sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Uma mensagem especial pra você!

Em agosto na Igreja celebramos o mês vocacional, momento forte de reflexão e oração a respeito do chamado que Deus nos faz. Que esta reflexão ajude-os na meditação sobre o forte e suave convite do Senhor: “Vem e segue-me”! Não tenham medo de responder ao chamado do Senhor. Digam sim a Cristo! Digam sim a Igreja! Digam sim ao ser humano! Diga sim a vida.

Lembrem-se que chamado de Deus é a essência da vocação, um chamamento contínuo e definitivo do Criador para seus filhos e filhas. Não apenas uma missão, mas um dom gratuito, que é obrigação prazerosa e necessidade vital para os homens e mulheres. Aqueles que a descobrem, exprimem estes sentimentos e dão testemunho em suas caminhadas de missionários da boa notícia, revelando-a das diversas maneiras que a vocação permite.
Derivada da palavra de origem latina, Vocare, que significa "chamado", vocação é a aptidão natural e a expressão concreta, revelada nos trabalhos, no modo de vida e ações, que está contida em toda pessoa. A Igreja tem uma atenção especial com as vocações, reconhecendo seu valor na vida das pessoas e atuando em prol do crescimento dos “trabalhadores da messe”.
É preciso estar atento ao chamado, hoje são muitas as vozes que confundem e abafam o verdadeiro sentido do chamado de Deus, é preciso saber o momento certo em que Ele chama, e acima de tudo aderir a este chamado.
Muitos são chamados, mas poucos são os escolhidos! A messe é grande e os trabalhadores são poucos (fc. Mt 22,14). As citações bíblicas correspondem a realidade da Igreja, que necessita cada dia mais da disposição dos cristãos para o desenvolvimento dos trabalhos que a “missão”, citada por Jesus, exige. “ todos são chamados, mas nem todos têm condições de aceitar a proposta ao chamado que o Mestre faz. A exigência é grande, a disponibilidade também, porque o chamado exige um compromisso, radicalidade evangélica, regra de vida, uma vida despojada para o Senhor, inteiramente disponível para Ele. É viver inteiramente disponível para o serviço à Igreja, aos marginalizados, aos pobres, feliz sempre. Responder a isso requer um discernimento maduro, sincero, coerente e responsável. E isso é para toda vida, o chamado é para todos, embora nem todos são sensíveis a ele.
Que o Deus da vida e da esperança abençoe a todos.

Pe. Noel Soares
http://vocacaopastoral.blogspot.com/2009/08/uma-mensagem-especial-pra-voce.html

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

O leigo na Igreja

No 4° final de semana de agosto, a Igreja Católica celebra a vocação dos fiéis leigos. Incorporados a Cristo pelo batismo, eles participam das funções de Cristo Sacerdote, Profeta e Pastor. Conforme afirmação do "Documento de Puebla", são "homens da Igreja no coração do mundo, e homens do mundo no coração da Igreja" (DP, 786).

Paulo VI lembrava que "o espaço próprio de sua atividade evangelizadora é o vasto e complexo mundo da política, da realidade social e da economia, como também da cultura, das ciências e das artes, da vida internacional, dos Meios de Comunicação Social, e outras realidades abertas à evangelização, como o amor, a família, a educação das crianças e adolescentes, o trabalho profissional e o sofrimento" (EN, 70).

Além desse espaço próprio, a Conferência de Aparecida afirma que "os leigos também são chamados a participar na ação pastoral da Igreja, primeiro com o testemunho de vida e, em segundo lugar, com ações no campo da evangelização, da vida litúrgica e outras formas de apostolado, segundo as necessidades locais sob a guia de seus pastores". Ainda: "aos catequistas, ministros da Palavra e animadores de comunidades que cumprem magnífica tarefa dentro da Igreja, os reconhecemos e animamos a continuarem o compromisso que adquiriram no batismo e na confirmação" (DA, 211).

O Catecismo da Igreja Católica declara que "todos os fiéis são encarregados por Deus do apostolado em virtude do Batismo e da Confirmação". Por isso, "os leigos têm a obrigação e o direito de trabalhar para que a mensagem divina da salvação seja conhecida e recebida por todos os homens e por toda a terra" (CIC, 900).

