quinta-feira, 29 de abril de 2010

As duas dimensões da família

São Paulo diz que os maridos devem amar as suas esposas. Você está disposto a amar a sua esposa a ponto de se entregar por ela?

É dogma de fé que a Igreja é santa, nunca podemos dizer que a instituição criada por Cristo tem pecado, pois os pecados são dos filhos dela [Igreja], os pecados são nossos. E por que a Igreja é santa? Porque Cristo entregou-se por ela na cruz, para que ela fosse sem mácula.

Pela mentira o demônio quer destruir os casamentos, quando se mente para o marido ou para a esposa, você está dando ocasião para o maligno.

A porta por onde o demônio entra tem nome, se chama pecado, por isso o casal não pode pecar.

Quando o casal está unido no amor de Deus, ninguém o separa. O amor é que une o casal, São Paulo diz que o amor é paciente, é bondoso, não busca os próprios interesses, não acaba nunca, só o amor faz com que perdoemos uns aos outros até mesmo quando um errou com o outro.

É preciso que nos alimentemos do amor de Deus. E isso vai acontecer onde? Na Igreja, na Eucaristia, na oração, pois o casal que reza junto não se separa diante das dificuldades, pois tem forças para superar todos os problemas.

A família tem duas dimensões: a primeira dimensão é o “casal” e a segunda, são os “filhos”. A família é sagrada, ela não foi instituída por homem, por um papa, mas por Deus. Deus Pai quis dar uma ajuda adequada ao homem, por isso, deu-lhe a mulher como vemos no livro do Gênesis. A mulher foi a última criação do Senhor, foi o ápice da criação.

O Todo-poderoso quis que, na raiz da família, houvesse uma aliança e por essa razão os casais hoje trazem uma aliança em suas mãos. O Papa João Paulo II pedia: “casais cristãos sejam para o mundo um sinal do amor de Deus”, de forma que – quando os demais os [casais] virem superando os problemas existentes no mundo – possam ver o amor de Deus.

O Criador deseja que, através do sacramento do matrimônio, homem e mulher sejam uma só carne, que sejam um só coração, uma só alma, um só espírito. Infelizmente, existem pessoas que estão casadas há anos, porém, ainda não parecem estar casadas.

Falo também aos jovens: se você brincar com seu namoro, você já está destruindo seu casamento, pois ele [namoro] é o alicerce para um casamento, é a preparação, a parte mais demorada, mais difícil. O Papa lá em Sidney, na Austrália, pede ao jovens que aceitem o desafio de viver na castidade, pois um casal só pode se unir e ter uma relação sexual após o casamento, que é o tempo propício para isso.

Jovens cristãos, está na hora de dar uma lição ao mundo. Na África, onde a AIDS mais acontece, em Uganda eles conseguiram baixar [a AIDS] de 26% para 5% a contaminação da população do país, pois o presidente católico fez uma campanha para que vivessem o sexo somente no casamento, tantos os jovens como os casais já casados.

Hoje estão colocando máquinas de camisinha nas escolas para que os jovens as usem; porém, eu digo: ensine seu filho a não fazer isso, pois eles devem aprender que seus corpos são um templo santo e não podem viver como o mundo ensina.

O remédio não é empurrar os jovens para o sexo fácil, mas sim, viver a castidade!

Felipe Aquino

terça-feira, 27 de abril de 2010

Prudência, nosso melhor bem

“E se alguém ama a justiça, seus trabalhos são virtudes; ela ensina a temperança e a prudência, a justiça e a força: não há ninguém que seja mais útil aos homens na vida. Se alguém deseja uma vasta ciência, ela sabe o passado e conjectura o futuro; conhece as sutilezas oratórias e revolve os enigmas; prevê os sinais e os prodígios, e o que tem que acontecer no decurso das idades e dos tempos. Portanto, resolvi tomá-la por companheira de minha vida, cuidando que ela será para mim uma boa conselheira, e minha consolação nos cuidados e na tristeza” (Sabedoria 8, 7-9).

O mundo de hoje vive uma grande crise de virtudes. Cresce de modo assustador o grande problema dos vícios, seja ele de qual natureza for: vícios de drogas, entorpecentes, cigarro, álcool, entre outros. Esse tipo de conduta chegou a atingir um ponto tão alarmante que, muitas vezes, temos vergonha de fazer a coisa certa. Não é permitido mais fazer o certo, pois se você está certo, você está errado no conceito do mundo. Além dos vícios físicos, ainda há os vícios da alma. Pensa-se: “Perdoar? Imagine! Eu não preciso de ninguém!”

As pessoas acreditam que a virtude deve se dobrar diante do vício; mas é exatamente o contrário que precisa acontecer: é o vício que deve se dobrar diante da virtude. Por isso, há uma necessidade muito grande da presença das virtudes em nossas vidas.

Hoje, vamos nos aprofundar na que é considerada a mãe das virtudes: a prudência. Não existe nenhuma outra coisa se esta não existe. Pensa-se que prudência é ser cauteloso, mas não é isso que as Sagradas Escrituras nos ensinam. Prudência não é sinônimo de cautela. Prudência é ver e perceber aquilo que realmente é importante; é perceber as coisas a partir da luz de Deus e dar a resposta certa no momento certo. Prudência não é medo; é discernimento. Ela não só nos manda ficar, mas também nos manda ir.

