uma barreira intransponível ou um grande impulso de superação, tudo depende do olhar e do desejo que o motiva. Se ele [limite] for contemplando com madura e sincera esperança, pode se tornar uma realidade profundamente motivadora. Ele nos conscientiza acerca daquilo que realmente somos e, se bem aproveitado, pode nos lançar a concretamente trabalhar pelo aperfeiçoamento diante de nossas fragilidades.
Dessa forma, as vitórias serão constantes e não apenas aparentes, pois serão tecidas no solo do real e no território do possível. E nosso possível será constantemente provocado pelo Divino Auxílio, que, diante de nossas impossibilidades, será sempre portador de infinitas possibilidades para aquilo que nos compõe.
Quando se unem: Consciência de si e liberdade de um lado e Auxílio e esperança do outro, a existência pode ser visitada pela superação daquilo que a encarcera na finitude, construindo assim vida e sentido em tudo o que a comporta.
O homem foi criado para crescer e não para sucumbir diante de dores e dissabores. E isso também depende do olhar, pois, por vezes, o crescimento e a superação residirão nas estradas da dor e da limitação, e quem não desenvolver, no olhar, a precisa sensibilidade para perceber tal realidade, poderá se ausentar da concreta dose de superação conferida apenas por essas experiências.
É comum contemplarmos corações que fazem de tudo para eliminar a dor a qualquer custo; contudo, percebe-se que poucos têm no olhar a sabedoria para compreender que existem dores com as quais precisamos conviver pacientemente, e que estas precisam ser enfrentadas frontalmente para nos acrescentar a devida parcela de crescimento. Isso também depende do olhar.
Existem soluções fáceis que prolongam dores e existem dores momentâneas que, se bem digeridas e vivenciadas, podem perpetuar êxitos e realizações.
Para crescer na vida não há outro caminho, é preciso treinar o olhar... Treiná-lo para perceber o que está além de cada experiência que a existência nos acrescenta e, principalmente, treiná-lo para não desistir diante daquilo que aparentemente configura nossa derrota e humilhação, pois, aí pode se encontrar a força de que precisamos para ser mais... O olhar. Permitamos que a lógica proposta o [olhar] conduza, e contemos com o preciso auxílio que sempre nos possibilitará descobrir sentido e esperança em cada fragmento de tempo e de vida.
Tudo depende do olhar...

Adriano Zandoná

sexta-feira, 24 de julho de 2009

Deus nos criou únicos dando-nos a liberdade de sermos originais

Conta-se que um ditador grego enviou seu emissário a outro ditador a fim de pedir conselhos a respeito de princípios para melhor governar. O homem consultado levou o emissário a um milharal e lá cortou, com um bastão, todas as hastes que ficassem, um centímetro que fosse, acima do nível das outras. Depois, mandou o seguinte recado ao outro: não permita que nenhum de seus elementos seja diferente dos demais. Não permita a existência de nenhum homem que seja mais sábio, mais famoso ou até mesmo mais bonito que a massa. Faça com que todos sejam cortados até o nível comum, de modo que sejam iguais; assim todos serão escravos, meros números, todos insignificantes, sem forças para reagir.
Desta forma, os tiranos conseguiam grande êxito em seu governo, já que ninguém ousava ser diferente, por medo ou por comodismo. Nem precisavam se preocupar porque os próprios indivíduos haviam assumido a condição de “milharal nivelado”.
Fico pensando se hoje não acontece o mesmo com nossa geração. Podemos observar que existe uma atração pelo diferente, mas, na prática, são poucos os que estão dispostos a pagar o preço da diferença.
A moda comanda o vestuário, os meios de comunicação atingem o visual e por aí seguem as expressões da massa cada vez mais comuns e niveladas, como o milharal do tirano. São escravos em nome da modernidade.
Diante disso apresento uma excelente notícia: você pode ser diferente e ser feliz!
Nesses dias, ao conversar com um jovem que eu acabara de conhecer aqui na Canção Nova, percebi que ele estava triste e tinha dificuldades em falar a respeito de sua vida. Compreendi, por graça do Espírito Santo, que Deus queria tocar o coração dele naquela conversa e me dispus a tentar ajudá-lo, até que em certo momento ele desabafou: “O fato é que vivo uma fase difícil em minha vida. Depois que tive meu encontro pessoal com Cristo mudei muito e, desde então, não sou bem aceito por meus amigos. Já não curto os programas deles e acabo ficando sozinho. Minha namorada também não entendeu a mudança e terminou o namoro há pouco tempo...”
O que eu disse para aquele jovem, digo também a você que talvez esteja passando por situação semelhante: Não tenha medo de ser diferente! Alegre-se porque você é um escolhido! Talvez o que lhe falte seja encontrar o sentido da sua nova vida em Cristo e despertar para a beleza da vida que se revela na simplicidade das coisas, para as quais, antes de conhecer o amor de Deus, você não lhes dava o verdadeiro valor. A convivência familiar, por exemplo, o contato com a natureza, a leitura de livros formativos e tantos outros meios podem favorecer a felicidade. E mais: existem muitos que pensam e sonham como você. É importante procurar essas pessoas e de algum modo participar de um grupo. O isolamento não costuma gerar felicidade.
Você pode viajar, celebrar, dançar, festejar, brincar e fazer tantas coisas de que gosta. A diferença é que agora você sabe que é amado – e quem se sente profundamente amado só sabe viver para corresponder a esse amor. Tudo o que você vive tem um novo brilho, tem a marca de quem é amado e isso é ser livre.
O Senhor é fiel e bom e lhe dará o (a) namorado (a) certo (a) e os amigos certos se você perseverar buscando-O em primeiro lugar, porque a Sagrada Escritura diz: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e tudo mais lhe será dado por acréscimo” (Mateus 6,33). Tome posse do poder da diferença em sua vida. Coragem!
Conheço pessoas que deixam de apreciar a música clássica ou a boa leitura, por exemplo, porque isso talvez as impeça de “estar na moda”. Existem ainda as que desejam ser honestas, castas e sensatas e têm formação e princípios favoráveis para serem assim, porém, acabam não sendo dessa forma, para não se tornarem diferentes dos demais. Isso poderia deixá-las fora do círculo de amizades e impossibilitaria a integração delas com o grupo, e assim por diante.
Mas qual o problema em ser diferente? Deus nos criou únicos e nos dá a liberdade de sermos originais e livres de toda e qualquer ditadura. A felicidade é alimentada pela liberdade e a liberdade plena está na verdade. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8,32) A verdade, que liberta, é Cristo; Ele já pagou o preço do pecado que nos escravizava. Somos livres pelo poder d'Ele.
Tomemos posse dessa graça e sejamos diferentes, sem medo! Ser diferente, por ter encontrado a “Verdade”, é um privilégio e não um peso.