A Igreja reconhece o grande trabalho desenvolvido pelos fiéis leigos e leigas na obra evangelizadora. Como bispo, estou ciente de que a Igreja ganha beleza e eficiência na medida em que conta com a efetiva participação de leigos em sua obra evangelizadora. Quando bispos, padres, religiosos e leigos atuarmos em igualdade de condições e com igual senso de responsabilidade, o rosto da Igreja Diocesana será muito mais atraente e a mensagem de Jesus Cristo será melhor anunciada e assimilada.

Parabéns pelo dia do leigo e da leiga e obrigado pelo testemunho fiel ao Evangelho e que Deus abençoe sua missão, sua vida e seu trabalho!

Dom Canísio Klaus
Bispo da Diocese de Santa Cruz do Sul - RS

A vocação do diaconato permanente

O diácono permanente é uma vocação da Igreja para o serviço da comunhão, para o serviço dos irmãos. Neste texto gostaria de falar sobre essa vocação, porque é uma novidade na própria Igreja, e em muitas dioceses ainda não está implantada.

No site da Comissão Nacional dos Diáconos Permanentes: www.cnd.org.br , o padre Walter Goedert apresenta uma definição e comentários muito interessantes sobre a vocação, destaco o que ele escreve:

"Dado que o diácono permanente é simultaneamente pai e esposo, exerce uma profissão civil e se consagra à comunidade eclesial pelo sacramento da Ordem, sua vocação abrange vários aspectos. Na verdade, são três grandes dimensões: familiar, profissional e eclesial. Embora com desafios próprios, estas não deixam de contribuir positivamente para a realização da vocação diaconal.

Administrar esses desafios e colocá-los a serviço da missão constitui tarefa diária. É preciso maturidade para atribuir a cada função o peso certo no momento exato. A harmonização dos possíveis conflitos exige uma escala de valores ditada pela vivência dos sacramentos do Matrimônio e da Ordem, e pela responsabilidade profissional. Não se trata de privilegiar uma das dimensões em detrimento das outras; é preciso, mesmo dando prioridade momentânea a uma delas, buscar o equilíbrio. Sem essa harmonia não existe plena realização vocacional.

Uma vez que a vocação inclui aspectos sobrenaturais (é Deus quem chama e espera resposta), é necessário aplicar à vocação diaconal as características bíblicas do chamado. Vocação é antes de tudo, dom de Deus: "Antes mesmo de te formar no ventre materno, eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei. Eu te constituí profeta para as nações" (Jr 1,4-5). É também dom para a Igreja. Um bem para o vocacionado e para sua missão. Como dom, deve ser acolhido dentro das circunstâncias de tempo e de ambiente. Na avaliação da autenticidade de uma vocação devem ser levadas em consideração as aptidões objetivas do candidato, a livre determinação da vontade e a confirmação do chamado pela Igreja. Esse processo deve ser feito em estreita união com a família do candidato [ao diaconato], com a comunidade eclesial e com os responsáveis diretos pela formação diaconal.

A Sagrada Escritura revela, ainda, que o chamado acontece em vista de uma missão especifica. É convite pessoal que espera adesão consciente de fé e de vida, incluindo uma consagração particular a Deus em forma de serviço ao povo. Toda vocação constitui um serviço; o chamado ao diaconato o é de forma especial por ser o diácono sinal sacramental de Cristo-Servo.

O serviço, comum a todos os cristãos, o diácono o assume como função própria, da qual dá testemunho personalizado. Abraça a diaconia com toda a intensidade de sua vida, como algo que lhe diz particularmente respeito. João Paulo II afirma: "O diaconato empenha ao seguimento de Jesus, nesta atitude de serviço humilde que não só se exprime nas obras de caridade, mas investe e forja o modo de pensar e de agir" (L'Osservatore Romano, ed. portuguesa, n. 43 (24/10/93), p 12). Por isso, Puebla afirmou que a missão e a função do diácono não devem ser avaliados com critérios meramente pragmáticos, por estas ou aquelas funções [...]. O carisma do diácono é ser sinal sacramental de Cristo-Servo (P 697-698).

Embora a vocação surja de um chamado de Deus, Ele o faz, normalmente, por meio de caminhos ligados à realidade em que vivemos. O chamado é acolhido por homens concretos, cada qual com sua história, limitações e qualidades. Por conseguinte, o discernimento vocacional deve levar em consideração não só critérios objetivos, mas também requisitos pessoais, espirituais, familiares e comunitários ('Diretrizes para o diaconato permanente', 135-139). Devem ser considerados desde as tendências instintivas e os desejos íntimos até o modo de ser de cada um, seu ambiente, sua história."