A sabedoria é fruto da prudência, as duas são a mesma coisa. Compreendemos o que é preciso fazer e vamos lá e fazemos. Mas para tomar essa atitude precisamos enxergar. A prudência sabe contornar as situações. Vejamos o exemplo da “Parábola das Dez Virgens Prudentes”, que se encontra em Mateus 25, 1-13:

“Então o Reino dos céus será semelhante a dez virgens, que saíram com suas lâmpadas ao encontro do esposo. Cinco dentre elas eram tolas e cinco, prudentes. Tomando suas lâmpadas, as tolas não levaram óleo consigo. As prudentes, todavia, levaram de reserva vasos de óleo junto com as lâmpadas.

Tardando o esposo, cochilaram todas e adormeceram. No meio da noite, porém, ouviu-se um clamor: Eis o esposo, ide-lhe ao encontro. E as virgens levantaram-se todas e prepararam suas lâmpadas. As tolas disseram às prudentes: Dai-nos de vosso óleo, porque nossas lâmpadas se estão apagando. As prudentes responderam: Não temos o suficiente para nós e para vós; é preferível irdes aos vendedores, a fim de o comprardes para vós. Ora, enquanto foram comprar, veio o esposo. As que estavam preparadas entraram com ele para a sala das bodas e foi fechada a porta. Mais tarde, chegaram também as outras e diziam: Senhor, senhor, abre-nos! Mas ele respondeu: Em verdade vos digo: não vos conheço! Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora”.

Essa passagem bíblica nos mostra bem o que é a prudência. Às vezes, mesmo que tenhamos vontade de ser solidários, não podemos dar algo que vá nos faltar. Muitas vezes, damos de graça aquilo que nos era necessário. Prudência é fruto de Deus, é virtude que vem do Alto.

É fácil saber o que tem de ser feito, a que horas fazer e como fazer? Claro que não. Para cada momento existe uma decisão diferente. Não é sempre a mesma resposta. Se você dá sempre uma mesma resposta para todos os seus problemas, está na hora de ser mais prudente.

Escolher entre o que é bom e ruim no nosso mundo é fácil. Se eu lhe oferecer um pudim cheio de terra e um limpo, qual você vai escolher? É claro que o pudim limpo. Ninguém quer aquilo que não é bom. Por que as pessoas escolhem coisas ruins, então? A escolha entre o bem e o mal é questão apenas de inteligência, nos lembra santo Inácio de Loyola.

Por isso, escolher entre o bem e o mal é questão apenas de sobrevivência. Mas a vida não está baseada simplesmente na escolha do bem. É preciso saber que nem todo bem nos faz bem, nem todo bem faz bem a todos. Isso é o discernimento, é preciso saber escolher entre o bem e o bem devido. Se olhamos, por exemplo, o açúcar, ele é um bem, é bom, mas não faz bem a quem é diabético, nem a quem se recupera de cirurgias. Ou seja, nem todo o bem nos faz bem o tempo todo.

Escolher entre o bem e o bem devido é questão de prudência. Para ser feliz é preciso saber romper com o apego às coisas que são incompatíveis com nossa vida. Essa é a vontade de Deus! Precisamos amadurecer para as escolhas mais difíceis como essa, escolher entre tudo que é bom e encontrar a vontade do Senhor, o bem que nos é devido. Acertar nessa escolha é questão de realização.

A prudência é a mãe de todas as virtudes e é nela que nos encontramos com o Senhor. Ser de Deus não é fácil, mas é possível. Peça a Jesus Cristo prudência para as suas decisões. Amém.

Padre Xavier

sábado, 24 de abril de 2010

A sexualidade e o celibato

Ao falar da sexualidade humana, não podemos nos referir unicamente à genitalidade, já que a sexualidade impregna a totalidade da pessoa humana. É por esta razão que a sexualidade na pessoa celibatária acompanha sua vida e desenvolvimento espiritual. Por princípio, a pessoa celibatária é um ser sexuado, ou seja, é homem ou mulher, aspecto que abarca toda sua vida, seu nascimento, história, relacionamentos pessoais, experiências, etc.

Este aspecto implica corpo, mente, espírito e coração, dando lugar a uma forma feminina ou masculina de relacionar-se, de se comunicar, desenvolver uma intimidade consigo e com as outras pessoas, entre outros.

A pessoa que opta pelo celibato não pode deixar de lado o aspecto transcendente da sexualidade, criado e dado ao homem como dom maravilhoso, que é a força que nos leva a amar, a maneira de ser, atuar, de nos comunicar, de nos encontrar com nós mesmos, com Deus e com as outras pessoas.

A correlação existente entre a sexualidade e a espiritualidade é o AMOR, que cria e impulsiona a gerar e a dar. Assim, também podemos falar da sexualidade como essa energia, esse impulso interno e de vida que conduz a pessoa a experimentar a integração de seu ser, gerando uma sã afetividade que se reflete na felicidade, na totalidade, na entrega e no encontro íntimo com Deus e consigo.

Desta maneira é como podemos compreender que a pessoa celibatária não renuncia a sua sexualidade, nem muito menos a AMAR, pelo contrário, renuncia à relação de genitalidade ou de cópula, a toda relação de exclusividade, para assim utilizar toda sua energia afetiva e sexual no amor, na dedicação, na entrega e na doação, o que repercute direta e totalmente na vida espiritual.

Bibliografía

Cencini, A. (1996). “Por amor, com amor, no amor. Liberdade e maturidade afetiva no celibato consagrado”. Madri. Atenas.
Puerto, C. “Sexualidade Celibatária, um caminho de espiritualidade”. Madri.

Por: Nanci Escalante

segunda-feira, 19 de abril de 2010

O medo nos impede de amar

Os discípulos estavam sozinhos na barca e já era noite. Quando entramos num período de escuridão na nossa vida, não só fica tudo escuro, como também as coisas ficam revoltas à nossa volta e nos sentimos ameaçados.