Dijanira Silva

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Autoconhecimento é importante?

Vivemos em um mundo que nos incentiva a ser independentes de Deus e de todos. Incentiva-nos a uma autorrealização que, para a grande maioria, parece cada vez mais distante, pois se trata de incentivo a uma vida cada vez mais fora de nós mesmos, cada vez mais exteriorizada. O resultado disso é que as pessoas se preocupam cada vez menos com seu interior e cuidam menos dele, gerando sentimentos de frustração e de vazio. Por conta disso, encontramos um número crescente de pessoas que sentem um grande vazio interior e uma grande insatisfação, não conseguindo sequer dar nome ao próprio sentimento.
A sabedoria clássica considera o pensamento de Sócrates: "Conhece-te a ti mesmo" como ponto de partida da filosofia humana. No entanto, este é um caminho muito difícil de ser percorrido para quem não tem um referencial, um modelo de personalidade a ser atingido. Nós cristãos, – que temos Jesus Cristo como modelo –, precisamos ter a coragem de nos pôr a caminho e de nos conhecer em profundidade. O autoconhecimento é um caminho que nos leva a olhar para dentro de nós mesmos e a reconhecer nossos dons e talentos recebidos de Deus e também os nossos limites, fraquezas e os pontos que precisam ser melhorados. "Conhecer-se a si mesmo é uma necessidade e um dever do qual ninguém pode subtrair-se. O homem tem necessidade de saber quem é. Não pode viver se não descobre que sentido tem sua vida. Arrisca-se a ser infeliz se não reconhecer sua dignidade" (Amarás o Senhor teu Deus - Amadeo Cencini - pág. 8 - Edições Paulinas).
Conhecer-se a si mesmo é uma necessidade fundamental para se ter um conceito correto e real de si próprio, pois somente quem descobre seu verdadeiro valor consegue uma aceitação serena de si mesmo e de suas limitações, o que lhe proporciona a segurança necessária para viver e realizar mudanças essenciais.
Muitos acham que se conhecem, mas até que ponto chega esse autoconhecimento? Para que você possa averiguar isso, recomendo um teste simples: escreva em uma folha 10 qualidades que você reconhece possuir e 10 pontos fracos que precisam ser melhorados. O que foi mais fácil para você escrever? As qualidades ou os defeitos?
O autoconhecimento nos leva à autoestima e ao amor-próprio, ou seja, a olhar para nós mesmos reconhecendo-nos como criaturas de Deus, como obras-primas de Deus, sem exaltações e sem degradações.
Sem essa visão, o que é gerado é insegurança, perfeccionismo, dificuldades de lidar com os próprios erros e fraquezas e também com os dos outros, entre muitas outras consequências. Santo Agostinho afirmava: “Conhecer-me e conhecer-Te”, com isso ele nos ensina que quanto mais nos conhecemos, tanto mais conhecemos Aquele que nos criou e que é a luz do mundo, de modo que veremos a realidade de forma mais adequada.
Volte à lista que você fez. Nas qualidades descritas marque as alternativas que são relacionadas ao fazer, a atitudes externas e observe quantas você colocou de atitudes externas e quantas internas. Assim você poderá perceber não só o quanto você se conhece, mas também o quanto você está voltado para as coisas exteriores.
A Igreja nos dota de uma grande ferramenta de autoconhecimento: o exame de consciência diário. Com ele nos é possível avaliar bem onde podemos ser atingidos pelo inimigo, os nossos pontos fracos, nossos defeitos, paixões e vícios camuflados. E com isso, podemos voltar, confiantes, para o Senhor, que nos ama e sempre cuida de nós. Apresentando-nos a Ele como somos, sem medo, sem receios e buscando n'Ele a força diária para vencermos nossas batalhas interiores. São Francisco afirmava: “Eu sou o que sou diante de Deus, e mais nada!” Deus nos vê como somos, diante d'Ele não precisamos nos esconder.
Trata-se de uma ferramenta simples, basta dedicarmos poucos e breves minutos do nosso dia ao Senhor, com constância. Dessa forma, vamos, pouco a pouco, conseguindo olhar mais a fundo para o nosso interior e conhecendo não só nossos limites, como nossas riquezas. Precisamos entender que as nossas limitações não estão no nosso exterior, no que fazemos, mas sim, no nosso interior, naquilo que somos. Somos filhos de Deus, filhos amados de Deus! O nosso principal valor está no ser pessoa.
Precisamos saber quem somos, quais os nossos dons e talentos; do mesmo modo, precisamos também saber quais são nossos objetivos no uso dessas capacidades. Pois não é somente aquilo que possuímos que decide o nosso valor como pessoa, mas o que “somos” no mais profundo de nossa identidade como seres humanos, como cristãos, como batizados, justificados, filhos de Deus. Essa estima positiva é um valor que ninguém pode tirar de nós.
Manuela Melo