A vocação, portanto, passa pelo discernimento da Igreja, que, como mãe, acolhe aqueles homens dispostos a dedicar a vida ao serviço da Igreja, ao povo de Deus.

Sou diácono permanente desde o dia 5 de julho de 2008, portanto, há dois anos tenho a graça de servir a Igreja na minha pobreza, com a certeza de que o Deus, que me chamou pessoalmente a este serviço, me ajuda a cada dia com o auxílio de Sua Graça, o apoio de muitos amigos e de minha comunidade e a compreensão de minha esposa e de minhas duas filhas.

Se você sente este impulso de "ser menos" para servir melhor a Igreja, o caminho é buscar o seu pároco e falar sobre isso, e se ele indicá-lo para essa função você deverá fazer a sua preparação na Escola Diaconal de sua diocese, caso ela tenha esta escola, pois em muitas dioceses ela ainda não foi implantada. E, assim, colocar a vida nas mãos de Deus, buscando a fidelidade nas orações, se dispondo a estar próximo ao altar como ministro extraordinário da sagrada comunhão, pregando a Palavra de Deus e sendo atuante na sua comunidade.

Deus abençoe a sua vocação.

Diácono Paulo Lourenço

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Vocação – Caminho de todos

Vocação sempre indica um chamado. E quem chama sempre deseja alguma coisa da pessoa a quem chama.

Deus não age de forma diferente. Só que Deus, ao chamar, antes de pedir, ele dá. Deus, chamando o homem, lhe dá a vida, a existência, e com a vida, dá-lhe também a liberdade.

Deus não quer assim agir sozinho. Por isso, quando Deus chama, ele espera uma resposta; pois está confiando ao indivíduo uma missão. O chamado de Deus é sempre um desafio:

- Ao sermos chamados à vida, é nos confiada uma determinada missão (vocação). A de sermos felizes com os outros e que assim todos possamos viver bem.

- Ao sermos chamados à fé, pelo batismo, nós nos comprometemos a seguir os ensinamentos de Jesus Cristo e a colaborar com os homens na busca da verdade, do bem, vivendo como irmãos. É a vocação cristã.

- Ao sermos chamados a um determinado estado de vida (sacerdotal, religiosa, matrimonial) assumimos um compromisso específico com a comunidade eclesial, de realizar sua missão de ajudar os demais homens a encontrarem a felicidade. A que Deus deseja para todos.

Para que isso aconteça, é indispensável que cada um faça desabrochar a vocação que está em seu interior (Mt 25,14-30 - Parábola dos talentos) e a faça desenvolver, fortificando-a com a palavra de Deus e com a oração.

As capacidades e dons que temos devem estar voltados para as necessidades dos outros. Quanto mais o homem está voltado para o outro, mais realizado e feliz será. O verdadeiro amor é o que busca a felicidade do outro e não a própria.

Podemos dizer, Vocação é a oferta divina que exige uma resposta e um compromisso com Deus. Nesta definição percebemos três aspectos:

- oferta (chamado) de Deus.

- resposta do homem.

- compromisso com Deus e com o irmão.

A resposta do homem deve ser constantemente reassumida. É no dia-a-dia que vai-se fazendo caminho e assumindo os riscos do SIM dado.

Vocação é descoberta do próprio ser pessoal. Todo homem é chamado a aperfeiçoar a bondade que existe, em germe, em seu interior, a descobrir a sua vocação, a construir um mundo fraterno onde haja sol e vida para todos.

Vocação é um convite pessoal, que Deus dirige a cada um. Cada ser humano tem algo de pessoal, e uma maneira pessoal de realizá-lo. Ao descobrir sua vocação, o homem está descobrindo-se a si mesmo. Daí a necessidade de permanecer atento a tudo, para perceber a própria vocação.

Seguir uma vocação é buscar incansavelmente uma resposta aos próprios anseios.

Todo homem é chamado a decidir-se, a assumir os valores descobertos em si e não poupar esforços para alcançar os objetivos propostos.

Fonte: católica

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Vida Religiosa

É comum associar a expressão “vida religiosa” a uma vida reclusa, como a das freiras enclausuradas. Mas, na verdade, toda pessoa que crê no Pai do céu, no Seu projeto, no destino que Ele traçou para as criaturas, obviamente deve ter uma vida religiosa. Não se pode conhecer uma verdade, acreditar nela e não se pronunciar a respeito. Há de haver uma reação. Portanto, acreditamos que vida religiosa é aquela que todos nós devemos viver.