Tenho certeza de que você já passou por várias situações como essa. Alguns devem dizer: "Eu estou passando por isso!" Não se desespere, pois Jesus está vindo ao seu encontro, Ele nunca nos abandona. O Senhor nos deixa caminhar até onde Ele sabe que somos capazes de aguentar. E uma Palavra que eu gosto de rezar na Liturgia das Horas é: "Quando eu penso: Estou quase caindo, Tua mão me sustenta, Senhor!" Muitas vezes, nessa hora descobrimos que Jesus nunca nos abandonou e que a mão d'Ele nos agarra e nos sustenta.

O medo é o contrário da fé, porque esse sentimento nos faz duvidar, nos paralisa, nos impede de amar e bloqueia tudo aquilo que de bom nós podemos oferecer. No momento em que Pedro perdeu a confiança n'Aquele que o tinha chamado, nessa hora, ele começa a afundar. A importância da fé em Jesus é tão grande que a nossa felicidade e a nossa realização completa dependem dessa fé em Jesus Cristo. Porque é ela [fé] que nos permite sobreviver às tormentas da vida.

Cristo fez inúmeros milagres, e São João diz que se nós fôssemos escrevê-los, nem todos os livros do mundo seriam suficientes para isso. Mas por que se contou justamente esse milagre? Porque além do fato de Jesus ter caminhado sobre as águas, há aqui um ensinamento importantíssimo: Esta Palavra nos diz que Nosso Senhor Jesus Cristo está acima de todos os males e que não há dificuldade ou problema que não possam ser superarados pelo poder do Senhor. Pois quem acredita n'Ele, com Ele caminha acima de todos os males.

Márcio Mendes
Comunidade Canção Nova

sexta-feira, 16 de abril de 2010

200 anos do Batismo da Serva de Deus Nhá Chica

Todas as Celebrações Eucarísticas serão transmitidas pela Rádio Nhá Chica.
Ouça a Rádio ao Vivo

Aprendendo a ser padre

Eu estava nos primeiros meses da minha vida como sacerdote, residia na minha terra natal, sede da diocese. Trazia o coração cheio de alegria pelo cumprimento das promessas de Deus, que me convidou para segui-Lo. Em minha mente, os conceitos aprendidos na Teologia estavam vívidos e bem definidos, eu era professor no seminário diocesano e embora não tivesse ainda assumido trabalhos paroquiais, sentia-me capaz de 'transformar' o mundo através do exercício do ministério.

Fui chamado a um hospital para visitar uma jovem mãe que havia dado à luz no dia anterior. Entusiasmado, preparei-me também para visitar outros que porventura precisassem. Depois de abençoar mãe e filho recém-nascido, comecei a visitar os enfermos naquele hospital. Uma jovem veio ao meu encontro, ofegante, pediu que eu fosse dizer umas palavras à sua mãe. “O médico nos disse que fez tudo o que era possível por ela”, afirmou a jovem. Tratava-se de uma idosa com câncer em estado terminal. Não imaginava que meu encontro com aquela enferma pudesse ser, para mim, uma das mais importantes lições que aprenderia depois das aulas de Teologia, encerradas havia pouco tempo.

- "Sua bênção, senhor padre!", assim me disse aquela senhora de olhos fundos, pele pálida e rosto maltratado pela enfermidade. Sempre fiquei impressionado com o câncer, este mal corrói a pessoa de dentro para fora e o seu tratamento clínico faz o mesmo, de fora para dentro. Imaginei que o Senhor me conduzira até ali para dar um grande apoio àquela senhora. Após a santa confissão e durante a santa unção percebi seus olhos lacrimejarem. Também fiquei comovido por contemplar as mãos de Jesus consolando uma pessoa prestes a partir deste mundo. Antes de sair e chamar novamente os parentes que estavam no quarto, eu lhe disse:

"Hoje o Senhor Jesus a visitou, agradeça-O e não fique triste!" E "Considero-me uma cancerosa muito feliz, senhor padre!", respondeu. Fiquei impressionado com a resposta e ao perceber meu espanto, acrescentou: "Nunca fui tão feliz como depois do câncer! Sofri 37 anos um casamento marcado por traições e alcoolismo, meu marido era um homem derrotado pelo vício e pelo pecado. Orei muito pedindo ao Senhor que o livrasse daquela vida. Depois que descobri essa doença em mim, percebi que meu marido ficou tão comovido que algo mudou dentro dele. Há alguns dias ele me pediu perdão por toda dor que me causou, mas já há muito tempo percebo em seus gestos que minha doença curou a dele. Meu casamento foi restaurado! Aquela jovem que foi chamá-lo, senhor padre, era uma menina perturbada por uma depressão terrível. Vivia fechada em seu quarto, não saía nem para se alimentar e chegou a tentar o suicídio várias vezes. Quantas vezes chorei com o rosário na mão, implorando um milagre por esta filha. O milagre aconteceu! Depois que comecei o tratamento do câncer, essa filha se recuperou repentinamente e passou a acompanhar-me de exame em exame, de hospital em hospital. Quando me sentia abatida, era ela que me fazia sorrir com histórias alegres e o testemunho do seu amor. O milagre da minha filha aconteceu através do meu câncer. Por fim, meu filho mais velho, casado há 15 anos, estava para se separar da esposa. Ele, em crise de fé, queria abandonar a Igreja Católica e sua esposa não concordava. Fiquei arrasada porque mesmo apesar de ter sofrido tanto com meu esposo, nunca aceitei a ideia de separação. Para não desrespeitar o espaço deles, fiquei calada e apenas orei. O que minhas palavras não disseram o câncer falou. Já faz três meses que eles estão bem, e ambos vêm me visitar todos os dias; juntos rezamos o terço e meu filho renovou sua fé e respeito pela Igreja. O câncer veio na hora certa, na hora de restaurar minha família! Posso morrer em paz, pela bênção que o senhor me trouxe através dos sacramentos, e pela alegria de ver minha família restaurada por Deus através dos meus sofrimentos".