terça-feira, 21 de julho de 2009

Um amigo pode nos transformar

Jesus nos ensina que todos nós precisamos ter amigos diante dos quais possamos chorar e abrir o coração. Amigos que nos acolham e nos amem do jeito que somos. Amigos que não nos julguem a partir de um momento, mesmo que seja um momento dolorido.

Feliz de quem tem um amigo diante do qual pode se mostrar pelo avesso. Feliz de quem tem um amigo diante do qual pode mostrar o seu pior… e o seu melhor também!

Amigo não é apenas um conhecido, colega, companheiro… Observemos a ênfase que a Palavra de Deus dá a ele: “Quem encontrou um amigo, encontrou um tesouro” (Eclesiástico 6,14b).

Um amigo pode nos transformar. E por que nos transforma? Porque, antes de tudo, ele nos ama como somos. O amigo consegue nos corrigir e, muitas vezes, só ele é capaz de fazer isso. Ele, e só ele, tem linha direta com o nosso coração. Ele chega lá naquele lugar aonde ninguém consegue chegar.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

O medo do nosso desconhecido

No mundo das relações humanas, a base fundamental é conhecer-se e, conhecendo, estabelecer relacionamentos verdadeiros. Muitas vezes, prevalece o medo de entrar em nosso interior e tomar posse do que realmente somos e cremos, sem criar máscaras de proteção, que escondem nossa verdadeira imagem. A busca de conhecimento do outro, passa necessariamente pelo conhecimento de nós mesmos. O desconhecido em nós, faz com que não tenhamos a força suficiente para ir ao encontro do outro, como somos. Tomar posse do meu eu, para possuir o eu do outro.
Anselm Grün, monge escritor alemão afirma: “Quanto mais o medo me leva a evitar um olhar para o meu interior, mais forte torna-se o medo do desconhecido em mim. Jesus fala desse medo do desconhecido quando dirige suas palavras aos doze que escolhera: “Não tenhais medo deles, porque não há nada encoberto que não venha a ser revelado, nem escondido que não venha a ser conhecido.
Dizei à luz do dia o que vos digo na escuridão e proclamai de cima dos telhados o que vos digo ao pé do ouvido””(MT 10,26). Certamente, Jesus estava falando aos seus colaboradores em circunstências bem diferentes à nossa, porém, penso que essas palavras podem ser referidas ao medo que existe em nós.
A capacidade de parar e encarar o positivo e o negativo que existe em nós, muitas vezes é abafada pelo medo de nos surpreender com uma explosão do que realmente somos. O medo é fruto de uma atitude muito pessimista em relação a nós mesmos. Na medida em que revelamos, a nós, o nosso interior e assumimos a realidade pessoal do jeito que ela é, passamos a viver uma liberdade jamais vivida.
Não temos nada a esconder e muito menos a guardar sob sete chaves. A transparência é o espelho da alma que acredita ser o que ela é para conhecer e amar o outro como ele é. Vivemos tão pouco, porque não estabelecer relacionamentos sinceros e verdadeiros sem medo de nós e do outro? Na medida que amo em mim, a riqueza e a pobreza com que Deus me fez, serei capaz de amar a riqueza e a pobreza do outro.
“Para Deus nada fica no escuro. Já o Salmo 139, assim se expressa: “ Se eu disser: As trevas, ao menos, vão me envolver e a luz, à minha volta, se fará noite, nem sequer as trevas são bastante escuras para ti, e a noite é tão clara como o dia, tanto faz a luz como as trevas. Pois tu plasmaste meus rins, tu me tecestes no seio de minha mãe. Graças te dou pela maneira espantosa como fui feito tão maravilhosamente”(Sl 139,11-14). A escuridão não é o lugar do afastamento de Deus, mas de sua especial proximidade. Lá ele fala ao meu coração e ilumina tudo em mim com a luz de seu amor. Ele sabe o que existe dentro de mim. Ele o desvenda para mim. Por isso não preciso mais encobri-lo de mim nem dos outros. Tudo o que há em mim é perpassado pela luz de Jesus. O próprio Jesus desceu para esta escuridão a fim de iluminá-la com sua luz”.(Anselm Gün).
No caminho da realização pessoal, o passo fundamental para ser feliz está no abandono do medo de nós mesmos, para mergulhar no nosso interior conhecendo o mais profundo de nossos sentimentos e emoções, iluminados pela luz de Jesus. Assim seremos capazes de mergulhar no conhecimento dos outros e estabelecer relacionamentos verdadeiros, sem preconceitos ou julgamentos indevidos. Nossa convivência em casa, no trabalho, no lazer, na comunidade será agradavelmente prazerosa, quando amarmos o que conhecemos em nós, para poder amar o que conhecemos no outro.
Dom Anuar Batisti
Arcebispo Metropolitano de Maringa-PR

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Quando começa uma amizade?

Talvez essa seja a grande pergunta que incomoda tanto aqueles que têm amigos quanto aqueles que querem vir a ter um. Os que os têm querem entender de que forma alguém ganhou tanto espaço em sua vida; os que não os têm, querem saber como um amigo pode surgir em sua vida.
Por experiência própria, posso afirmar que amigo nunca é alguém que você escolhe. Amizade é dom, vem de Deus e por isso mesmo, muitas vezes, se manifesta em nossas vidas de maneira surpreendente. Quando você vê, pronto: ganhou um amigo!
Todo o processo de amizade é um processo de separação, de sacralização. Uma mesa qualquer é uma mesa qualquer. Mas uma mesa separada para a celebração da Santa Missa, não é uma mesa qualquer, mas um altar. Ela foi separada para o sagrado. Da mesma forma, um amigo é alguém que era comum, apenas um irmão, mas foi separado para o que há de mais especial em nosso interior. Ele saiu do comum e foi colocado no santuário do nosso coração. Nele nós depositamos o que há de mais sagrado do nosso ser, sem medo de que seja usado contra nós ou que não seja dado o devido valor. Uma amizade é sagrada por trazer em si o que há de mais santo no coração de duas pessoas. Ela comporta o intocável, aquilo que não se consegue dizer, mas apenas viver e sentir.
É bonito perceber que quando alguém vai sendo formado por Deus, para ser seu amigo, as coisas que dizem respeito a essa pessoa ganham peso e têm importância na sua vida. O que ela vive é importante e não passa despercebido. As alegrias dela são as suas alegrias; as tristezas dela são as suas tristezas. Não há mais como viver impassível ao que ela vive. Você vive na sua alma aquilo que o outro vive na carne.
Amizade é um processo que pode ser construído com anos ou com minutos. O tempo não importa quando falamos de amigos. Amizade não conhece tempo, porque é dom, é graça de Deus. Ela vive em um período de graça que você não sabe quando começou nem quando vai acabar. Vive em um tempo que não tem tempo. Quando você percebe, aquele que até então era só mais um, traz agora uma visão sua que você mesmo não conseguia ver. Ele entrou, faz parte e não há como dividir, como separar. Como dizia Santo Agostinho: “Um amigo é metade da alma”.
Quando começa uma amizade? Quando eu paro de buscá-la por mim mesmo e deixo Deus me surpreender com o que Ele tem de melhor. Ele vem e não me deixa caminhar sozinho. Ele me dá um companheiro de viagem, alguém que possa olhar e entender tudo o que se passa comigo, sem que eu necessite lhe dizer uma só palavra. Como Amigo, Deus me dá um amigo.
Seu amigo,
Renan Félix

quinta-feira, 9 de julho de 2009

QUEM QUER FÉRIAS?

Acredito que se você teve interesse pelo tema é porque já está contando os dias para gozar do merecido descanso. Daí faço-lhe outra pergunta: O que pretende fazer nas férias? Se você tem trabalhado bastante nos últimos dias, talvez responda-me logo que deseja dormir, dormir, e depois dormir mais um pouco. Mas calma! Férias são mais que isso. É claro que dormir um pouco mais é um privilégio desse tempo merecido, mas quem disse que só se descansa dormindo?
O tempo de férias é propício para a restauração da pessoa por inteiro, não só do corpo, mas também da alma, da essência do que somos. Por isso que esse período é também favorável para estarmos mais perto dos que amamos e viajar em família é uma ótima dica. Eu sei que isso não é fácil, afinal cada um tem uma ideia diferente do destino a ser seguido e o dinheiro nem sempre dá para ir aonde vão os nossos sonhos. Porém, com uma boa conversa e muita calma, podemos conseguir grandes conquistas, inclusive boas férias para todos.
Para quem tem filhos pequenos, antes de planejar seu passeio pense se este será agradável também para eles. Crianças têm interesses diferentes dos nossos, têm muita energia para gastar, precisam brincar em liberdade, ter contato com a natureza, com a terra e principalmente com os pais. Talvez contar histórias do lugar que você sonha em conhecer, para eles, seja mais interessante do que ir propriamente lá.
Que tal perguntar para seus filhos, sem induzi-los à resposta desejada, o que eles gostariam de viver nas férias? Pode ser que você tenha surpresas.
Se você não tem filhos e pode curtir um passeio a seu gosto, faça isso com prazer e não perca nenhuma oportunidade de viver bem cada instante.
Eu sei que cada um descansa de um jeito, convivo com muitas pessoas em casa e observo que algumas gostam de assistir televisão, outras de dormir, outras ainda de passear ou fazer compras... Enfim, cada um tem sua maneira de se sentir mais à vontade. O que todos nós temos em comum, no entanto, é a necessidade do descanso e é justamente por isso que existe esse período de pausa. É um tempo privilegiado e, como todos os demais, deve ser bem vivido para alcançar a meta. E qual é seu objetivo nas próximas férias?
Viajar é maravilhoso, mas é claro que esta não é a única opção para se ter boas férias. Dormir um pouco mais, cuidar da saúde, visitar parentes e amigos, praticar esportes, fazer uma boa leitura, caminhar no parque ou simplesmente nas ruas mais tranquilas da cidade, passear no campo, pescar, tomar banho de chuva, nadar no rio e tantas outras opções de lazer podem ser adotadas sem que seja preciso muito gasto.
Na Canção Nova, comunidade da qual faço parte, brincamos com a ideia de que um dos dons proporcionados pela pobreza é o da criatividade. E isso já foi provado, é verdade! Precisamos fazer uso desse dom maravilhoso e saborear a alegria que se esconde muitas vezes na simplicidade dos fatos.
Que tal, nesse período de descanso, voltar ao lugar onde você nasceu e reencontrar suas raízes, ouvir as histórias do seu povo, pisar na terra onde você cresceu? Sentir o cheiro desse lugar pode curar sua alma de muitas dores. Se puder fazer isso na companhia de quem você ama, será ainda melhor. Dar-se a conhecer é também uma forma de reconciliação com nossa história. Por outro lado, também temos mais condições de conhecer as pessoas quando pisamos em seu chão de origem, quando conhecemos sua história retratada no seu povo, na sua terra, na sua cultura.
No entanto, o mais importante acredito que seja viver bem esse tempo e no final voltar para o trabalho refeito, descansado e pronto para recomeçar.
Ainda outra dica, talvez a mais importante: Lembre-se de que Deus está sempre conosco, portanto, também nas férias. Quem puder visitar lugares santos, fazer um retiro espiritual e dedicar mais tempo à oração fará uma excelente opção.
Ótimas férias para todos! Diz a Palavra de Deus que “Há um tempo para cada coisa debaixo dos céus” (Eclesiastes 3,1ss)..
Se para você chegou o tempo de descanso, então descanse para valer!
Na Europa agora é verão. Se vier a Portugal e passar por Fátima, é aqui que estou.
Até breve,
Dijanira Silva

terça-feira, 7 de julho de 2009

DESEJAR O QUE É BOM

O meu destino como homem está escondido inteiro no destino de Cristo. Somos filhos de Adão, mas nosso destino não é Adão. Somos convidados para ser o Cristo. Ele é a terra prometida, aquilo que nós precisamos almejar. Quanto mais eu saio da minha condição de Adão, tanto mais leve vou ficando e alcançando minha condição Crística. Eu não espero Cristo de braços cruzados, eu luto para o que futuro seja antecipado agora em minha vida, o que Cristo viveu.
Eu sou convidado para viver, agora, o que me deixa mais puro, mais santo, com isso fico mais leve. São Paulo faz a distinção das obras da carne e das obras do espírito, o que ele faz é a dimensão “adâmica”e “Crística”. Pegue aquilo que é humano e revista de luz em você. Deus nos dá a graça de iluminarmos nossa vida.
Quantas vezes reduzimos o nosso Cristianismo a uma experiência pequena. A pior coisa da religião é quando nós a transformamos numa coisa mundana, quando nos esquecemos da transcendência que ela precisa sugerir. O Cristianismo me convida para o equilíbrio de ser um homem na terra, mas ter a cabeça no céu; é para o alto que preciso viver.
Será que estou mais próximo de Deus ou de Adão? Eu caminho olhando para Deus ou olhando para Adão, ou seja, para aquilo que é medo na minha vida? Vivam para promover as coisas do alto, as transformações de que o mundo precisa, a começar pela mudança de mentalidade; dessa forma, nós começamos a ser mais elevados, não vemos as coisas de maneira tão simplória, tão rasteira, tão reduzida, mas o nosso olhar se amplia para ver o todo.
A Igreja carrega a missão de antecipar o que é eterno, por isso nós não anunciamos o pecado de Adão, mas a ressurreição de Jesus. Olhar para o pecado de Adão, sem olhar a Ressurreição de Jesus, é viver em desespero.
O que você anda escolhendo para sua vida? Em termos de amizade, de relacionamentos, de cultura, isso o eleva ou o puxa para baixo? Existem pessoas que sofrem horrores, porque namoram com quem as puxa para baixo ou que têm amigos que são causa de queda o tempo todo.
A prova que você dará da Ressurreição de Jesus é voltando mais humano para casa, amando mais do que já ama. Se não somos capazes de elevarmos o nosso amigo, em vão é nosso trabalho. Precisamos nos decidir a ser hoje mais elevados, a pensar mais alto.
Ser cristão é não estar preso no Adão, mas estar disposto a estar sempre sendo elevado, até que Jesus volte. E não esqueça que Ele volta toda vez que você decide ser bom e que tem disposição a ser melhor. É para cima que precisamos ir, para o céu, para o alto!
Pode ser que você preste atenção demais no Adão. Não! Seu destino é outro! Adão já foi superado. Eu carrego ele dentro de mim, você dentro de você, agora dê um jeito de amarrar essa criatura e se configurar a Cristo tornando-se mais leve e livrando-se daquilo que não presta.
Para que ficar perdendo tempo com infidelidades, se você pode ser fiel? Por que perder tempo com vícios, se você pode ter uma vida saudável? O destino de Cristo é o destino de todos nós: nosso destino é ascensão.
Se aquele programa está lhe fazendo mal, corte! Muitas vezes o programa que a gente vê, vai nos jogando para baixo, vai nos lembrando que somos Eva e o pior: vai nos fazendo ser Eva. Não! Somos Cristos! Não permita isso! Corte na raiz! Hoje, você está sendo convidado para se elevar. Ser cristão é isso: é ser Jesus novamente. “Somos, Senhor, Tua Igreja, que aguarda e apressa Tua vinda gloriosa”.
Hoje, eu quero neutralizar tudo o que em mim possa me deprimir, tudo que me puxa para baixo, eu quero apressar a vinda de Jesus.
O rosto com que você acorda, o formato que você resolve dar a ele, se é sorriso que acolhe ou a cara que você quer jogar fora, isso apressa ou não a vinda de Cristo? Jesus passa pelo nosso rosto, pelo nosso abraço, passa pelo nosso corpo. Onde existe um o corpo preguiçoso, nele o diabo descansa, mas se o diabo descansa num corpo preguiçoso, Deus trabalha no corpo que trabalha e sorri no seu sorriso.
Se você lutar por aquilo que é bom, você nunca estará no erro. Deus é bom, nós não somos ainda, mas podemos ser. Antecipe a vinda do Senhor, Ele voltará no momento em que nós decidirmos que Ele seja vivo em nós. Precisamos deixar que Ele volte hoje em nós. É para o alto que precisamos ir, olhar para o alto. Não tenha olhar de galinha, tenha olhar de águia! É para cima que o cristão tem de olhar.

Pe. Fábio de Mello

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A arte da oração

Rezar é um ato natural, um capítulo da antropologia, exatamente porque o ser humano tem uma abertura congênita para o transcendente, o divino. Rezar é também um ato de justiça para com nossa alma, pois a oração é expressão do espírito, da alma, do coração. É também um ato de justiça em relação a Deus. “Nele somos, vivemos e existimos” (Atos dos Apóstolos 17, 28).
A oração é antes de tudo terapêutica porque pacifica, unifica, ordena a vida, os pensamentos e os afetos. “Os efeitos da oração em nossa pessoa são mais visíveis que os das glândulas de secreção interna”, diz o prêmio Nobel de Medicina (1922), Dr. Alexis Carrel, ateu convertido.
A arte da oração consiste em que o orante se comunica com Deus, com os outros e com ele mesmo e assim faz grandes descobertas, encontra soluções, recebe iluminações e muita força interior. K Jung e V. Frankl são psicólogos que exaltam a importância e a eficácia da oração, sem a qual, as pessoas não se curam de suas neuroses. Eles sabem muito bem que a pessoa orante entra no nível alfa, frequência profunda do cérebro humano.
Quem não reza está numa situação muito desconfortável e até incômoda, porque irá buscar alívio e sedativo no álcool, nas farras, nas drogas e sempre permanecerá vítima do vazio existencial e da solidão. Sempre justificará seus erros e fugas, tendo necessidade espontânea de ridicularizar quem reza, como se a oração fosse o “catecismo dos fracos e perdedores”. De fato, só os humildes e autênticos rezam.
É preciso orar com fé. Acreditar no poder da oração. Rezar é estar com Deus e com os outros. Normalmente a oração verdadeira e profunda leva à compaixão, ao perdão, à solidariedade. O amor é fruto da oração. Rezar é um ato de amor e o amor é consequência da oração. Os santos e os místicos são sempre pessoas de paz, de fraternidade e de ação em favor dos pobres e pecadores. A oração é amor de amizade com Deus que nos leva ao amor-serviço para com os outros.
A oração é uma “alavanca que move o mundo” (Santa Terezinha). De fato, quantas pessoas são vitoriosas frente a doenças, mágoas, decepções, injúrias. A oração as salvou. Quem reza se salva.
A oração é uma ponte. A pessoa orante é fabricadora de pontes, é pontífice. Abatem-se os muros e constroem-se pontes com a sabedoria da prece. Essa ponte vai da terra ao céu e do coração do orante aos irmãos. A escalada da oração é exigente, requer perseverança. É um combate.
A oração é muralha, é escudo, é proteção, é abrigo, é segurança. Quem reza está imunizado contra muitos males. A oração nos protege das tentações. Sem ela caímos na murmuração e abraçamos a tentação.
A oração é escola . O Mestre interior é o Espírito Santo. Na escola da oração aprendemos a prática do bem, a beleza do perdão, a alegria da convivência, a esperança nas decepções. A oração nos faz discípulos, iluminados, sábios, humanos e verdadeiros. Moisés tinha o rosto iluminado após a oração. Irradiava o fulgor de Deus.
A oração enche o orante de audácia e coragem, de força e tenacidade, de luz e compaixão. Jesus não somente reza, mas, ensina a rezar, principalmente a perseverança na oração. Os primeiros cristãos eram “assíduos na oração” (cf. Atos dos Apóstolos 2, 42). De fato, a oração é inspiração de cada momento, recolhimento do coração, recordação das maravilhas de Deus, é força para a luta cotidiana. Eis a arte da oração.
A oração é uma rendição diante de nossa insuficiência e da paternidade de Deus. A oração é a fala entre filhos(as) e Pai. Portanto, oração é questão de amizade, é encontro de duas consciências, duas intimidades, duas existências. Na oração acontece uma troca de olhares, de confidências, de interioridades. Rezar é um ato de amor, um ato afetivo que inflama o orante de amor a Deus e ao próximo.
Dom Orlando Brandes
Arcebispo de Londrina - PR

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Para desenvolver um bom relacionamento

O ser humano tem como característica básica a necessidade de companhia, de reconhecimento e de afeto em todas as esferas da vida. Nossa forma de ser, de pensar e de agir influencia diretamente os nossos relacionamentos. No curso de nossas experiências diárias, interagimos com uma grande variedade de pessoas com diferentes estilos de personalidade, as quais exercem impacto sobre a forma como agimos e tomamos decisões.
Segundo Dom Hélder: “Passamos a maior parte de nosso tempo procurando consertar situações conflituosas criadas por inabilidade de relacionamento”. Desenvolver um bom nível de relacionamento com todas as pessoas é responsabilidade de cada um de nós.
Mas como fazer isso? O que é necessário para desenvolvermos um bom nível de relacionamento interpessoal? É difícil nos comunicarmos bem com pessoas que não compreendemos. Frequentemente, interpretamos, de forma incorreta, ações ou palavras de alguém, e, muitas vezes, nos sentimos frustrados ao nos relacionar com aquelas, cujas personalidades são opostas à nossa. Uma vez que compreendemos o estilo de personalidade do outro, encontramos a chave para uma comunicação melhor. Quando compreendemos por que alguém fez ou disse algo, é menos provável que reajamos negativamente. Ter consciência das motivações subjacentes do outro pode permitir que resolvamos os conflitos antes mesmo que estes aconteçam.
Os estilos de personalidade são a linguagem do comportamento observável. Quando paramos para observar, durante alguns momentos ou algumas horas, como as pessoas se comportam em determinadas situações, podemos verificá-los [estilos de personalidade] em ação.
Existem várias definições de perfis comportamentais, de diversos estudiosos. Queremos apresentar aqui uma dessas linhas, com a finalidade de nos ajudar a compreender melhor o outro, de forma a desenvolvermos um bom relacionamento interpessoal. O que trazemos aqui compreende quatro dimensões: Dominância, Influência, Segurança e Controle. Destas quatro, cada indivíduo possui uma dominante, revelando as principais características do seu comportamento.
Uma pessoa com alto índice da dimensão “Dominância” é em geral: sempre atrasada, com pressa; impaciente e impulsiva. Tenta dominar ou tomar conta e é direto. Possui um aperto de mão forte e assertivo. Não se afasta de conflitos, podendo até mesmo gostar deles. Possui determinação para atingir resultados mesmo em situações antagônicas. Desafia a si mesma e aos outros. A chave para ela é o desafio. Com ela é preciso ser direto, franco e objetivo. É preciso deixá-la descobrir as coisas por si mesma. Com ela deve-se discutir fatos e não sentimentos.
Uma pessoa com alto índice da dimensão “Influência” é em geral: Entusiasmada e amigável; positiva e verbal. Gosta de contar histórias e anedotas. É frequentemente desatenta aos detalhes, por isso, pode parecer superficial e impulsiva. Possui um aperto de mão muito amigável. Sorri com os olhos, apresenta muito movimento corporal. Possui estilo aberto e relaxado. Possui capacidade de influenciar os demais a agirem positiva e favoravelmente, é uma pessoa que gera entusiasmo. Irradia otimismo. Com ela é necessário ser antes de qualquer coisa bom amigo e democrático. Com alguém assim é preciso falar sobre ideias e opiniões, criar relacionamentos, reconhecer suas ideias.
Uma pessoa com alto índice da dimensão “Segurança” é em geral: Metódica e organizada. Preocupada com a segurança. Tende a apresentar um ritmo lento e reações mais demoradas. Normalmente é uma boa ouvinte. Possui um aperto de mão amigável, firme, porém, não ostensivo. É geralmente muito cortês. Apresenta contato visual sincero, caloroso e amigável. É persistente. É preciso ter tempo para conhecê-la como pessoa; é preciso usar um ritmo pausado; fazer perguntas, ouvi-la e mostrar-se interessado nela.
Uma pessoa com alto índice da dimensão “Controle” é em geral: Preparada para sua visita, sem pressa, organizada e pontual. É sistemática e disciplinada em termos de tempo. Tende a não compartilhar seus sentimentos, muito polida e diplomática. Tende a evitar o contato visual, por isso, pode parecer “fria” e pouco expressiva. Tem um questionamento preciso, lógico e detalhado. Concentra-se sempre nos detalhes. Com ela é preciso ser sistemático e organizado.
Se você deseja compreender mais detalhadamente como funcionam esses perfis, você pode ler o livro: “Líder do Futuro – A transformação em Líder Coach”, de Arthur Diniz.
O importante é que você, em primeiro lugar, identifique o seu perfil dominante, para depois disso, observar qual o perfil das pessoas com as quais você se relaciona. Esperamos ajudá-lo a compreender melhor o comportamento do outro facilitando o seu relacionamento interpessoal com todos.
Missionária da Comunidade Canção Nova, formada em Psicologia, com especialização em Logoterapia e MBA em Gestão de Recursos Humanos.