Conhecendo o mistério da magnífica criação do mundo, conhecendo as nossas falhas, conhecendo a misericórdia divina, através da Bíblia e, principalmente, através dos relatos da Paixão de Jesus Cristo, que veio ao mundo para nos remir de nossas faltas e para nos ensinar a construir a felicidade, temos de tomar uma atitude com relação a tudo isso e essa atitude é a nossa vida religiosa. Religião é palavra oriunda do latim (re+ligare) e significa “religação, nova ligação”, ligação do que foi quebrado e restaurado.

Para o cristão, a Ressurreição é a etapa conclusiva da salvação. No Evangelho, encontramos o fato, a dinâmica e todo o objetivo da vida que, em Maria, se realiza de maneira plena e livre. Nosso destino é um novo céu, não um céu "lá em cima", porque céu não é um lugar, mas um estado.

Maria Santíssima é o modelo do perfeito discípulo. A sua vida foi toda uma vida religiosa, não fora do mundo, mas atuante no mundo, para Deus e pelos irmãos. Na atitude da Virgem Maria, ser humano realizado, toda pessoa encontra inspiração de vida, fé e amor: o projeto se torna realidade; o mal é vencido; o amor triunfa.

Vida religiosa é isto: é o indivíduo ver, em cada momento e em cada circunstância de sua vida, a presença amorosa de Deus e responder a esse amor, não importa o que der e vier, como “a serva do Senhor”: faça-se em mim segundo a Vossa vontade. E dentre aqueles que vivem uma vida religiosa nós rezamos especialmente por todos os que têm uma vida consagrada, contemplativa ou não, os religiosos que, seguindo aos conselhos evangélicos da pobreza, obediência e castidade, se colocam mais proximamente na radicalidade do serviço e do anúncio do Evangelho ao mundo.

Que os religiosos, os frades, as freiras, os monjes e as monjas possam crescer cada vez mais no testemunho e na ação pastoral da Igreja de Cristo.

Padre Wagner Augusto Portugal
Vigário Judicial de Campanha (MG)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Nhá Chica, Leiga Cristã

No Mês das Vocações, lembramo-nos de Nhá Chica, mulher leiga que levou sua vida de forma fiel a Deus, dedicando-se às coisas do Senhor. Viveu uma vida santa, espelhandose nas virtudes cristãs, entre estas, fé, esperança e caridade. Em sua simples casa, recebia aqueles que iam em busca de conforto, de ajuda, da Palavra. Transformou seu lar em um templo de dedicação a Nossa Senhora da Conceição e a Deus. Exerceu o amor ao próximo, numa ampla demonstração de caridade, e depositou todas as suas esperanças em que um dia estaria ao lado do Senhor.
Uma vida santa, exemplar, que pode moldar, nos dias de hoje, o jeito de viver de todo ser humano. Segundo o Papa Bento XVI, a santidade é uma tarefa que não é exclusiva apenas dos cristãos, mas de todos. Com efeito, afirmou: “o cristão já é santo, porque o Batismo o une a Jesus e a seu Mistério Pascal, mas, ao mesmo tempo, deve chegar a sê-lo identificando-se com Ele mais intimamente.
Às vezes, costuma-se pensar que a santidade é uma condição de privilégio reservado a uns poucos escolhidos. Na realidade, ser santo é tarefa de todo cristão, de todo homem. Segundo a Epístola de São Paulo aos Efésios: “Deus sempre nos abençoou e nos escolheu em Cristo para sermos santos e irrepreensíveis em sua presença, no amor”.
Todos os seres humanos são, portanto, chamados à santidade. Em última instância, a santidade consiste em viver como filhos de Deus, na “semelhança” com Ele, segundo a qual foram criados. Todos os seres humanos são filhos de Deus e todos devem chegar a ser aquilo que são, mediante o exigente caminho da liberdade.” Conhecer as virtudes vividas pelos santos, exercidas também sem temor e com muita dedicação por Nhá Chica, é saber colocar em prática a fé, a esperança e a caridade, o Amor incondicional.
Por isso, rezemos com fé, pedindo a ajuda dos santos e sua intercessão junto ao Pai para podermos levar uma vida também santa, justa, voltada a valorizar a existência humana, no amor de Deus. “Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações e intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens” (I Tim 2,1).
Fonte: Informativo Nha Chica Agosto/2010 - Coluna opinião