A Igreja, por intermédio de meu bispo, me ordenou sacerdote. O seminário me formou por meio de duas faculdades e pelo acompanhamento dos formadores. Mas foi uma moribunda num leito de hospital que me ajudou a entender um pouco mais o que é ser padre. Estou prestes a celebrar 10 anos de sacerdócio. Tenho vivido muitas experiências difíceis e algumas delas muito duras. Quando me sobrevém algo muito difícil, lembro-me daquela senhora cancerosa, a quem o Senhor chamou para a eternidade… Então compreendo que ser padre é também saber sofrer os reveses da vida para que outros tenham vida. Ser outro Cristo é aceitar o Calvário para que outros experimentem a Páscoa. Das muitas lições que ainda tenho de aprender, essa primeira me serviu para dar sentido a todo sacrifício que abracei para ver tanta gente feliz. Gente que aprendi a amar, olhando o amor de uma cancerosa que imitou Jesus.

Padre Delton
http://blog.cancaonova.com/padredelton/

quinta-feira, 15 de abril de 2010

O imediatismo é o avesso da esperança

Se não houvesse a crença de que a espera vale a pena, o ser humano desfaleceria no sentimento de vazio interior.

Sem esperança a vida perde o significado. Acreditar no que ainda não se tem, não se vê, não se toca, é imprescindível, pois o coração sente a existência do que é invisível e recusa toda não-verdade a respeito dos dons e talentos que Deus concedeu, identifica a proximidade do algo bom que está por vir e a sensibilidade alerta que está presente o objeto da busca tão prolongada e de tantas preces.

Não desista, vá em frente, acredite no que Deus quer fazer em você! Uma pessoa inflamada pela esperança vence o mundo e chega aonde todos achavam que seria impossível.

Só uma coisa pode deter esse ser humano: O imediatismo. Querer tudo de forma imediatista é falta de amor a si próprio e uma violência com o próximo, pois não admite o estar em construção, interrompe processos de gestação e de reparos.

Mostramo-nos imediatistas no trânsito, ao aguardar o elevador, em filas, com o atendente que parece estar ocupado; desde pequenas coisas do dia até as maiores.

Neste mundo moderno, que nos educa a querer ter resultados simultâneos às nossas vontades, muitos acreditam somente no que é palpável, visível e provável. A fé perde terreno e o que passa a valer é o que o homem consegue entender. As alegrias verdadeiras perdem o valor e dão lugar às sensações do momento. Enquanto a esperança nos ensina que tudo o que vem de um processo é mais durável e perfeito e que toda gestação prepara quem gesta e quem nasce.

Esperança se faz de luta, garra e perseverança.

A esperança nos prepara para ver Deus. Não O vemos, não O tocamos, mas a presença d'Ele é sentida. Ele está aqui, está aí, vê as lágrimas e as dores, trabalha do nosso lado, somente espera estarmos prontos para nos agraciar com o que Ele tem de melhor. O Senhor tem esperança em você!

Qual a sua esperança? Qual o sentido da sua vida? Pelo que você luta hoje? Seja qual for a resposta, uma coisa é certa: é tempo de se despir de todo apelo à urgência e esperar no Senhor.

Deus o Abençoe!

Sandro Ap. Arquejada - Missionário da Canção Nova
sandroarq@geracaophn.com

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Quer ser feliz?

O ser humano constantemente busca a felicidade. Tudo o que as pessoas empreendem e visam tem como meta encontrar uma realização. Desde os gestos mais simples, como suprir as necessidades básicas, até os mais audaciosos projetos, são impulsionados pelo desejo de satisfação interior.

Essa procura pelo preenchimento da alma está inscrita no coração do homem. Deus nos fez para sermos felizes.

O Catecismo da Igreja Católica afirma: "Somente em Deus o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar" (CIC 27). É no Senhor que descobrimos a feliz vivência e a verdade acerca de todas as coisas, inclusive a nosso próprio respeito.

Em vários trechos da Sua Palavra, o Altíssimo nos dá princípios e ordens que nos orientam como proceder para sermos contagiados pelo bem-estar que vem d'Ele: "A alegria do Senhor será a vossa força" (Ne 8, 10); O Sermão da Montanha (Mt 5, 1-11); Honra teu pai e tua mãe para que sejas feliz e tenhas vida longa sobre a terra (Ef 6,2); e muitos outros.

Só desencaminha-se de tal desígnio divino aquele que procura ser feliz fora de Deus, que busca a sua própria verdade e realização (como se assim pudesse existir), motivado por uma noção inexata de como alcançar a felicidade. Em vez de construir uma Alegria incorruptível, procura gozo imediato sem projetar as consequências posteriores.

É essa a tentação que foi oferecida a Jesus no deserto (cf. Mt 4; Lc 4) e que também hoje o demônio usa para nos seduzir. Ele quer arrancar-nos a identidade através das ilusões do Ser, do Ter e do Poder, assim, cedemos aos impulsos que trarão satisfação apenas momentaneamente, colocamo-nos no lugar de deuses, perdemos a consciência da verdade a nosso respeito e consequentemente idolatramos aquilo que nos dá prazer.

Para vivermos a felicidade, desde já, é preciso renunciar a essas três tentações (ser, ter poder), trabalhando em nós virtudes que são inversas a elas, as quais nos restabelecem a verdade de sermos criaturas e de que somente em Deus obteremos a alegria.

São práticas contrárias às tentações:

O Louvor: palavras de agradecimento, de exaltação ao Senhor, que O colocam em primeiro plano na nossa vida, rendendo adoração Àquele que é e tudo pode em nós, por nós e em meio a nós. Louvar tira do ser humano a tentação do ser, pois só Deus é.

Mesmo em meio à tribulação louve, pois “todas as coisas concorrem para o bem daqueles que amam Deus” (Rm 8,28). Só um coração agradecido confia verdadeiramente nisso, pois louva a Deus diante de sua impotência e conta com o Deus Misericórdia, acreditando que mesmo do sofrimento algo de proveito virá.

Amaldiçoar nessa hora é não acreditar que o Senhor manifestará seu socorro.

Outro fator, é que aquele que não murmura, torna-se mais agradável no convívio com outras pessoas. Causam boa impressão onde passam. “A boca fala daquilo de que o coração está cheio” (Lc 6,45).

A Gratuidade: faça coisas sem esperar retribuição. Muitas das decepções que temos na vida vêm por esperarmos demais dos outros. Gratuidade liberta nosso coração de apegos e méritos, livra-nos da obrigação de recompensas, inclusive de nossas cobranças com nós mesmos. Quem não cobra do irmão, aprende a valorizar a pessoa em primeiro lugar a partir da experiência consigo.

Tenha iniciativa você, quando o outro não merece é sinal de que precisa ainda mais.

Agir com gratuidade é confiar na Divina Providência, já que proporciona o dom que se obteve de Deus em favor de quem está ao lado: “Recebestes de graça, de graça dai!” (Mt 10,8) e subtrai do coração a inclinação de ter.

O amor só é pleno quando é com gratuidade: “não é interesseiro, desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo” (I Cor 13, 5-6).

A Decisão: Aja para que sua felicidade aconteça. Tenha metas a pequeno, médio e longo prazo. A felicidade vem por meio de um projeto de vida. Se hoje não deu certo, não desista! Deus está nos seus sonhos. Sonhos podem ser o indicativo do Pai para a sua vocação.

Decida-se não parar diante das situações frustrantes. Isso comporta uma predisposição do coração em não se prostrar mediante os percalços e imprevistos do dia a dia. É natural ficar pesaroso diante de algo que venha a ferir os sentimentos, mas não se deve arrastar o problema ou supervalorizá-lo. O sofrimento tem que ser fecundo. Aprendemos com a dor. Mas tudo nesta vida passa! Nada permanece, a não ser Deus.

Lembre-se de que a pessoa que decide viver bem o seu dia, não se abate com alguns minutos que não foram favoráveis.

Decidir pela felicidade em Deus, investe contra o anseio de poder, pois busca motivos interiores para ser feliz e não se sujeita a estar bem por conquistar bens ou por ter pessoas subordinadas. É errônea a concepção de que só se é feliz quando se conquista algo.

Por fim, é possível não somente chegar à alegria terrena, na nossa natureza humana, como também ao júbilo espiritual, pois a felicidade é um dom para o ser humano no seu todo.

O Pai quer realizar-nos por completo, dando-nos a identidade de sermos filhos, que junto a Ele têm a posse do Seu Reino e de um dia podermos dividir da Sua glória. Aí está a verdade da felicidade.

Deus o abençoe.

Sandro Ap. Arquejada
sandroarq@geracaophn.com

segunda-feira, 12 de abril de 2010

domingo, 11 de abril de 2010

7ª ExpoCatólica

ExpoCatólica 7ª. edição termina neste domingo
Pavilhão Amarelo do ExpoCenter Norte
A 7ª. Edição da ExpoCatólica - Feira Internacional de Produtos e Serviços para Igrejas vai até domingo, 11 de abril, no Pavilhão Amarelo do ExpoCenter Norte, em São Paulo. A feira estará aberta das 11h às 18h, com acesso liberado ao público em geral. O ingresso ao pavilhão pede a doação de R$ 5,00 ou de 1 kg de alimento não perecível. Toda a arrecadação é destinada às obras sociais da Igreja. O endereço do Pavilhão é Av. Otto Baumgart, 1000 - Próximo ao Shopping Center Norte.

Neste domingo a ExpoCatólica encerra sua sétima edição a partir das 18h. Mais de 200 expositores, encontros de formação, como o CONAGE, reuniões executivas, como a de Turismo Religioso e o seminário promovido pela ANEC – Associação Nacional de Educação Católica, fizeram com que esta edição da feira fosse de consolidação da exposição como um real espaço de negócios. Quem ganha com esta segmentação é toda a cadeia produtiva que envolve fornecedores de produtos e serviços com a qualificação que a Igreja Católica exige.

Deste evento nasceram alguns resultados imediatos que envolvem a iniciativa privada e a Igreja. A CNBB, por exemplo, firmou uma parceria com a General Motors para a aquisição de veículos Zero KM para a Igreja. “A GM foi a primeira montadora a oferecer uma melhor margem de descontos, em média de 19,36%. O desconto é aplicado a todos os veículos que sejam adquiridos por meio da CNBB e o valor do desconto é distribuído pela paróquia ou instituição adquirente, sua diocese e a CNBB. As regras para aquisição estão no Portal das Edições CNBB - http://edicoescnbb.com.br/parceria_cnbb_gm/default.htm”, avisa Pe. Valdeir dos Santos Goulart, diretor executivo comercial das Edições CNBB. Ele observa ainda que a frota de veículos da Igreja é estimada em 40 mil e que, com essa parceria, abre-se a possibilidade de renovação da frota permanentemente.