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A confissão e seus efeitos

Este sacramento nos reconcilia com a Igreja

Toda a força da penitência reside no fato de ela nos reconstituir na graça de Deus e de nos unir a Ele com a máxima amizade. Portanto, a finalidade e o efeito deste sacramento são a reconciliação com o Senhor. Os que recebem o sacramento da penitência, com coração contrito e disposição religiosa, “podem usufruir da paz e tranquilidade da consciência, que vem acompanhada de uma intensa consolação espiritual. Com efeito, o sacramento da reconciliação com Deus traz consigo uma verdadeira “ressurreição espiritual, uma reconstituição da dignidade e dos bens da vida dos filhos de Deus, entre os quais o mais precioso é a amizade de Deus.

A fórmula da absolvição em uso na Igreja latina exprime os elementos essenciais deste sacramento: o Pai das misericórdias é a fonte de todo perdão. Ele opera a reconciliação dos pecadores pela páscoa de seu filho e pelo Dom do Espirito, através da oração e ministério da Igreja.

“Deus, Pai de misericórdia, que, pela Morte e Ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e enviou o Espírito Santo para a remissão dos pecados, te conceda, pelo Ministério da Igreja, o perdão e a paz. E eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espirito Santo” (Ritual Romano, Rito da Penitência).

Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do purgatório a remissão das penas temporais, consequências dos pecados. Este sacramento nos reconcilia com a Igreja. O pecado rompe ou quebra a comunhão fraterna. O sacramento da penitência a repara ou restaura. Neste sentido, ele não cura apenas aquele que é restabelecido na comunhão eclesial, mas também há um efeito vivificante sobre a vida da Igreja, que sofreu com o pecado de um de seus membros.

Não devemos esquecer que a reconciliação com Deus tem como consequencia, por assim dizer, outras reconciliações capazes de remediar outras rupturas ocasionadas pelo pecado: o penitente perdoado reconcilia-se consigo mesmo no íntimo mais profundo de seu ser, quando recupera a própria verdade interior; reconcilia-se com os irmãos que, de alguma maneira, ofendeu e feriu; reconcilia-se com a Igreja; e reconcilia-se com toda a criação.

Neste sacramento, o pecador, entregando-se ao julgamento misericordioso do Todo-poderoso, antecipa, de certa maneira, o julgamento a que será sujeito no fim da vida terrestre. Pois é agora, nesta vida, que nos é oferecida a escolha entre a vida e a morte, e só pelo caminho da conversão poderemos entrar no Reino do qual somos excluídos pelo pecado grave. Convertendo-se a Cristo pela penitêcia e pela fé, o pecador passa da morte para a vida “sem ser julgado” (cf. Jo 5,24).

(Trecho extraído do livro "Os sete sacramentos" # 60,61,62)

Felipe Aquino

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O idoso na Igreja e na Sociedade

O mundo atual tem provocado uma grande inversão de valores. Antigamente, os mais velhos eram mais respeitados porque se acreditava que a sua experiência conferia sabedoria aos demais. Os conselhos, as advertências deles eram de grande valia na solução dos obstáculos que os jovens deveriam enfrentar. Havia mesmo um consenso popular de que se deveriam respeitar os cabelos brancos dos idosos.

Sabemos que idade não confere a ninguém santidade, mas sabemos também que os idosos já sofreram mais decepções, já lutaram, já realizaram alguma coisa que os mais novos estão começando a querer realizar. Além disso, os sofrimentos por que passa uma pessoa que já viveu mais burilam o seu Ser, tornando-a mais capaz de compreender a vida como um todo.

O episódio da pecadora que estava sendo apedrejada nos remete a uma reflexão oriunda de um pequeno detalhe. Quando Jesus adverte de que quem não tiver culpa atire a primeira pedra, o texto fala que todos foram saindo, a começar pelos mais velhos.

Bem, podemos pensar que os mais velhos, por terem vivido mais, erraram mais. Porém, podemos pensar também que os mais velhos, justamente por terem vivido mais, têm maior consciência de suas faltas, por experiência e por terem desenvolvido, através dos anos, maior consciência do que é certo ou errado.

Grande parte ou a maioria das pessoas tem preconceito contra o idoso. Acham que ele é “gagá”, que não fala coisa com coisa, que está desatualizado. Mas se esquecem de que esse velho “gagá” foi quem construiu alguma coisa para que ele, jovem, hoje, tenha condições de vida melhor. Esquece-se também de que os jovens de hoje serão os velhos de amanhã e com menos jovens para cuidar deles.

Na Igreja também sentimos, às vezes, esse preconceito, infelizmente. Alguns preferem ouvir a homilia de um padre jovem e despreza as palavras de um padre idoso. Também alguns leigos idosos são rechaçados no seu trabalho pastoral, pela preferência pelo leigo jovem. É a sociedade influindo negativamente na Igreja.

Precisamos de sangue novo, é certo. Renovar é sempre positivo. Mas precisamos nos lembrar de que o espírito jovem não é privilégio dos moços. Há idosos que têm o coração cheio de amor, de esperança, de otimismo e que podem dar o seu quinhão por uma Igreja cada vez mais anunciadora do Evangelho. E há jovens que questionam tudo, sem encontrar soluções e que não têm nada a acrescentar ao enriquecimento da sociedade. É bom lembrar que existem jovens na idade e velhos na mentalidade; velhos na idade e jovens na mentalidade.

Na verdade, podemos debitar isso a jovens e velhos que, em busca de valores temporais, estão deixando de lado os valores eternos. A sociedade precisa ser revista, analisada novamente e refeita.

O amor não tem idade. Pode florescer e crescer no coração de crianças, de jovens, de adultos, de idosos. Afinal, somos todos Igreja e o respeito ao idoso deve ser uma demonstração de maturidade e de respeito em favor de um reconhecimento da colaboração que os idosos oferecem e podem oferecer à Igreja e ao mundo.

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Despertar, acolher, orientar vocações

Como podemos ajudar adolescentes e jovens a despertar?

Estamos no mês de Agosto. É tradição chamá-lo de mês vocacional. Convém refletir sobre o chamado que Deus nos fez. E como podemos ajudar adolescentes e jovens a despertar e acolher a vocação.

A vocação é dom que o Senhor faz à Sua Igreja. Se tantos lamentam a escassez de vocações não é porque Deus abandonou o Seu povo. Tampouco porque faltam pessoas imbuídas de nobres ideais. Talvez seja porque nós mesmos não vivemos o que idealizávamos nem praticamos o que prometemos. Falta-nos encantamento e entusiasmo.

A Diocese conta com uma boa equipe no Serviço de Animação Vocacional. A essas pessoas disponíveis e serviçais temos muito a agradecer. Porém, despertar, acolher e orientar vocacionáveis é tarefa de cada um de nós. Pois todos somos responsáveis pelo bem geral de nossa Igreja Particular. Não podemos nos fechar em nossa paróquia, como se fosse um gueto!

Muitos adolescentes e jovens podem nos procurar por motivos interesseiros, materialistas: O padre leva vida boa, ganha bem, tem carro e casa. Pode acontecer que seja esse o exemplo que alguns de nós damos. Mas não deveria ser esse o nosso estilo. Temos que atraí-los pelo testemunho de entrega a Deus, pela dedicação ao ministério sacerdotal, pela acolhida fraterna às pessoas, especialmente aos pobres e fracos. Numa palavra, carecemos de constante conversão...

É preciso despertar para as outras vocações: para a vida familiar, religiosa, missionária e laical-ministerial. Porém, como afirmava o Papa Bento XVI – ao longo do Ano Sacerdotal – o sacerdote é imprescindível na Igreja. O seu múnus dificilmente pode ser exercido por outras pessoas. Portanto, cada presbítero seja acolhedor e receptivo para com aqueles a cujo coração Deus confia o dom da vocação.

Somos todos também corresponsáveis pelo acompanhamento dos formandos, sobretudo, aqueles que acolhem seminaristas nos finais de semana ou nas férias. Os que perseverarem serão nossos irmãos de caminhada. É preciso tratá-los bem, desde o início. Contudo, o mais importante é a oração de súplica ao Pai para que envie operários para a Sua messe. A uma comunidade orante Deus jamais deixará sem bons servidores.

A todos irmãos presbíteros, votos de paz e plena realização pelo "Dia do Padre"!

Dom Frei Diamantino Prata de Carvalho, OFM
Bispo da Diocese da Campanha(MG)