Sobre a feira

A ExpoCatólica foi aberta oficialmente na manhã desta quinta-feira (08/04), em uma breve solenidade, que contou com a presença das principais instituições católicas. CNBB, CRB, CERIS, ANEC e a Arquidiocese de São Paulo. Esta é uma feira que oferece produtos e serviços para a Igreja Católica, em suas várias frentes de atuação. Paróquias, dioceses, seminários, casas de formação, escolas, universidades, obras assistenciais, institutos, etc, que estão presentes em todo o Brasil são o foco da feira e de seus expositores, que há quase 10 anos vêm se reunindo neste evento de negócios para atender às demandas de um cliente tão específico e tão abrangente. O resultado disso tem sido, desde então, a formatação do segmento religioso católico, organizado como setor de consumo de produtos e serviços, revelando ainda a cadeia produtiva que há em torno do setor.

Qualquer instituição religiosa, tal como as demais instituições públicas ou privadas, apresenta demandas de consumo diversas, como por exemplo, papelaria, movimentação de recursos financeiros, móveis, tecnologia, periféricos de informática, material de construção, e tantos outros itens, que irão promover a eficiência e o seu melhor funcionamento. A partir da revelação dessa conjuntura, da ExpoCatólica derivaram-se outras ações, específicas para a gestão eclesial, tais como o 6º. Congresso Nacional de Gestão Eclesial, realizado durante a feira, e a Revista Paróquias e Casas Religiosas, publicação bimestral e distribuída por meio de assinatura, para padres, freiras e leigos que estejam diretamente ligados a atividades de gestão de instituições da Igreja Católica. A revista está na 23ª. edição e em maio deste ano completa quatro anos de existência, com assinantes no Brasil e Exterior.
Informações:
Sandra de Angelis / Camila Santos
+55 (11) 2099-6682 / 9911-3798
Skype: fonteac
Skypephone: +55 (11) 3717-4958

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Gravidez no namoro

A vivência da intimidade sexual passou a ser normal para muitos casais de namorados. Talvez, por não entenderem a transcendência do ato sexual, muitas vezes, o sexo é nivelado por baixo. Uma vez minimizado na sua grandeza, erroneamente, este é também colocado como meio de sustentação do namoro. Para a maioria dos jovens casais, tal intimidade é justificada como sendo também uma fase do conhecimento daquele (a) a quem dizem amar.

A experiência sexual nesse período ganha força quando o casal percebe que essa é uma prática comum também no relacionamento dos colegas. Na roda de amigos, muitos pensam que seria bobeira não aproveitar a situação, sendo que o (a) namorado (a) deseja o mesmo. Julgando-se conhecedores de todas as coisas e muito seguros de si, acreditam que a possibilidade de uma gravidez só acontece para quem não souber evitá-la; até o momento em que a namorada traz a notícia de que está grávida. (Dessa vez, a tônica das conversas na roda de amigos será o “vacilo que fulano deu”!)

É sabido que algumas jovens têm más experiências ao comunicarem ao namorado a “consequência” ocorrida pela referida intimidade. Nesse momento, alguns simplesmente desaparecem ou as culpam, como se elas fossem as únicas responsáveis pela gravidez. Os namorados se esquecem de que a responsabilidade que hoje está sobre elas é também resultado do compromisso que, indiretamente, assumiram ao desejar viver a intimidade no namoro. As jovens mães percebem, então, a duras penas, que fizeram uma má escolha, reconhecendo que aqueles que, antes, lhes fizeram tantas promessas, foram apenas capazes de engravidá-las. Mesmo sem querer, agora, o casal de namorados se torna pais.

Para outros casais, ainda que a notícia da gravidez venha a abalar o dia, eles sabem que não poderão ocultar a situação por muito tempo. Em breve começarão a acontecer as mudanças no corpo da mulher. Então, a ela caberá a responsabilidade de enfrentar os pais e tentar justificar o óbvio; enquanto que a ele caberá a iniciativa de preparar condições de promover o conforto básico, tanto emocional como de bem-estar, que toda mulher grávida necessita.

Se uma gravidez para uma pessoa casada já causa grandes mudanças e exige muitas adaptações, imaginemos para aqueles que ainda estão no começo da realização de seus sonhos e planos... Para estes, a situação se torna ainda mais exigente, pois, vivendo o novo papel, surgem – nas vidas dos então namorados – as dificuldades pertinentes ao convívio contínuo. O relacionamento vai exigir do casal o compromisso e o desprendimento de se moldar ao inusitado apresentado pela situação. Tudo será vivido de maneira intensa, em meio às preocupações, aos choros do bebê, às dificuldades para continuar os estudos, à busca de trabalho, à aceitação dos familiares, entre outros.

O tempo propiciado ao casal, durante o namoro, para avaliar o perfil do pretendente e se conhecer mutuamente é abreviado com a gestação da namorada. Com tantos desafios, os namorados perceberão que pouco conheciam o temperamento do outro e, muitas vezes, se veem despreparados para assumir as consequências do ato que os levaria para muito mais além do prazer experimentado.

Para não viver os mesmos atropelos de outros namorados que tiveram de provar das responsabilidades paternas antecipadamente, melhor será para os jovens casais aplicarem-se no crescimento, nas adaptações e no amadurecimento do namoro. Dessa maneira, quando se decidirem pelo casamento, nenhum dos dois poderá alegar que não conheceu suficientemente a pessoa escolhida para compartilhar com ele (a) a vocação do matrimônio.

A prova de amor se confirma no compromisso mútuo de fazer o outro feliz por aquilo que ele é e não por aquilo que ele faz.

Um abraço

Dado Moura

domingo, 4 de abril de 2010

Páscoa, seu real sentido

Páscoa (do hebraico Pessach) significa passagem. É uma grande festa cristã para nós, é a maior e a mais importante festa. Reunimo-nos como povo de Deus para celebrarmos a Ressurreição de Jesus Cristo, Sua vitória sobre a morte e Sua passagem transformadora em nossa vida.

O Tempo Pascal compreende cinquenta dias a partir do domingo da Ressurreição até o domingo de Pentecostes, vividos e celebrados com grande júbilo, como se fosse um só e único dia festivo, como um grande domingo. A Páscoa é o centro do Ano Litúrgico e de toda a vida da Igreja. Celebrá-la é celebrar a obra da redenção humana e da glorificação de Deus que Cristo realizou quando, morrendo, destruiu a morte; e ressuscitando, renovou a nossa vida.

Foi com a intenção de celebrar a Páscoa de Cristo que, desde os primórdios do Cristianismo, os cristãos foram organizando esta bela festa. Mas a partir de muitas propagandas midiáticas e de muitos outros costumes da nossa sociedade, vemos, sem dúvidas, que essa bela intenção foi se perdendo. Para muitos a Páscoa virou sinônimo de um "feriadão" ao lado de muitos outros feriadões, com o único objetivo de quebrar a monotonia da vida; com intenções e modos que não expressam os reais valores e sentidos da grande festa que é a Páscoa.

Em muitas casas, a Páscoa é vivida de forma paganizada e estragada pelas bebidas e orgias desse mundo, sem um mínimo de senso religioso ou moral; ou como um mero folclore, um mero tempo para viajar, comer chocolates e descansar de suas fadigas. Assim, um tempo que nasceu para construir laços familiares e renovar a nossa sociedade com valores perenes, acaba não atingindo o seu objetivo.

As confraternizações, os alimentos específicos e muitos outros costumes são importantes e nos ajudam a celebrar a Páscoa, mas não podem nos desviar do seu principal e essencial sentido. Hoje, temos uma geração que não entende nada do verdadeiro sentido da Páscoa, mas devemos celebrá-la bem – nós que não nos fechamos às suas origens e sabemos que ela é mais do que um "feriadão"; é uma "grande semana" na qual vivenciamos os mistérios da vida de Cristo e os mistérios da nossa própria vida.

Todos nós cristãos devemos, hoje, nos comprometer em nos mantermos fiéis às nossas origens e celebrarmos o sentido original, belo e profundo da nossa maravilhosa festa, que é a celebração da Ressurreição do Senhor. Que nossas boas obras e nossas vozes, em cada canto das nossas cidades, possam levar a alegria do Ressuscitado; sobretudo aos pobres, doentes, distanciados e a todas as pessoas, pois são amadas pelo Pai.

Irradiemos ao nosso redor a esperança e a certeza da presença de Cristo Ressuscitado. Que se encha nosso olhar de luz, como os das mulheres que viram o sepulcro vazio e o Filho de Deus ressuscitado (Mt 28). Que possamos também nós, numa só fé, exclamar como elas “o Senhor Ressuscitou, aleluia”.
Pe. Geraldinho

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Quinta Feira Santa

Na Quinta-feira Santa à tarde, quando se inicia o Tríduo Pascal, a Igreja celebra a instituição do maior dos sacramentos, a Eucaristia. É o sacramento do amor – sacramentum caritatis. A oferta de Jesus na cruz foi sacramentalmente antecipada na última Ceia pelas palavras do Divino Mestre sobre o pão e sobre o vinho, respectivamente: "Isto é o meu corpo entregue. Este é o cálice do meu sangue, o sangue da Nova e Eterna Aliança, derramado..."

Jesus, com efeito, ordenou aos apóstolos que, repetindo o seu gesto, celebrassem sacramentalmente o Seu sacrifício ao longo da história da Igreja. A Igreja, na verdade, recebeu a ordem de celebrar a Eucaristia como um verdadeiro dom, um presente inestimável de Deus. Pela Eucaristia, a Igreja é associada ao sacrifício redentor de Cristo em favor da salvação do mundo. Pela Eucaristia, a presença de Jesus à Igreja se realiza de um modo intenso e extraordinário. Pela Eucaristia, o Povo de Deus a caminho é alimentado e fortalecido com o Pão do Céu. Vemos, assim, a importância da nossa participação anual nessa celebração e a alegria de celebrá-la solenemente aos domingos e dias de semana. Esse grande dom que o Senhor nos concede, alimentando-nos com Seu Corpo e Seu Sangue, também nos fala pelas Escrituras e nos une em comunidade de fé como irmãos e irmãs – e nos envia ao mundo com a missão de anunciar a todos a Boa Notícia.

Ao ordenar aos apóstolos a celebração da Eucaristia, Jesus instituiu o sacerdócio ministerial. Na Igreja, em virtude do Batismo, todos são inseridos no único sacerdócio de Cristo. Entretanto, como o plano de Deus obedece à economia sacramental, existem na Igreja aqueles que fazem as vezes de Cristo Sacerdote, Cabeça da Igreja. Estes são os sacerdotes ordenados. Ora, o sacerdócio ordenado existe para o bem do Povo de Deus. Pela pregação da Palavra, pelo governo da Igreja, pela celebração dos sacramentos – especialmente a Eucaristia –, o ministro ordenado, representando Cristo Cabeça, serve aos fiéis batizados a fim de que todos sejam associados ao único Sacerdote da Nova e Eterna Aliança.

Com efeito, Cristo inaugurou um novo sacerdócio, o sacerdócio da Nova Aliança. Os sacerdotes do Antigo Testamento ofereciam a Deus sacrifícios externos, como o novilho ou o cordeiro. Jesus, no entanto, ofereceu ao Pai a sua própria vida. De outra coisa não quis saber senão de obedecer em tudo ao seu Pai. O sacrifício que Jesus Sacerdote ofereceu a Deus é um sacrifício existencial, mas o sacrifício da vida conformada à vontade divina. A morte na cruz é o grande sinal de que Jesus não se acovardou, mas levou até o fim a missão que o Pai lhe confiara. Jesus é o novo Adão. O velho Adão desobedeceu a Deus, mas o novo foi-Lhe fiel até o derramamento do próprio sangue.

Para que a humanidade se renovasse e pudesse obedecer a Deus à semelhança do Homem Novo, Jesus Cristo, Ele dispôs que todos os homens se associassem a seu Filho pela graça.

A graça é uma ajuda, um favor de Deus concedido em benefício da nossa fraqueza. A graça de Deus nos tira do pecado, renova-nos, santifica-nos e nos dispõe para receber um dia a glória celeste em todo o seu esplendor. Ora, de acordo com a economia sacramental do Plano de Deus, a graça de que necessitamos vem até nós de modo especial pelos sacramentos, especialmente a Eucaristia. A Eucaristia comunica-nos a vida mesma de Cristo, a fim de que façamos o que Cristo fez: entregar a vida a Deus como um sacrifício de louvor. Na verdade, servir a Deus significa realizar nossa suprema vocação. E servir a Deus é reinar.

O sacerdócio ordenado, na verdade, resulta de uma especial participação do sacerdócio de Cristo e, como tal, existe para o bem espiritual do Povo de Deus. Os ministros ordenados, sobretudo pela celebração da Eucaristia, perpetuam sacramentalmente o sacerdócio de Cristo e, assim, levam aos fiéis os dons da Redenção, associando a Igreja ao sacrifício de seu Esposo. A finalidade suprema é a união com Cristo e a tradução dessa união em gestos concretos de amor ao próximo. Deixar que a vida de Cristo seja a nossa vida é a grande meta de todos nós. Como Cristo ofereceu-se ao Pai, a Igreja também deve fazê-lo. E a força que ela recebe para isso vem do próprio Cristo, que, por seus ministros ordenados, atua eficazmente em favor de seu Corpo Místico.

Recorda-nos o rito de ordenação de presbíteros: “Este irmão, após prudente exame, será constituído sacerdote na Ordem dos Presbíteros para servir ao Cristo Mestre, Sacerdote e Pastor, que, por seu ministério, edifica e faz crescer o seu Corpo, que é a Igreja, como povo de Deus e Templo do Espírito Santo.” E ainda: “Desempenha, portanto, com verdadeira caridade e contínua alegria, a missão do Cristo sacerdote, procurando não o que é teu, mas o que é de Cristo”.

Que a Quinta-feira Santa, dia da Eucaristia e da instituição do sacerdócio ordenado, seja para o Povo de Deus, principalmente para os sacerdotes, o grande dia de contemplar o amor de Deus. O Senhor deixou à Igreja o sacramento da caridade, e o sacerdócio ordenado, que, nas palavras de São João Maria Vianney, é “o amor do coração de Jesus”. Que o Ano Sacerdotal, que ora celebramos, reavive em nós a consciência da importância da Eucaristia e dos ministros ordenados para a vida da Igreja. E os ministros ordenados agradeçam ao Senhor, sabendo que tudo é dom de Deus para o bem da Igreja, e sejam fiéis ao dom recebido, mostrando pela vida e pelas palavras que a fidelidade de Cristo é que garante a fidelidade do sacerdote. “Seja, portanto, a tua pregação, alimento para o povo de Deus e a tua vida, estímulo para os féis, de modo a edificares a casa de Deus, isto é, a Igreja, pela palavra e pelo exemplo”.

Ao agradecer a Deus pelo Seu Filho presente entre nós, de modo especialíssimo pela Eucaristia, pois acreditamos nas Palavras que Ele nos deixou nas Escrituras, rezemos também pelos que são chamados a servir ao Povo de Deus no ministério sacerdotal, entregando suas vidas para a glória de Deus e a santificação das pessoas.

Nós recordamos com carinho que na Sexta-feira Santa deste ano, dia 2 de abril, voltava para a casa do Pai o nosso querido Papa João Paulo II, o grande Servo de Deus, fiel até o fim, dando a sua vida até o último suspiro na fidelidade ao Evangelho, e que governou a Igreja de 1978 a 2005.

As celebrações da Paixão e Morte do Senhor na Sexta Feira Santa e grande Vigília Pascal, quando renovamos as promessas batismais, completarão esse importante tríduo sacro, centro de nosso ano litúrgico. Somos todos convidados a “fazer Páscoa”, participando com nossas comunidades desses momentos marcantes de nossa vida católica.

Ao iniciarmos com esta celebração da Ceia do Senhor as celebrações pascais deste ano, permitam-me agradecer a todos pela comunhão e unidade e desejar que a Páscoa que ora vivemos possa iluminar todos os momentos de nossas vidas e ser o centro de toda a nossa história. Ter a certeza de que, com Cristo, passamos da morte para a vida, e na madrugada do primeiro dia da semana, iremos, também nós, anunciar ao mundo a grande notícia: o Senhor está vivo, Ele está conosco, Ele Ressuscitou! Aleluia!

Feliz Páscoa a todos!

D. Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro