terça-feira, 30 de março de 2010

A liturgia da Semana Santa

Na Semana Santa, a Igreja celebra os sagrados mistérios da Paixão, morte e ressurreição do Senhor, encarnado para no martírio da Cruz e na vitória sobre a morte.

A Semana Santa começa com o Domingo de Ramos e lembra a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, aclamado pelos judeus.

A Igreja recorda os louvores da multidão proclamando: “Hosana ao Filho de David. Bendito o que vem em nome do Senhor” (Lc 19,38 - M 21,9). Com este gesto manifestamos nossa fé em Jesus Cristo, Rei e Senhor.

Na Quinta-feira Santa celebramos a Instituição da Eucaristia.
Neste dia, cada bispo reúne o seu clero e celebra a Missa da renovação do sacerdócio, pois, neste dia, Jesus instituiu o sacerdócio católico e a Sagrada Eucaristia. É feita também a bênção dos sagrados óleos, com a bênção conjunta dos três óleos litúrgicos (Batismo, Crisma e Unção dos Enfermos).

O motivo deve-se ao fato de ser este o último dia em que se celebra a Missa antes da Vigília Pascal. Na Igreja primitiva, o Batismo, a Crisma e Primeira Eucaristia acontecia só na Vigília Pascal.

São abençoados os seguintes óleos:

Óleo do Crisma - Uma mistura de óleo e bálsamo, significando a plenitude do Espírito Santo, revelando que o cristão deve irradiar “o bom perfume de Cristo”. É usado no sacramento da Confirmação (Crisma) para viver como adulto na fé. Este óleo é usado também no sacramento do sacerdócio (Ordem). A cor que representa esse óleo é o branco ouro.

Óleo dos Catecúmenos -
Catecúmenos são os que se preparam para receber o Batismo. Este óleo significa a libertação do mal, a força de Deus que penetra no catecúmeno, libertando e preparando-o para o nascimento pela água e pelo Espírito. Sua cor é vermelha.

Óleo dos Enfermos - É usado no sacramento dos enfermos. Este óleo significa a força do Espírito de Deus para a provação da doença, para o fortalecimento da pessoa ao enfrentar a dor e a morte, se esta for a vontade de Deus. Sua cor é roxa.

Instituição da Eucaristia e Cerimônia do Lava-pés

Com a Missa da Ceia do Senhor, celebrada na tarde ou na noite da Quinta-feira Santa, a Igreja dá início ao chamado Tríduo Pascal e comemora a Última Ceia:

1 – Instituição da Sagrada Eucaristia - Quando Jesus, na noite em que foi traído, ofereceu a Deus-Pai o seu Corpo e Sangue sob as espécies do Pão e do Vinho, e os entregou para os Apóstolos para que os tomassem, mandando-os também oferecer aos seus sucessores.

2 – Instituição do Sacerdócio – “Fazei isto em memória de mim”. Com essas palavras, o Senhor instituiu o sacerdócio católico e deu a eles poder para celebrar a Eucaristia.

3 - Durante a Missa ocorre a cerimônia do Lava-pés que lembra o gesto de Jesus na Última Ceia, quando lavou os pés dos seus apóstolos. É um gesto de humildade e de santidade, um exemplo para os discípulos e para a toda a Igreja. “Eu vim para servir.”

No final da Missa, faz-se a chamada Procissão do Translado do Santíssimo Sacramento ao altar-mor da igreja para uma capela, onde se tem o costume de fazer a adoração do Santíssimo durante toda a noite. Após a Missa, o altar é desnudado; ele é o símbolo do Cristo aniquilado, despojado, flagelado e morto por nossos pecados.

Sexta-feira Santa

Celebra-se a Paixão e Morte de Jesus Cristo. Dia de silêncio, jejum e oração e de profundo respeito diante da morte do Senhor. Não se deve trabalhar, divertir-se, etc.

Às 15 horas, horário em que Jesus foi morto, é celebrada a principal cerimônia do dia: a Paixão do Senhor. Ela consta de três partes: Liturgia da Palavra, Adoração da cruz e Comunhão Eucarística. Não adoramos a cruz como um objeto de madeira, mas adoramos o Cristo pregado nela.

Depois deste momento, não há mais comunhão eucarística até que seja realizada a celebração da Páscoa, no Sábado Santo.

Ofício das Trevas

Em alguns lugares é realizado este Ofício. É um conjunto de leituras, lamentações, salmos e preces penitenciais. O nome surgiu por causa da forma que se utilizava antigamente para celebrar o ritual. A Igreja fica às escuras tendo somente um candelabro triangular, com velas acesas que se apagam aos poucos durante a cerimônia.

Sermão das Sete Palavras (facultativo)

Lembra as sete últimas palavras de Jesus, no Calvário, antes de sua morte: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que fazem”; “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no Paraíso”; “Mulher, eis aí o teu filho… Eis aí a tua Mãe”;
“Tenho Sede!”; “Meus Deus, meus Deus, por que me abandonastes?”; “Tudo está consumado!”; “Pai, em tuas mãos entrego o meu Espírito!”.

Neste dia, não se celebra a Santa Missa.

À noite, as paróquias fazem encenações da Paixão de Jesus Cristo com o Sermão da descida da Cruz; em seguida, a Procissão do Enterro levando o esquife com a imagem do Senhor morto.

Sábado Santo

No Sábado Santo ou Sábado de Aleluia, a principal celebração é a “Vigília Pascal”. Inicia-se na noite do Sábado Santo em memória da noite santa da ressurreição gloriosa de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a chamada “A mãe de todas as santas vigílias”, porque a Igreja mantém-se de vigília à espera da vitória do Senhor sobre a morte.

Cinco elementos compõem a liturgia da Vigília Pascal:
1 - a bênção do fogo novo e do Círio Pascal;
2 - a proclamação da Páscoa, que é um canto de júbilo anunciando a Ressurreição do Senhor;
3 - a liturgia da Palavra, que é uma série de leituras sobre a história da Salvação;
4 - a renovação das promessas do Batismo e, por fim,
5 - a liturgia Eucarística.

Domingo de Páscoa

A palavra páscoa vem do hebreu Peseach e significa “passagem”. Era vivamente comemorada pelos judeus do Antigo Testamento.
Condenado à morte na cruz e sepultado, Jesus ressuscitou três dias após, num domingo, logo depois da Páscoa judaica. A ressurreição de Jesus Cristo é o ponto central e mais importante da fé cristã. Através da sua ressurreição, Jesus prova que a morte não é o fim e que Ele é, verdadeiramente, o Filho de Deus. O temor dos discípulos em razão da morte de Jesus na Sexta-Feira transforma-se em esperança e júbilo. É a partir deste momento que eles adquirem força para continuar anunciando a mensagem do Senhor. São celebradas missas festivas durante todo o domingo.

Réplica do Santo Sudário é exposta em Curitiba

Santo Sudário
Imagem do negativo fotográfico do manto vista pela primeira vez na noite de 28 de maio de 1898


Pela primeira vez na América Latina, acontece uma exposição científica sobre o Santo Sudário - o lençol de linho que, segundo a tradição, cobriu o corpo de Jesus Cristo após sua morte e que conserva Sua imagem gravada no tecido.

A exposição "Quem é o Homem do Sudário" acontece no Palladium Shopping Center de Curitiba (PR) e vai até o dia 30 de junho.

A iniciativa é de um grupo de empresários da cidade, que patrocinou a vinda das peças e, após a exposição, doará o material à Arquidiocese de Curitiba.

Segundo a assessora da mostra, Paula Batista, todos os estudos feitos até hoje no Santo Sudário - o último foi em 2006, com o holograma - serão apresentados na exposição.

O público poderá ver o fac-símile (reprodução fiel) do Sudário que está em Turim, na Itália, as réplicas dos flagelos, da coroa de espinhos e dos pregos feitos em Israel, assim como os hologramas, em tamanho natural da imagem, produzidos pelo cientista holandês Petrus Soons, além de ilustrações, painéis e infográficos que explicam, de forma dinâmica, os resultados do estudo sobre o tema.

Também estão na exibição moedas originais da época de Pôncio Pilatos e uma estátua de bronze que reproduz a posição em que o Homem do Sudário se encontrava quando a imagem foi produzida no pano.

A assessora conta que o Arcebispo de Curitiba, Dom Moacyr José Vitti, visitou a exposição no domingo e deu sua benção. Ela explica ainda que já se pensa na possibilidade de levar a mostra para outros lugares do Brasil, mas não há nada confirmado, pois a exposição conta com algumas peças muito pesadas, principalmente a estátua, que é a réplica do tamanho original, e para isso será preciso estudar melhor a logística para que isso aconteça.

O verdadeiro Santo Sudário está na Catedral de Turim, na Itália, e depois da restauração, feita em 2002, será exposto ao público de 10 de abril a 23 de maio deste ano. O Papa Bento XVI irá a Turim, no dia 2 de maio, para vê-lo de perto.

sexta-feira, 26 de março de 2010

ESPAÇO VOCACIONAL

A ExpoCatólica realiza desde 2007 um evento voltado especialmente para a promoção das vocações sacerdotais e religiosas. É uma oportunidade para difundir os carismas de seus fundadores e fundadoras, abraçando de forma fraternal, o modo de testemunhar Jesus Cristo. A Igreja está atenta e convoca homens e mulheres de boa vontade para assumirem a missão de envangelizar. Por isso, a ExpoVocacional é o espaço destinado para que sua Diocese, Ordem, Congregação, Instituto de Vida Consagrada, se beneficiem em divulgar seu trabalho e missão. A ExpoVocacional é o evento que seu instituto deve conhecer e investir, porque são mais de 40 mil pessoas que visitam a ExpoCatólica e você estará lá.

Venha divulgar seu carisma na 3ª ExpoVocacional, de 08 a 11 de abril de 2010, na ExpoCatólica

Informações:
Promocat Marketing Integrado
Av. Santa Inês, 253 - São Paulo-SP
Tel.: +55 (11) 2099-6688
E-mail: promocat@promocat.com.br
Site: http://www.expocatolica.com.br/

quinta-feira, 25 de março de 2010

Conversão é um reencontro com Deus

Causa-nos uma sensação de desconforto cada vez que ouvimos falar em penitência ou mudança de vida. Aprendemos tão bem a lição (legítima) da autoestima, que nos parece tirar do esquema qualquer alusão a fraquezas nossas, ou pior ainda, a pecados. Trata-se de uma verdadeira crise de compreensão da penitência. Soa estranho aos ouvidos quando Jesus insiste na conversão do coração. Mas toda a crise traz em si a esperança de uma superação, para inaugurar tempos novos.

Precisamos ter clareza sobre o valor das penitências: jejuns, subir escadas de joelhos, flagelar-se, não comer carne, ou até carregar pedra na cabeça... Tudo isso pode ser feito, quando entregamos essa penitência a Cristo, para estarmos unidos a Ele na Sua dor. “O sangue de Jesus nos purifica de todo pecado” (1 Jo 1, 7). Não é o nosso esforço que nos justifica. “Eis aquele que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). A penitência, entendida como virtude, é um esforço permanente do cristão para se manter na santidade e na perfeição. Também para superar as fragilidades da vida. É um ideal jamais completado nesta vida. Ninguém deve ser cristão para ser penitente. Mas ao contrário, se deve ser penitente para ser bom cristão.

Essa verdadeira ascese deve nos acompanhar na vida. Mas a Santa Igreja nos convida a isso, de maneira mais acentuada, no tempo quaresmal (como também em todas as sextas-feiras do ano). O que se pede é tão pouco, nada impossível de cumprir. A nossa Mãe Igreja nos pede um jejum mitigado e a abstinência de alguma coisa que muito nos agrada. Isso na Sexta-feira Santa, como também nas demais sextas-feiras do ano (exceção é o tempo pascal).

Essas penitências devem levar à coroa de todo arrependimento: a prática da caridade para com o próximo. Vejam como o Papa Bento XVI sugeriu penitências muito mais pesadas ao povo irlandês, para alcançar o perdão pelos pecados sexuais praticados pelo clero. Tenho certeza de que o povo católico desse país [Irlanda] vai aceitar tal purificação. Será um novo começo para uma comunidade mais fiel e mais santa. A Irlanda vai reencontrar o seu caminho de justificação em Cristo.

Dom Aloísio R. Oppermann - Arcebispo de Uberaba

terça-feira, 23 de março de 2010

Pastoral Digital

Fiquei em dúvida se chamaria esta nova forma de pastoral da comunicação de digital, de ciberespaço ou cibernética. Atualmente os termos envelhecem rapidamente. O tempo e os desenvolvimentos futuros dirão e escolherão os passos, caminhos e nomes para essa missão da comunicação nesta época.

Acredito que uma nova maneira de fazer pastoral de comunicação está sendo suscitada pela Igreja através da mensagem do Papa Bento XVI para o 44º Dia Mundial das Comunicações Sociais. Como ocorre o Ano Sacerdotal, o tema tem essa referência, mas, sem dúvida, é dirigido a todos os católicos: “O sacerdote e a pastoral no mundo digital: as novas mídias a serviço da Palavra”. Como sempre acontece no Brasil, esse dia é celebrado no Domingo da Ascensão, este ano no dia 16 de maio de 2010.

Um grande passo foi dado. Havia na cabeça e no comportamento de muitos certo medo das novas mídias ou novas ferramentas de internet, por ser esse um território livre, onde há de tudo. É um medo infundado, pois se assim o fosse não poderíamos estar no ramo dos livros e das revistas porque existem muitos livros e revistas que não são recomendáveis para os cristãos e talvez nem para as pessoas de certa dignidade.

Estávamos presentes nesses meios com certa timidez e até mesmo com certo temor. Sabemos, porém, que os “digitais nativos” já utilizam essas mídias com desenvoltura e naturalidade incríveis e, quando cristãos, sabem utilizar muito bem tudo isso para um trabalho evangelizador. Podemos anunciar que o desejo da Igreja é que saibamos colocar as novas mídias a serviço da Palavra, ou seja, de Cristo, fazendo agora a pastoral digital ou no mundo digital.

A nossa Comissão Episcopal enviará às Dioceses cartazes e textos com os subsídios para bem celebrar esse dia em todas as comunidades e paróquias, aliás, é o único dia criado pelo Concílio Vaticano II. Isso está no documento "Inter Mirifica", um dos dois mais antigos documentos emanados do Concílio. Ele inicia, além da série de importantes documentos para a renovação da Igreja na década de sessenta, também uma orientação para os novos tempos que estavam surgindo naquela época no campo dos meios de comunicação. A Igreja tem como missão evangelizar, ou seja, comunicar a Morte e Ressurreição de Jesus Cristo, que foi enviado pelo Pai para nos comunicar a Sua Vontade. Se o documento conciliar é apenas indicativo, ele abriu, no entanto, os caminhos para as diferentes situações que se seguiriam posteriormente. Cada ano, os Pontífices Romanos anunciam, na festa dos Arcanjos Gabriel, Rafael e Miguel, o tema anual e publicam o texto no dia da Festa de São Francisco de Sales.

Saudamos carinhosamente os que se dedicam a essa missão e incentivamos para que o façam com ânimo sempre renovado – de levar todos os homens e mulheres a construírem uma sociedade justa e fraterna, além de alimentar a fé do nosso povo através de escritos, filmes, Power points e tantos outros meios. Quando, neste ano, tivermos a graça de criar a “Signis Brasil”, como filial da Signis Mundial, também ali deverá ter um setor para os portais de inspiração católica se filiarem, além das rádios, televisões, revistas, jornais e impressos. Atualmente temos ótimos portais de notícias ligados a grupos católicos que, além de passarem os acontecimentos, formam, através de eventos e textos, as pessoas no caminho cristão. A grande questão é saber escolher a reta doutrina e aqueles que sabem construir a unidade na diversidade. Isso está entre outras iniciativas louváveis, somente para recordarmos das propostas que são colocadas diante de nossas telas de formação permanente da doutrina cristã, de anúncio da Palavra de Deus e de notícias acerca da vida da Igreja no Brasil e da vida das próprias dioceses, paróquias e comunidades.

Urge uma conversão pastoral de nossos presbíteros, como nos pede o Papa para o Dia Mundial das Comunicações, em colocar, como meta primeira de sua pastoral, a pastoral da comunicação e da acolhida, que hoje não pode prescindir de ser, também, da internet e dos meios correlatos.

Não tenho dúvidas de que a Igreja que peregrina no Brasil está fortemente amparada na vontade deliberada de dar especial apoio a todos os sites e meios eletrônicos que anunciem o Cristo Ressuscitado e que levem o homem e a mulher de nossos dias a buscar a santidade pelo conhecimento e pelo seguimento apaixonado pelo Redentor.

A todos uma bela e comprometedora celebração do Dia Mundial das Comunicações Sociais, e que isso ajude a criar ou incrementar ainda mais a Pastoral da Comunicação em nossas comunidades e abrir-nos para o diálogo com os comunicadores de nossa região.

Dom Orani João Tempesta
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro

segunda-feira, 22 de março de 2010

Namorar é a solução?

Todos nós temos a necessidade de ser amados. São muitas as pessoas que, com o intuito de corresponder a essa carência, pagam caro e se submetem a diversas situações. Todos nós somos carentes. Mas, se essa carência afetiva não for bem direcionada poderá tornar-se um fator de desequilíbrio, arrastando-nos, muitas vezes, a tomar atitudes contrárias a um sadio comportamento.

Em uma sociedade, na qual as famílias são cada vez mais desestruturadas, – com mães e pais que são solteiros e filhos órfãos de pais vivos –, o índice de ausência de amor na formação de nossas crianças é assustador.

Uma criança que nunca recebeu um abraço de seus pais, que nunca recebeu carinho, e que, ao contrário, foi criada em meio a gritos e grosserias, com certeza, crescerá com um enorme vazio existencial. Muitas dessas “crianças”, hoje, já crescidas, e impulsionadas por suas carências cometem grandes erros somente para atrair sobre si a atenção dos demais.

Por isso, acredito que antes de viver qualquer relacionamento afetivo, como o namoro, precisamos aprender a trabalhar nossa história, buscando a cura de nossos afetos. É claro que não precisamos ser perfeitos para namorar; mas, existem coisas em nossa vida que precisamos resolver antes de assumir um relacionamento.

Nem sempre o namoro é a solução, e pode até se tornar negativo se não estivermos preparados para vivê-lo. Carência com carência só pode gerar desequilíbrio e um relacionamento doentio, no qual a cobrança será excessiva e a ternura ausente. De modo que um sufocará o outro e a relação acabará se tornando um peso.

Existem determinadas coisas em nossa história que somente Deus pode curar; outras, que somente nós podemos resolvê-las. Por isso, faz-se necessária a experiência do autoconhecimento, para descobrirmos nossa verdade e os passos que precisamos dar, buscando a experiência da cura interior, de modo que Deus possa trabalhar em nossa história, curando nossas feridas e marcas. Essas experiências precisam preceder nossos relacionamentos, para que o ciúme, o orgulho e nossas carências não destruam o verdadeiro afeto no relacionamento.

Namorar é bom, ou melhor, ótimo! Mas, melhor ainda é namorar pronto, do jeito certo, tendo equilíbrio no amar e ser amado, compreendendo que somente Deus pode preencher o vazio da alma, e que este espaço o outro não pode ocupar, por mais que o forcemos a isso.

Amor em que um diviniza o outro e depois o prende é amor destemperado e doente.

Antes de se viver o “nós”, é preciso trabalhar o “eu”, para que, no futuro, nossos relacionamentos tenham mais qualidade e sejam mais duradouros.

Quem não se deixa levar pela pressa, mas segue o caminho proposto por Deus, colherá maravilhosos frutos e alcançará, gradativamente, a felicidade em seus relacionamentos.

Tenhamos a coragem de realizar tudo do jeito de Deus e não do nosso, abrindo-nos à Sua ação libertadora em nossa vida. Somente, assim, poderemos acompanhar e ser bem acompanhados pelos demais.

Deus abençoe!

Adriano Zandoná

quinta-feira, 18 de março de 2010

O que é o “Santo Daime”

Por: D. Estevão Bettencourt
Revista Pergunte e Responderemos, n.340; 1990; pg 422

“A palavra “Daime”, segundo explicam os que a professam, vem do verbo “dar” no imperativo. “Dai-me paz, saúde e felicidade”, eis a aspiração implicada por esse vocábulo. “Santo Daime” designa uma bebida (chá - ayahuasca) preparada parada mediante o cruzamento de dois vegetais da Floresta Amazônica cipó jagube e a folha chacrona.

Tal bebida é utilizada por grupos indígenas do continente americano desde a época pré-colombiana em rituais mágico-religiosos, a fim de proporcionar intuições, alívio físico e psíquico, curas… Ora, eis que no século XX habitantes negros e brancos do Brasil descobriram tal bebida e seus efeitos poderosos, e constituíram em torno dela uma corrente religiosa eclética, cujas origens passaremos a ver.

Raimundo Irineu Serra, negro, nascido em 1892 no Maranhão, foi para o Acre com 20 anos de idade, integrando o movimento migratório de nordestinos para trabalhar na extração do látex. Na Floresta Amazônica, Irineu e seus companheiros foram fundindo a sua cultura com a dos índios; aprenderam a preparar a bebida de cipó jagube e folha chacrona. O uso desse chá proporcionou a Irineu as suas “mirações”: “apareceu-lhe” uma mulher chamada Clara, que se dizia Nossa Senhora da Conceição, a Rainha da Floresta. Relatou Irineu que foi ela quem deu o nome do “Santo Daime” à bebida e ditou normas para a realização do respectivo ritual.

Teria revelado a “Senhora” que aquela bebida tinha muitos nomes, mas o verdadeiro era o próprio verbo divino “dar” - dar para os que necessitassem e pedissem -, originando assim o nome “Daime”. “Daime amor, Daime luz, Daime força” são expressões características do Santo Daime.

O Mestre Irineu passou por uma fase de iniciação no interior da floresta, incluindo jejum de alimentos e abstinência sexual, a fim de adquirir (como se dizia) poderes de mira, vidência e comunicação com os espíritos.
A doutrina revelada a Irineu se codificou nos hinos do Santo Daime, que correspondiam à Bíblia Sagrada; esses hinos, recebidos do além, são tidos como a linguagem de comunicação com o astral, onde estão todos os seres divinos. Neles se encontram expressas crenças do cristianismo, das religiões africanas e das indígenas, ou seja, de três culturas (a branca, a negra, a indígena). Evocam Jesus Cristo, Nossa Senhora da Conceição, São João Batis­ta, o patriarca São José, Tuperci, Ripi Iáiá, Currupipipiraguá, Equiôr, Tucum, Barum, Marum, Papai Paxá, B.G., Rei Titango, Rei Agarrube, Rei Tintuma, Princesa Soloína, Princesa Janaína e Marachimbé.

Os seguidores do Mestre Irineu tomaram o nome de “Povo de Juramidam”, expressão composta de Jura (= pai) e Midam (= filho). Tal é o nome que o iniciador da seita diz ter recebido das entidades divinas. Juramidam represen­ta a segunda volta de Jesus Cristo à terra, sendo assim o Povo de Juramidam o Povo de Jesus Cristo.

Mestre Irineu foi se deslocando no Estado do Acre de região em região, até que em 1945 recebeu do senador Guiomar dos Santos uma área no local denominado “Colônia Custódio Freire”, onde fundou o Centro de iluminação Cristã Luz Universal, o Alto Santo, que chegou a congregar 500 membros efetivos e receber milhares de visitantes desejosos de conhecer o Santo Daime.

A fama dessa instituição se espalhou no estrangeiro, de modo que até junho de 1980 um total de 1201 pessoas vindas do exterior haviam assinado o livro de visitantes e tomado o Santo Daime. Provinham da Argentina, da Bolívia, do Peru, da Colômbia, da Venezuela, do Chile, da Inglaterra, da França, da Itália, da Suíça, da Alemanha, de Portugal, de Israel, do Canadá e do Japão.

Outra sede do Santo Daime é a Colônia dos Cinco Mil (Acre), que no foro civil é registrada como entidade filantrópica, tendo o nome de “Centro Eclético de Fluente Luz Universal Raimundo Irineu Serra” (CEFLURIS). Em 1976 havia na Floresta Amazônica 25 Colônias unidas entre si pela utilização do Santo Daime. As festas oficiais do Santo Daime acompanham o calendário cristão. O ano religioso começa em 6 de janeiro, em homenagem aos Três Reis do Oriente. Isso, porém, não implica compromisso como cristianismo; o Santo Daime é um sincretismo religioso, que atrai por suas promessas de “cura” e “mirações” (intuições). Não se coaduna com a fé católica.

O governo brasileiro oficializou na terça-feira (26) as regras para o uso religioso do ayahuasca, chá também conhecido como santo-daime, entre outras denominações, e utilizado principalmente em cerimônias religiosas no Norte do País. A resolução, publicada no Diário Oficial da União, veta o comércio e propagandas do composto, que só poderá ser cultivado e transportado para fins religiosos e não lucrativos. Em 1985, a bebida chegou a ser proibida no País, mas liberada dois anos depois, para uso religioso. No início dos anos 90 houve nova tentativa de proibir o chá, também refutada. Em 2002, mais uma vez houve denúncias de mau uso do chá”.

D. Estevão Bettencourt.

terça-feira, 16 de março de 2010

Catequese sobre o Sacramento da Confissão

Entenda um pouco mais sobre o sacramento da reconciliação.

1. O QUE É A CONFISSÃO?

Confissão ou Penitência é o Sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, para que os cristãos possam ser perdoados de seus pecados e receberem a graça santificante. Também é chamado de sacramento da Reconciliação.

2. QUEM INSTITUIU O SACRAMENTO DA CONFISSÃO OU PENITÊNCIA?

O sacramento da Penitência foi instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, segundo nos ensina o Evangelho de São João: "Depois dessas palavras (Jesus) soprou sobre eles dizendo-lhes: Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem vocês perdoarem os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20, 22-23).

3. A IGREJA TEM A AUTORIDADE PARA PERDOAR OS PECADOS ATRAVÉS DO SACRAMENTO DA PENITÊNCIA?

Sim, a Igreja tem esta autoridade porque a recebeu de Nosso Senhor Jesus Cristo: "Em verdade vos digo: tudo o que ligardes sobre a terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra será também desligado no céu" (Mt 18,18).

4. POR QUE ME CONFESSAR E PEDIR O PERDÃO PARA UM HOMEM IGUAL A MIM?

Só Deus perdoa os pecados. O Padre, mesmo sendo um homem sujeito às fraquezas como outros homens, está ali em nome de Deus e da Igreja para absolver os pecados. Ele é o ministro do perdão, isto é, o intermediário ou instrumento do perdão de Deus, como os pais são instrumentos de Deus para transmitir a vida a seus filhos; e como o médico é um instrumento para restituir a saúde física, etc.

5. OS PADRES E BISPOS TAMBÉM SE CONFESSAM?

Sim, obedientes aos ensinamentos de Cristo e da Igreja, todos os Padres, Bispos e mesmo o Papa se confessam com frequência, conforme o mandamento: "Confessai os vossos pecados uns aos outros" (Tg 5,16 ).

6. O QUE É NECESSÁRIO PARA FAZER UMA BOA CONFISSÃO?

Para se fazer uma boa confissão são necessárias 5 condições:

a) um bom e honesto exame de consciência diante de Deus;

b) arrependimento sincero por ter ofendido a Deus e ao próximo;

c) firme propósito diante de Deus de não pecar mais, mudar de vida, se converter;

d) confissão objetiva e clara a um sacerdote;

e) cumprir a penitência que o padre nos indicar.

7. COMO DEVE SER A CONFISSÃO?

Diga o tempo transcorrido desde a última confissão. Acuse (diga) seus pecados com clareza, primeiro os mais graves, depois os mais leves. Fale resumidamente, mas sem omitir o necessário. Devemos confessar os nossos pecados e não os dos outros. Porém, se participamos ou facilitamos de alguma forma o pecado alheio, também cometemos um pecado e devemos confessá-lo (por exemplo, se aconselhamos ou facilitamos alguém a praticar um aborto, somos tão culpados como quem cometeu o aborto).

8. O QUE PENSAR DA CONFISSÃO FEITA SEM ARREPENDIMENTO OU SEM PROPÓSITO DE CONVERSÃO, OU SEJA, SÓ PARA "DESCARREGAR" UM POUCO OS PECADOS?

Além de ser uma confissão totalmente sem valor, é uma grave ofensa à Misericórdia Divina. Quem a pratica comete um pecado grave de sacrilégio.

9. QUE PECADOS SOMOS OBRIGADOS A CONFESSAR?

Somos obrigados a confessar todos os pecados graves (mortais). Mas é aconselhável também confessar os pecados leves (veniais) para exercitar a virtude da humildade.

10. O QUE SÃO PECADOS GRAVES (MORTAIS) E SUAS CONSEQUÊNCIAS?

São ofensas graves a Deus ou ao próximo. Eles apagam a caridade no coração do homem e o desviam de Deus. Quem morre em pecado grave (mortal) sem arrependimento, merece a morte eterna, conforme diz a Escritura: "Há pecado que leva à morte" (1Jo 5,16b).

11. O QUE SÃO PECADOS LEVES (ou também chamados de VENIAIS)?

São ofensas leves a Deus e ao próximo. Embora ofendam a Deus, não destroem a amizade entre Ele e o homem. Quem morre em pecado leve não merece a morte eterna. "Toda iniquidade é pecado, mas há pecado que não leva à morte" (1Jo 5, 17).

12. PODEIS DAR ALGUNS EXEMPLOS DE PECADOS GRAVES?

São pecados graves, por exemplo: O assassinato, o aborto provocado, assistir ou ler material pornográfico, destruir de forma grave e injusta a reputação do próximo, oprimir o pobre, o órfão ou a viúva, fazer mau uso do dinheiro público, o adultério, a fornicação, entre outros.

13. QUER DIZER QUE TODO AQUELE QUE MORRE EM PECADO MORTAL ESTÁ CONDENADO?

Merece a condenação eterna. Porém, somente Deus, que é justo e misericordioso e que conhece o coração de cada pessoa, pode julgar.

14. E SE TENHO DÚVIDAS SE COMETI PECADO GRAVE OU NÃO?

Para que haja pecado grave (mortal) é necessário:

a) conhecimento, ou seja, a pessoa deve saber, estar informada que o ato a ser praticado é pecado;

b) consentimento, ou seja, a pessoa tem tempo para refletir, e escolhe (consente) cometer o pecado;

c) liberdade, isto é, significa que somente comete pecado quem é livre para fazê-lo;

d) matéria, ou seja, significa que o ato a ser praticado é uma ofensa grave aos Mandamentos de Deus e da Igreja.

Estas 4 condições também são aplicáveis aos pecados leves, com a diferença que neste caso a matéria é uma ofensa leve contra os Mandamentos de Deus.

15. SE ESQUECI DE CONFESSAR UM PECADO QUE JULGO GRAVE?

Se esquecestes realmente, o Senhor te perdoou, mas é preciso acusá-lo ao sacerdote em uma próxima confissão.

16. E SE NÃO SINTO REMORSO, COMETI PECADO?

Não sentir peso na consciência (remorso) não significa que não tenhamos pecado. Se nós cometemos livremente uma falta contra um Mandamento de Deus, de forma deliberada, nós cometemos um pecado. A falta de remorso pode ser um sinal de um coração duro, ou de uma consciência pouco educada para as coisas espirituais (por exemplo, um assassino pode não ter remorso por ter feito um crime, mas seu pecado é muito grave).

17. A CONFISSÃO É OBRIGATÓRIA?

O católico deve confessar-se no mínimo uma vez por ano, ao menos a fim de se preparar para a Páscoa. Mas somos também obrigados toda vez que cometemos um pecado mortal.

18. QUAIS OS FRUTOS DE SE CONFESSAR CONSTANTEMENTE?

Toda confissão apaga completamente nossos pecados, até mesmo aqueles que tenhamos esquecido. E nos dá a graça santificante, tornando-nos naquele instante uma pessoa santa. Tranquilidade de consciência, consolo espiritual. Aumenta nossos méritos diante do Criador. Diminui a influência do demônio em nossa vida. Faz criar gosto pelas coisas do alto. Exercita-nos na humildade e nos faz crescer em todas as virtudes.

19. E SE TENHO DIFICULDADE PARA CONFESSAR UM DETERMINADO PECADO?

Se somos conhecidos de nosso pároco, devemos neste caso fazer a confissão com outro padre para nos sentirmos mais à vontade. Em todo caso, antes de se confessar converse com o sacerdote sobre a sua dificuldade. Ele usará de caridade para que a sua confissão seja válida sem lhe causar constrangimentos. Lembre-se: ele está no lugar de Jesus Cristo!

20. O QUE SIGNIFICA A PENITÊNCIA DADA NO FINAL DA CONFISSÃO?

A penitência proposta no fim da confissão não é um castigo; mas antes uma expressão de alegria pelo perdão celebrado.

Padre Wagner Augusto Portugal

segunda-feira, 15 de março de 2010

Mensagem de Bento XVI para a Jornada Mundial da Juventude 2010

Bento XVI lembrou aos jovens um elemento essencial para a elaboração do projeto de vida.

"Somos chamados à eternidade. Deus nos criou para estar com Ele, para sempre. Isso vos ajudará a dar sentido pleno às vossas escolhas e a agregar qualidade à vossa existência".

NA ÍNTEGRA: Mensagem de Bento XVI para a Jornada Mundial da Juventude 2010


O direcionamento faz parte da mensagem que o Pontífice escreveu por ocasião da Jornada Mundial da Juventude deste ano, que será celebrada nas dioceses de todo o mundo no Domingo de Ramos, 28 de março.

O Papa retomou o tema proposto por João Paulo II na primeira edição do evento (1985) - "Bom Mestre, que devo fazer para alcançar a vida eterna?" (Mc 10, 17).

A partir desse relato evangélico - conhecido como a parábola do jovem rico -, Bento XVI destacou a grande atenção de Jesus pelos jovens e suas expetativas e esperanças, bem como o "grande desejo" do Senhor em dialogar pessoalmente com cada um.

"De fato, o cristianismo não é primariamente uma moral, mas experiência de Jesus Cristo [...]. Neste amor se encontra a fonte de toda a vida cristã e a razão fundamental da evangelização: se temos verdadeiramente encontrado Jesus, não podemos deixar de testemunhá-lo àqueles que ainda não encontraram o seu olhar!"

O Santo Padre incentivou os jovens a não perder a coragem e não renunciar a seus sonhos. "Ao contrário, cultiveis no coração o grande desejo de fraternidade, justiça e paz. O futuro está nas mãos de quem sabe procurar e encontrar razões fortes de vida e de esperança".

Projeto de vida

O Papa defendeu que os jovens de hoje também se colocam frente à pergunta "O que devo fazer?", diante de escolhas fundamentais que interrogam o sentido da existência. Tais questionamentos não merecem respostas superficiais, pois ajudarão a atender as expectativas de vida e felicidade, garante o Papa.

"Não tenhais medo de afrontar essas questões! [...] Para descobrir o projeto de vida que pode fazer-vos plenamente feliz, colocai-vos em escuta a Deus, que tem o seu plano de amor por cada um de vós. Tenhais certeza de que Ele vos responderá. Não tenhais medo de sua resposta!", exclamou.

Vocação e vida eterna

Vem e segue-me é o convite de Jesus ao jovem rico. A esse respeito, o Santo Padre ressaltou que a vocação cristã é proposta de amor que somente pode se realizar através de uma resposta de amor. "A tristeza do jovem rico do Evangelho é aquela que nasce no coração de cada um quando não se tem a coragem de seguir a Cristo, de fazer a escolha certa. Mas nunca é tarde demais para responder-Lhe!"

O Pontífice pediu que os jovens permaneceçam atentos para perceber se o Senhor lhes convida a uma entrega radical da vida, seja como padres ou na vida religiosa e consagrada. "Ele [Jesus] sabe doar profunda alegria àqueles que respondem com coragem!", disse Bento XVI.

Aos que sentem a vocação para o matrimônio, o Papa instou "a acolhê-la com fé, empenhando-se em colocar uma base sólida para viver um amor grande, fiel e aberto ao dom da vida, que é riqueza e graça para a sociedade e para a Igreja".

Sobre o significado da vida eterna, o Santo Padre explicou que as palavras de Jesus "indicam uma proposta exaltante de felicidade sem fim, da alegria de ser preenchido pelo amor divino para sempre".

O Papa defendeu que a ação de se interrogar sobre o futuro definitivo da vida ajuda a dar sentido pleno à existência, com base em horizontes mais amplos, "que ajudam a não absolutizar a realidade terrena, sentindo que Deus nos prepara um perspectiva mais ampla".

Mandamentos

De acordo com Bento XVI, Jesus recorda ao jovem rico que os dez mandamentos são condições necessárias para alcançar a vida eterna porque educam o homem para a verdadeira liberdade. "Escutá-los e colocá-los em prática não significa se alienar, mas encontrar o caminho da liberdade e do amor autêntico, porque os mandamentos não limitam a felicidade, mas indicam como encontrá-la".

Por fim, o Santo Padre convidou os jovens a conhecer a vida dos santos e a se empenharem na construção da civilização do amor. "Se seguirdes a sua palavra, também a vossa estrada se iluminará e vos conduzirá a metas elevadas, que dão alegria e sentido pleno à vida", concluiu.

Jornada Mundial da Juventude

2010 marca os 25 anos da primeira Jornada Mundial da Juventude, instituída pelo Papa João Paulo II para que as novas gerações cristãs entrassem em atitude de escuta da Palavra de Deus, descobrissem a beleza da Igreja e vivessem uma experiência forte de fé.

A importância do jejum

A Igreja chama o jejum, a esmola e a oração de “remédios contra o pecado”; pois cada uma dessas atividades, a seu modo, nos ajudam a vencer o maior mal deste mundo, o pecado. A oração nos fortalece em Deus; a esmola (obras de caridade) “cobre uma multidão de pecados”; e o jejum fortalece o nosso espírito contra as tentações da carne e do espírito e nos liberta e abre para os valores superiores da alma.

“Ordenai um jejum” (cf. Jl. 1, 14). São as palavras que ouvimos na primeira leitura da Quarta-feira de Cinzas, quando começa a Quaresma. O jejum no tempo quaresmal é também a expressão da nossa solidariedade com Cristo, preso, torturado, flagelado, coroado de espinhos, condenado à morte, crucificado e morto.

Ao jejuar devemos concentrar-nos não só na prática da abstenção do alimento ou das bebidas, mas no significado mais profundo desta prática. O alimento e as bebidas são indispensáveis para o homem viver, disso se serve e deve servir-se, mas não lhe é lícito abusar, seja da forma que for. O jejum tem como finalidade nos levar a um equilíbrio necessário e ao desprendimento daquilo que podemos chamar de “atitude consumística”, característica da nossa civilização.

O homem orientado para os bens materiais, muitas vezes, abusa deles. Hoje, busca-se, acima de tudo, a satisfação dos sentidos, a excitação que disso deriva, o prazer momentâneo e a multiplicidade cada vez maior de sensações. E isso acaba gerando um vazio no coração do homem moderno; pois sem Deus ele não pode se satisfazer. O barulho do mundo e o prazer das criaturas não conseguem preencher o seu coração.

A criança hoje (e também muitos adultos) vive de sensações, procura sensações sempre novas... E torna-se assim, sem se dar conta, escrava desta paixão atual; a vontade fica presa ao hábito, a que não sabe se opor.

O jejum nos ajuda a aprender a renunciar a alguma coisa. Ele nos faz capazes de dizer “não” a nós mesmos, e nos abre aos valores mais nobres de nossa alma: a espiritualidade, a reflexão, a vontade consciente. Essa prática nos coloca de pé e de cabeça para cima. Há muitos que caminham de cabeça para baixo; isso acontece quando o corpo comanda o espírito e o esmaga. É o prazer do corpo que o comanda e não a vontade do espírito.

É preciso entender que a renúncia às sensações, aos estímulos, aos prazeres e ainda ao alimento ou às bebidas, não é um fim em si mesmo, mas apenas um “meio” que deve apenas preparar o caminho para conquistas mais profundas. A renúncia do alimento deve servir para criar em nós condições para podermos viver os valores superiores. Por isso o jejum não pode ser algo triste, enfadonho, mas uma atividade feliz que nos liberta.

Os Padres da Igreja davam grande valor ao jejum. Diz, por exemplo, São Pedro Crisólogo (†451): “O jejum é paz do corpo, força dos espíritos e vigor das almas” e ainda: “O jejum é o leme da vida humana e governa todo o navio do nosso corpo” (Sermão VII: sobre o jejum, 3.1).

Santo Ambrósio (†397) diz: “A tua carne está-te sujeita (...): Não sigas as solicitações ilícitas, mas refreia-as algum tanto, mesmo no que diz respeito às coisas lícitas. De fato, quem não se abstém de nenhuma das coisas lícitas, está também perto das ilícitas» (Sermão sobre a utilidade do jejum, III. V. VII). Até escritores que não pertencem ao Cristianismo declaram a mesma verdade. Esta é de alcance universal. Faz parte da sabedoria universal da vida.

O Mahatma Gandhi dizia:

“O jejum é a oração mais dolorosa e também a mais sincera”. “Cada jejum é a oração intensa, purificação do pensamento, impulso da alma para a vida divina, a fim de nela se perder”. “O jejum é para a alma o que os olhos são para o corpo”. (Toschi, Tomas – Gandhi mensagem para hoje, Editora mundo 3, pag. 97, SP, 1977).

O jejum confere à oração maior eficácia. Por ele o homem descobre, de fato, que é mais “senhor de si mesmo” e que se tornou interiormente livre. E se dá conta de que a conversão e o encontro com Deus, por meio da oração, frutificam nele.

Assim, essa atividade não é algo que sobrou de uma prática religiosa dos séculos passados, mas é também indispensável ao homem de hoje, aos cristãos do nosso tempo.

A Bíblia recomenda muito o jejum, tanto o Antigo como o Novo Testamento; Jesus o realizou por quarenta dias no deserto antes de enfrentar o demônio e começar a vida pública; e muito o recomendou. “Quanto a esta espécie de demônio, só se pode expulsar à força de oração e de jejum” (Mt 17,20).

“Boa coisa é a oração acompanhada de jejum, e a esmola é preferível aos tesouros de ouro escondidos” (Tb 12,8).

O nosso jejum deve ser acompanhado de mudança de vida, de conversão, de arrependimento dos pecados e volta para Deus. O profeta Isaías chamava a atenção do povo para isso:

"De que serve jejuar, se com isso não vos importais? E mortificar-nos, se nisso não prestais atenção? É que no dia de vosso jejum, só cuidais de vossos negócios, e oprimis todos os vossos operários”. Passais vosso jejum em disputas e altercações, ferindo com o punho o pobre. Não é jejuando assim que fareis chegar lá em cima vossa voz. O jejum que me agrada porventura consiste em o homem mortificar-se por um dia? Curvar a cabeça como um junco, deitar sobre o saco e a cinza? Podeis chamar isso um jejum, um dia agradável ao Senhor? Sabeis qual é o jejum que eu aprecio? - diz o Senhor Deus: É romper as cadeias injustas, desatar as cordas do jugo, mandar embora livres os oprimidos, e quebrar toda espécie de jugo" (Is 58,3-6).

Cada um de nós tem a própria individualidade; por isso, cada um deve realizar a forma de jejum que mais lhe seja adequada. Este livro prático do monsenhor Jonas Abib, sobre o jejum, ajudará você a buscar a forma correta de viver esta prática espiritual tão importante.

Felipe Aquino

domingo, 14 de março de 2010

Esperança é uma virtude

Famílias, tenham esperança. Esperança não se compra, a esperança está dentro de você. Ela é um virtude. Fé, esperança e amor são três virtudes que estão dentro de você.

Na juventude pode ser a esperança do grande amor. A esperança do grande amor é uma esperança menor. A esperança de uma certa posição na profissão é um esperança menor. A esperança desse ou daquele sucesso determinante para a vida também é uma esperança menor.

Às vezes, aquelas pessoas que têm tudo sentem um vazio dentro do peito, esse vazio é a falta de esperança maior. O homem necessita de uma esperança que vá mais além, que dia após dia nos mantém a caminho. Nós precisamos ter esperança. Nós temos que ter uma direção.

Existe uma esperança que vai além e é essa esperança que temos de buscar a cada dia, não deixando de lado as esperanças menores. O Papa Bento XVI nos pede que sejamos ministros da esperança para os outros. Você precisa passar isso para outros. Dessa forma, você vai ajudar pessoas a caminhar. Mantenha o mundo aberto a Deus.

Querem retirar os crucifixos, aprovar o aborto e a união do mesmo sexo. O Catecismo da Igreja Católica nos pede que sejamos fiéis, que geremos filhos e que os eduquemos na fé. Pense, imagine o Brasil, imagine o mundo assim. Ministros da esperança, mantenhamos o mundo aberto a Deus!

Neste período de carnaval vale a pena refletir: sua família está aberta a Deus? Com o coração transformado transformaremos o mundo. Um coração que se encontra com Deus, que é tocado por Deus, se transforma em alguém melhor. Precisamos fazer com que este mundo se abra para o Senhor. O seu coração é o mundo, porque dentro de você existe semente de eternidade. Você nasceu para um dia viver com Deus eternamente. A esperança maior é esta: a eternidade; o céu.

Uma pessoa que vive nesta terra sem a esperança de que existe um céu, quando perde as esperanças menores morre interiormente. O batismo sela o cristão com sinal indelével, nós batizados somos pertença de Cristo. A nossa missão maior é semear no seu coração que Jesus Cristo vai voltar. Mesmo que queiram tirar crucifixos das paredes – o que não poderão tirar é o nome de Jesus Cristo do nosso coração! Quando se fala de ser ministro da esperança quer dizer abastecer o povo [com os dons de Deus]. Aguardem o toque da trombeta de Deus e Jesus virá e nós iremos a Ele.

"Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue, verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai que me enviou vive, e eu vivo pelo Pai, assim também aquele que comer a minha carne viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu. Não como o maná que vossos pais comeram e morreram. Quem come deste pão viverá eternamente" (Evangelho de São João 6,54-58).

A nossa vida arrisca-se a ficar rapidamente sem esperança. Acabando a esperança acaba o ser humano, acaba a vida. Porque essa esperança tem nome: Jesus Cristo. Ele é a nossa esperança. Não troque a Eucaristia por nada. Famílias, tenham esperança!

Cleto Coelho

sexta-feira, 12 de março de 2010

Selo Personalizado em Comemoração aos 200 anos de Batismo da Serva de Deus Nhá Chica


Confie no Senhor

Quando nós pensamos em Nossa Senhora pensamos em alguém que fez a experiência com Deus. Peça ao Senhor que toque o seu coração, sobrecarregado de fardos. Os nossos corações estão, muitas vezes, tão carregados que impedem o Senhor de adentrar neles. Deixe que o Senhor toque no mais profundo do seu interior. Faça a experiência de ser filho amado de Deus e deixe seu coração ser inundado da misericórdia de Jesus. O Senhor cura, o Senhor ama e Ele quer nos fazer novas criaturas.

"Deus proverá extraordinariamente a quem extraordinariamente confiar" (São José Benedito Cotolengo). Crer em Deus é diferente de ter confiança.

"Portanto, eis que vos digo: não vos preocupeis por vossa vida, pelo que comereis, nem por vosso corpo, pelo que vestireis. A vida não é mais do que o alimento e o corpo não é mais que as vestes? Olhai as aves do céu: não semeiam nem ceifam, nem recolhem nos celeiros e vosso Pai celeste as alimenta. Não valeis vós muito mais que elas? Qual de vós, por mais que se esforce, pode acrescentar um só côvado à duração de sua vida? E por que vos inquietais com as vestes? Considerai como crescem os lírios do campo; não trabalham nem fiam. Entretanto, eu vos digo que o próprio Salomão no auge de sua glória não se vestiu como um deles. Se Deus veste assim a erva dos campos, que hoje cresce e amanhã será lançada ao fogo, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? Com que nos vestiremos? São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo. Não vos preocupeis, pois, com o dia de amanhã: o dia de amanhã terá as suas preocupações próprias. A cada dia basta o seu cuidado" (Evangelho de Mateus 6,25-34).

Até que ponto nós fizemos a experiência dessa proposta? Você vive como filho de Deus? É preciso que nós pensemos no crer e no confiar em Deus. O que o Senhor quer que nós vivamos é uma experiência plena de vivermos como filhos amados de d'Ele.

"Que teu coração deposite toda a sua confiança no Senhor! Não te firmes em tua própria sabedoria!" (Provérbios 3,5)

Há muitas pessoas que rezam muito, mas não rezam com fé e não rezam com confiança. Por isso, não se permitem fazer a experiência com Deus. Não fique confiando em você, permita que o Senhor aja em sua vida. Permita que Ele lhe dê a capacidade de empreender. Monsenhor Jonas Abib não ficou estribado em seus próprios conhecimentos, ele deixou Deus agir. Nós estamos preparados para olhar para o céu e deixar que Deus Pai cuide de nós? Quantos estão adoentados porque o “deus” dessas pessoas são as doenças. Quantos de nós estamos presos em nós mesmos.

É preciso que nós pensemos no nosso dia a dia. Você já tocou na Providência Divina? Você já viveu a experiência de Deus? Monsenhor Jonas acreditou e a Canção Nova aconteceu. Seja um homem novo a partir da experiência da Divina Providência. Confiar no Senhor é uma questão de fé. Entendam que independentemente da nossa fé ser pó, nós precisamos torná-la carismática. A fé carismática é a plena confiança em Deus de que Ele vai agir com sinais e com prodígios. É preciso que nós comecemos a pensar até que ponto nós confiamos em Deus. Os cristãos de hoje creem, mas não confiam. A fé abrange não só a crença, mas também a confiança. Existe muita diferença em crer que Deus pode responder à sua oração e crer que Ele vai respondê-la.

"Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto" (Evangelho São Mateus 7,7).

Nós precisamos lançar no coração de Jesus as nossas necessidades. Peçam até que lhes seja dado. Atormentem a Deus, não desistam de pedir e vocês vão ver os milagres acontecerem em suas vidas. Confiem em Deus de todo o coração!

O Senhor conhece você desde toda a eternidade; Ele o ama. É preciso que você queira fazer a experiência da esperança da fé de que Deus crê em nós. Você não é bastardo, você é filho de Deus! Você tem que aproveitar a condição de ser filho amado e eleito para ser filho de Deus. Confie no Senhor de todo o coração.

Júlio Brebal

quinta-feira, 11 de março de 2010

Canção Nova.com entrevista Dom Eduardo e Dom Altiere

"Queremos estar com os jovens, falar a linguagem dos jovens, nos aproximar deles, mas devemos levar alguma coisa para ajuda- los a crescer."

Em entrevista coletiva para os departamentos de mídia da Canção Nova, o Bispo Auxiliar de Campo Grande (MS), responsável pelo Setor Juventude da CNBB, Dom Eduardo Pinheiro, SDB, junto com Dom Antônio Carlos Altiere, SDB, Bispo de Caraguatatuba (SP) e responsável pelo Setor Juventude do Vale do Paraíba, falaram sobre os desafios da evangelização no ano em que a ONU anuncia "O Ano Internacional da Juventude" e também da possibilidade de o Brasil sediar a Jornada Mundial da Juventude de 2014.

Cancaonova.com: Qual seria o primeiro passo em relação àqueles jovens que ainda não tiveram um envolvimento direto com realidades religiosas?

Dom Altiere: Penso que o maior testemunho de Deus foi enviar seu Filho, que se encarnou em nosso meio. Portanto, a proposta mais eficaz deve partir deste exemplo: a nossa inserção, a presença, a aproximação, de deixarmos nosso lugar, a nossa experiência, a visão das coisas e estar próximo dos jovens. Este é o primeiro passo para cativá-los, para poder penetrar no seu mundo com nossa linguagem e que possam nos entender e perceber a mensagem que queremos trazer, sabendo que nem sempre o êxito acontece. O próprio Jesus nos trouxe a riqueza da Salvação, mas não foi entendido por todos, então nos deixou a missão de continuarmos tentando semeá-la. A primeira atitude concreta é ir ao encontro, a estar no meio.

Dom Eduardo: Percebemos, no Evangelho, que nos narra sobre os discípulos de Emaús, uma orientação com referência a isso. Mesmo sendo os discípulos de Jesus, pessoas que estavam acreditando na proposta de d'Ele, houve momentos de crise, de dúvidas e angústias. Jesus chega nesta atitude de aproximação, de entender a sua realidade, as suas angústias, as dúvidas e os seus medos. Esse é um procedimento eficaz que dá certo, ou seja, entrar no mundo do jovem e entender quais são as suas perguntas e não se assustar com elas ainda que pareça um absurdo para nós adultos.
A atitude de Jesus Cristo é a aproximação e não só de conhecimento, pois este sabia o que se passava no coração desses discípulos desanimados. O fato de querer conhecer a vida dos jovens, os seus problemas e angústias, já revela em si o fato de se aproximar. Um carinho, uma atenção toda especial que faz o jovem acreditar na nossa proposta, na nossa presença, confiando em nós enquanto pessoas enviadas por Deus para ajudá-los, para auxiliá-los, animá-los e fazer com que o projeto de Jesus Cristo seja conhecido, acolhido, amado e vivenciado.

cancaonova.com: A ONU (Organização das Nações Unidas) declarou ser este ano o "Ano Internacional da Juventude". Qual o papel do jovem na Igreja?

Dom Eduardo: Essa notícia é algo muito recente. Já começando o ano soubemos desta proclamação da ONU e não podemos ficar de fora por vários motivos. Primeiro, porque a juventude é uma parcela muito querida pela Igreja. Podemos até não saber o que fazer com ela, junto com ela mas, é uma parcela muito querida. Escrevemos um artigo, e mandei em nome da CNBB um comunicado aos Bispos do Brasil, dizendo que aproveitem esse momento que também a sociedade e o mundo está proclamando como um momento especial de olharmos de um modo unico para os jovens e entender , se aproximar, criar um laço mais forte, tanto que o tema é: 'dialogo e entendimento mutuo'. A sociedade está percebendo este distanciamento, pois são dois grandes distanciamentos: O distanciamento da juventude com relação ao mundo adulto. Há uma linguagem nova que nós adultos não estamos entendendo, conectando, é preciso então ter esse diálogo, paciência em todos os setores sociais, eclesiais e a relação humana. Outro distanciamento é o dialogo dos jovens com a realidade do mundo. Alguns elementos que a ONU chama a atenção dentro deste ano é com a relação às problemáticas do mundo, tanto dos problemas ecológicos como também a miséria, o sofrimento e a violência. Como o jovem dialoga com esta realidade agressiva, que no fundo trás uma vontade de fugir. A problemática da droga, por exemplo, que é uma maneira de fugir desta realidade que é gritante e que exige um posicionamento. Este 'Ano Internacional' é algo muito interessante, acreditamos que se levado a sério toda a Igreja pode crescer. Este comunicado é que principalmente a Igreja, os adultos da igreja, os leigos, clero, religiosos se aproximem dos jovens e os jovens não tenham medo, se aproximem dos adultos e assim criemos uma unidade maior.

Dom Altiere: A ONU fala para o mundo em geral e para a sociedade, mas penso que para a Igreja tem um aspecto muito particular, pois a juventude é o rosto da Igreja. A Igreja que tem a presença do Espírito Santo e do Cristo ressuscitado, que vive para sempre, que não envelhece. Tem 2 mil anos na contagem humana e na sua historia, mas a Igreja tem uma dimensão sobrenatural e de eternidade. Se qualquer grupo social se preocupa com a juventude, porque é uma certeza de qualidade para o futuro de um país, a Igreja com maior razão deve manter a vivacidade, a criatividade da própria vida nova, de quem nasce no tempo novo, de quem esta sintonizado com o momento histórico. Tanto com a tecnologia, como as crianças que já nascem com a habilidade, uma sintonia com esta linguagem que nós adultos vamos mais devagar. Por isso a Igreja precisa da juventude para ser esta novidade e ter o frescor da boa nova.

cancaonova.com: Este ano a Canção Nova, por iniciativa do Eto, declarou ser também o ano da juventude nessa obra de Deus. Podemos afirmar que esta ação é um importante auxílio no resgate da juventude por meio da espiritualidade da RCC?

Dom Eduardo: Todo o mundo que quer trabalhar com a juventude e que coloca isso como prioridade deve estar atento a ter todos os mecanismos de aproximação da realidade juvenil. As realidades dos jovens na sociedade são várias, existem várias juventudes. Elas se diferenciam por questões geográficas, poder aquisitivo, miséria, drogas e universidade, então temos essa diversidade. Primeiro, devemos nos aproximar das diversas juventudes, entender sua realidade. Segundo, não perder o foco, pois queremos estar com os jovens, falar a linguagem dos jovens, aproximarmo-nos deles, mas devemos levar alguma coisa para ajudá-los a crescer. Muitas coisas vamos descobrir no caminho, mas o nosso foco é Jesus Cristo. O Evangelho tem um projeto do Reino de Deus, que nos fala de amor ao próximo, de fidelidade ao Pai e de corresponsabilidade com relação aos irmãos. Provoque nos jovens este olhar atento, bonito, saudável com relação a Deus e ao próximo, para que, crescendo nesta sensibilidade do amor a Deus e ao próximo, estejamos cumprindo o Evangelho. Estes são os elementos para dinamizar uma bonita prioridade, e que isso não seja somente neste ano.

Dom Altiere: Vejo essa intuição, a decisão do Eto de definir o ano da juventude, que já é um fruto do reforço carismático da Família Salesiana. No momento em que isso se consolida em um gesto concreto de sintonia e de resposta à ação do Espírito , que fez esta família se unir e crescer. Vejo a Canção Nova como tal, que tem este carisma da comunicação e vive a experiência da Renovação, um momento histórico, oportuno, porque nos fala Papa Bento XVI que precisamos partir de uma experiência pessoal com Jesus Cristo. Essa experiência em cada época teve um modo de atingir um 'tendão de Aquiles' por onde entrar; seja pela cultura, seja pela parte acadêmica, social, política. Hoje vemos, fruto do nosso mundo moderno, o capitalismo desenfreado, o individualismo crescente que leva à solidão e à carência. A coincidência do momento histórico, da necessidade do nosso povo, dos nossos jovens e a riqueza da redescoberta da força do Espírito na Igreja, que toca a pessoa no seu todo e não só na razão, é um momento histórico do Espírito, e portanto, daquela comunidade que tem a experiência concreta e vive esta espiritualidade. Por essa razão, é uma linguagem mais acessível e mais compreensível para os jovens. Esta missão não é para descobrir a missão de outros nem outros grupos da vida Salesiana na Igreja. Vocês têm, neste momento, o privilégio por estas coincidências que o Espírito suscita no tempo, aquele grupo que foi preparado, sonhado por Ele e que responde à Igreja atuante naquele momento histórico. Sempre haverá todas as outras urgências e necessidades, por isso, a manutenção dos demais carismas. Hoje, a necessidade do mundo e da juventude tem uma clara predisposição para que a Renovação Carismática e a Canção Nova possam ser o carro-chefe da comunicação deste grande valor que é a salvação e a santidade que Jesus quer nos dar.

cancaonova.com: Quais as possibilidade de a Jornada Mundial da Juventude ser no Brasil?

Dom Eduardo: As possibilidades são muito grandes. Desde 2007, quando em nome da CNBB, eu pedi ao Papa que ela fosse realizada no Brasil, porque todos viram a manifestação de alegria do Santo Padre quando ele esteve naquele encontro com a juventude no Estádio do Pacaembu, e desde aquela época, a CNBB tem enviado relatórios. Existem duas cidades que se pronunciaram que são: Belo Horizonte( MG) e Rio de Janeiro (RJ) e nós temos aí a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, então há possibilidade de a Jornada ser aí no meio desses dois grandes eventos. Nós estamos aí acompanhando e acreditamos que tem tudo para dar certo aqui no Brasil, nós precisamos agora acreditar e rezar para que tudo dê certo e já nos envolver neste ambiente de Jornada Mundial da Juventude. Nós vamos ter no ano que vem (2011) a Jornada Mundial da Juventude em Madri, e não é complicado ir a Madri. Talvez nós brasileiros não tenhamos ainda este hábito de ir para o exterior, mesmo porque as questões financeiras pesam bastante, mas não é impossível, porque hoje existem várias facilitações e se a gente se organizar e se planejar a gente consegue realizar o sonho, e eu acho que vai ser muito importante e significativo nós termos um bom número da juventude brasileira lá, porque é no penúltimo dia que o Papa anuncia oficialmente onde será a próxima Jornada. Estamos torcendo e temos a certeza de que Deus vai fazer a vontade d'Ele e a gente vai investir neste evento tão importante para a vida da Igreja, para a sociedade e para a juventude em geral.

terça-feira, 9 de março de 2010

Quaresma: Tempo de Misericórdia

Estamos vivenciando um tempo muito forte em nossa vida, em nossa caminhada cristã: o tempo da quaresma. A Igreja, neste período, nos concede a oportunidade de olhar para nossas misérias, reconhecendo nossa fragilidade, provocada pelos pecados cometidos.
É tempo de graça, tempo de misericórdia. É agirmos como o filho pródigo: voltar para a casa do Pai. Daí, devemos transferir esta imagem paterna ao nosso Deus. Um Deus misericordioso, amoroso, que nos espera a cada momento, e que, apesar das decisões que tomamos na vida, sendo elas boas ou não, estará sempre disposto a nos acolher em seu infinito amor.
Deus dá plena liberdade para trilharmos nossos caminhos, assim como nos apresenta o evangelista Lucas, que mostra, nesta parábola do filho pródigo, o pleno respeito da liberdade que o pai concede a seu filho, confiante na força do amor que sustenta a vida. O bem maior, que é a liberdade, tem o amparo do amor misericordioso. Desaparece aqui, a imagem do deus poderoso que castiga os que dele se afastam. Jesus revela o Deus de amor, da reconciliação e da misericórdia.
Aí está o encanto da quaresma: retornar para a casa do Pai, receber seu perdão, para bem celebrar a Páscoa do Senhor. É comungar a vitória da cruz sobre a morte, dando a cada um, o desejo maior de participar da glória do Cristo Ressuscitado.
O tempo de misericórdia é agora. Por isso, sempre busque este amor, que nos é dado por meio do sacramento da reconciliação. Volte para a casa do Pai, pois Ele te espera e te ama, para ao seu lado sempre estar.
Não deixe esta oportunidade passar, como muitas vezes, já foi passada. Viva com intensidade este grande retiro espiritual, pois nunca será em vão o desejo de ser um homem novo, uma mulher nova. Pelo contrário, será um grande renascimento para uma vida nova, mergulhada na graça de Deus.
Mário Quirino Rabelo
Seminarista da Diocese de Campanha

CASTIDADE

Meditando a Ladainha de Nossa Senhora, chegamos à invocação em que Maria é para nós um modelo de castidade: virgem, imaculada, pura e santa!
Castidade é uma daquelas palavras que usamos cada vez menos.
Não admira que alguns jovem nem saibam bem o que significa castidade.

A castidade não indica apenas algo que NÃO devo fazer, mas exatamente uma virtude que DEVO cultivar nos pensamentos e desejos.

Para ser casto não basta eliminar toda a malícia, pecados sexuais, impurezas, infidelidades, etc.
É preciso algo mais.
A castidade é o amor vivido do jeito certo.
Ser casto é respeitar a dignidade do corpo, da mente e do coração .
A castidade habilita a pessoa à comunhão.

Permite ver o sexo como um dom maravilhoso que o criador nos deixou para que pudéssemos completar a sua obra gerando e cuidado da vida.
Usar este dom apenas em proveito próprio, como na masturbação, entristece o coração e provoca uma profunda frustração.
A castidade é a irmã da felicidade.

Um casal precisa ser casto.
Esta não é uma virtude apenas para os que fazem “voto de castidade”, como os religiosos e religiosas.

Um casal casto sabe os limites e conhece as possibilidades de sua vida sexual.
Isto não significa somente evitar isto ou aquilo.
Castidade matrimonial significa sensibilidade masculina e feminina, reconhecer o outro no seu universo, exercitar-se na comunhão até nos pequenos gestos, celebrar a festa da vida no sorriso do neném.

A castidade supõe uma disciplina permanente que torne possível o auto-domínio. Para ser casto é preciso exercitar-se como o atleta que se prepara para uma corrida. Aquele que vive ao sabor de seus desejos e paixões é na verdade um escravo.
A dependência sexual às vezes ultrapassa os limites do vício e chega à ser uma doença, uma tara, uma neurose.

Educação sexual é mais do que conhecer algumas coisas sobre o aparelho reprodutor humano nas aulas de ciências da oitava série.
É aprender a administrar com sabedoria e prudência esta potência de vida que Deus colocou em cada um de nós.
Para viver a castidade é preciso a inteligência de não manter-se próximo do abismo. Ninguém quase-peca.

Ou pecamos ou não pecamos.
Se eu sei que em determinado ambiente vou cair. é melhor evitar!
Se não evito, já pequei.

Normalmente a castidade começa pelo olhar.
É um pecado social pelo qual a humanidade pagará caro, o uso da pornografia nos anúncios públicos.
Não há como não ver.

A insinuação provoca o pensamento e pode criar dificuldades na castidade.
Porém, uma coisa é ser involuntariamente provocado.
Outra coisa é procurar imagens, revistas, conversas maliciosas.

Alguém poderia perguntar: Mas ainda é pecado? O mundo evoluiu!!! A Igreja ainda está nessa? Não se esqueça que o mundo gira. A moda de ontem já passou. A de hoje passará. Promiscuidade e droga estão na moda, mas nem por isso devemos canonizá-las. O crime também está na moda. Faz sucesso nas telas do cinema. Mas isto não é eterno. A libertinagem é um dogma inquestionável dos mundos modernos. Adultério, masturbação, fornicação, pornografia, prostituição, estupro, luxúria, são nomes clássicos do pecado que vem da mesma raiz da “falta de castidade”.

Pecou, confesse!

O bonito ideal da castidade é conquistado com muita luta, mas também com oração. Diante de um momento de tentação será muito útil voltar seu olhar interior para Maria e repetir: Mãe castíssima, rogai por nós!

Padre Joãozinho

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia Internacional da Mulher

Muitas pessoas passam por nossa vida e não poderíamos deixar de mencionar a participação daquelas que deixaram marcas sensíveis em nossas lembranças. Trazemos vivos na memória os cuidados da nossa mãe, que se desdobrava 24 horas do dia se fosse necessário, as recordações de nossas férias na casa da vovó, da professora que nos ensinou a ler, entre muitas outras.

Numa simbiose perfeita, não há como identificar se foram elas que entraram em nossas vidas ou fomos nós que fizemos parte da vida delas. O zelo dispensado para cada um de nós, quando éramos crianças, fazia-nos sentir tal como “reizinhos”, mesmo se naquele “castelo” as refeições fossem racionadas em vista da pobreza. Na escola, além da professora, ganhávamos também uma “tia”, que não se importava se houvesse 30 outros "sobrinhos" chamando seu nome ao mesmo tempo. Por menor que tenha sido o período em que elas estiveram conosco, grande foi a atenção e a contribuição dispensada para cada um de nós.

No mundo, algumas mulheres se despontaram através do trabalho, impulsionadas por seus sonhos e, não menos importantes que essas, reconhecemos o papel de outras que foram moldura da realização dos nossos próprios projetos. Lamentavelmente, em alguma parte do planeta ou escondidas entre quatro paredes, existem mulheres que são tratadas sob o domínio da tirania, da incompreensão, da maldade e do preconceito de alguns homens. Todavia, mesmo sendo subjugadas por seus opressores, estes não conseguem tirar a força da esperança que as incita a continuar acreditando em dias melhores.

Com a versatilidade que causaria inveja ao melhor contorcionista, as mulheres trazem como virtude a habilidade de se fazer amiga, mãe, esposa, namorada, formadora… e por dádiva divina, a elas foi outorgado o título de “ajuda perfeita”.

Não é à toa, que sem muito esforço, a gente consegue perceber o quanto tem sido importante para cada um de nós a participação delas em nossa vida.

Tudo bem se, às vezes, demoram um pouco mais para escolher a roupa para sair, para se decidir na compra de um simples sapato ou para levar na bolsa apenas aquilo que realmente é necessário…mas, ainda assim, não podemos negar o quanto somos felizes ao lado delas!

Parabéns, mulheres, pelo seu dia!

domingo, 7 de março de 2010

EvangelizaShow em Bapendi - MG

Algumas fotos do EvangelizaShow que aconteceu dia 06 de março de 2010:




Foi apresentado um Teatro com o Tema:


"FAMÍLIAS RESTAURDAS."






quinta-feira, 4 de março de 2010

Economia e vida

Já é auspiciosa uma Campanha da Fraternidade ecumênica. Ela mostra que é possível as Igrejas se entenderem em torno das questões importantes, que dizem respeito à vida. Uma campanha ecumênica começa fazendo o serviço de casa, advertindo as religiões que elas precisam se colocar a serviço da vida, se querem ter sentido e se pretendem ser acolhidas no seio da sociedade. Colocando-se em função das questões vitais, as religiões aprendem também a relativizar as diferenças, e a minimizar as controvérsias. A fé ilumina a vida, mas a vida motiva e direciona a fé.

Juntas, as Igrejas que compõem o Conic - Conselho Nacional de Igrejas Cristãs - se sentiram animadas a desafiar a sociedade brasileira a olhar de frente a economia, com a convicção de que ela pode ser pensada em função da vida de todos. Daí o tema da campanha: Fraternidade e Economia, com um lema que logo coloca o dedo na ferida: “não podeis servir a Deus e ao dinheiro!”, citando a frase contundente de Jesus.

O lema é, certamente, desafiador. Ele logo diferencia o absoluto do relativo. Só Deus é absoluto, o dinheiro não! E por derivação, nada é absoluto na economia, nem a pretensa imutabilidade de suas leis, como se apregoou nos tempos áureos em que o sistema econômico hegemônico no mundo parecia estar com a razão, com a verdade, e com o dinheiro.

A recente crise econômica mundial deixou bem claro que a economia precisa estar submetida a critérios que a regulem, a direcionem para suas verdadeiras finalidades, e a tornem viável e adequada às possibilidades reais que a condicionam e a fazem buscar sua racionalidade e sua função no contexto do mundo em que vivemos.

A primeira tarefa da campanha da fraternidade deste ano é desmontar a pretensa autossuficiência do mercado, expressão cabal do sistema econômico predominante nos últimos séculos. A economia é uma atividade humana, com profundas incidências na vida das pessoas, e que necessita ser guiada por critérios éticos, que lhe deem não só viabilidade prática, mas também finalidade e sentido humano.

Na verdade, o desafio é complexo. O seu enfrentamento precisa ser feito de maneira global e solidária. Repensar a economia mundial, para que ela se realize em sintonia com as exigências ecológicas e esteja a serviço da vida de toda a humanidade, não é tarefa a ser realizada por iluminados que detenham soluções mágicas ou arbitrárias. E um desafio que pede a participação adequada e responsável de todos. O tamanho do problema convida para uma postura de diálogo e de colaboração. A crise mundial da economia é oportunidade para despertar sentimentos de moderação e de busca coletiva de soluções. Já é apelo para a fraternidade.

Mas a campanha não se limita à dimensão macroeconômica, por mais importante que ela seja, e por mais que convoque os governantes para a busca de soluções. Pois a economia, além de sua evidente dimensão global, apresenta também aspectos práticos e cotidianos, que interferem diretamente na vida das pessoas. Por isso, faz parte dos objetivos da campanha explicitar as repercussões cotidianas da economia, para perceber como ela pode se tornar terreno propício para a prática da solidariedade.

Neste sentido, pode parecer estranho que uma realidade como esta, com tantas incidências humanas, tenha demorado tanto para ser abordada por uma campanha de fraternidade. Em todo o caso, agora a campanha chega num bom momento, favorecido pela abertura ecumênica e pela consciência ecológica.

Neste contexto, recebem motivação e interesse as experiências de economia solidária que poderão ser divulgadas. Em todo o caso, estamos diante de uma campanha com evidentes apelos globais, mas também com abundantes oportunidades concretas da prática da solidariedade no exercício da economia.

Um bom convite, que chega em boa hora!

Dom Demétrio Valentini
Bispo Diocesano de Jale

Como conciliar Quaresma e Campanha da Fraternidade?

Campanha da Fraternidade 2010

A Quaresma é um tempo forte de oração, penitência e caridade como exercícios de conversão, que nos preparam para viver a Páscoa, ressurreição e vida nova em Cristo Jesus. Inspirada nos quarenta anos em que o povo de Deus viveu no deserto se purificando para entrar na Terra Prometida e os quarenta dias em que Jesus viveu no deserto antes de iniciar Sua missão na vida pública. A oração, o jejum e a esmola são os elementos fundamentais da espiritualidade quaresmal, nós somos chamados – na Escuta da Palavra de Deus, na participação nos Sacramentos e na vida comunitária – a atualizar o mistério de Cristo e Sua salvação na vida da Igreja hoje.

Neste tempo de reflexão, cujo objetivo é a transformação da nossa vida, penso que numa espiritualidade que não gera vida e transformação não é autenticamente cristã. Não somente a minha vida, os meus interesses, mas o de todos, ou seja, o bem comum de todos os irmãos, a sociedade. A Campanha da Fraternidade 2010 reflete sobre a “Fraternidade e Economia”, tendo como lema: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” (cf. Mt 6,24). Suscitando em nós o debate sobre a economia e a fé em Deus a serviço do bem comum, por uma economia a favor da vida! Para rezar e fazer pensar na verdadeira finalidade do dinheiro e dos bens de consumo, do consumismo e do valor das coisas e da pessoa humana em relação ao bem material e ao relacionamento com Deus Pai.

O que é economia? É a ciência social que estuda a produção, distribuição e consumo de bens e serviços. O termo "economia" vem do grego "oikos" (casa) e "nomos" (costume ou lei) ou também gerir, administrar: daí "regras da casa" (lar) e "administração da casa".
"Dinheiro" vem do latim "denariu". Moeda corrente, valor representativo de qualquer quantia. Nome comum a todas as moedas. Numerário, quantia, soma. Todo e qualquer valor comercial (cheques, letras, notas de banco etc.).
"Servir" vem do latim "servire". Estar a serviço de; prestar serviços a: Servia um bom amo. Prestar serviços; ser servo ou criado: Fora contratada para servir. Ajudar, auxiliar, ser útil, servidor, benfazejo: Gostamos de servir os amigos. Servir a pátria; servi-la com a pena ou com a espada. "O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir" (cf. Mateus, 20, 28).
Em minha opinião o grande desafio, além de não esvaziar a espiritualidade da Quaresma, é permitir que os exercícios quaresmais e a vivência do Mistério de Cristo possam me converter para a prática da justiça e da paz. A nossa proposta, para viver neste tempo, é uma conversão que extermine em nós e ao nosso redor todo tipo de serviço e idolatria ao dinheiro, servindo a injustiça e a corrupção dos bens e da alma. Como faremos isso? Trabalhando em nós e na nossa casa, comunidade, trabalho e escola como nos servimos do dinheiro e dos bens, qual a nossa verdadeira relação, produzir uma economia a favor da vida e da justiça.
Nesta formação nós não podemos esquecer os valores primordiais da vida, da partilha, do respeito, da igualdade dos valores cristãos, pois cidadãos bem formados e firmes nas hierarquias de valores não se deixam vencer pelos mecanismos da injustiça, que gera corrupção. Provocar uma atitude positiva do Estado, ou seja, nos governantes para que todos tenham, com dignidade e trabalho, a satisfação de suas necessidades pessoais e comunitárias. Crescer no diálogo, promovendo a reconciliação, o perdão, que é uma virtude cristã, exercitar a capacidade de promover o outro nas suas qualidades e diferenças, ajudando-o a sair da margem de nossa sociedade, isso é caridade. Nos exercícios da Via-Sacra, nas celebrações, nos grupos de orações e círculos bíblicos, iluminando com a nossa fé os nossos compromissos cristãos.
Este assunto é muito complexo, mas acho que consegui pensar numa proposta para casar bem dentro de nós Quaresma e Campanha da Fraternidade:

A nossa proposta para viver este tempo é uma conversão que extermine em nós e ao nosso redor todo tipo de idolatria ao dinheiro, consumismo, desigualdade social para construir o homem novo e reconstruir o mundo, que sirva a Deus Senhor e Juiz da História.

Oração: Ó Deus criador, do qual tudo nos vem, nós te louvamos pela beleza e perfeição de tudo que existe como dádiva gratuita para a vida. Nesta Campanha da Fraternidade Ecumênica, acolhemos a graça da unidade e da conivência fraterna, aprendendo a ser fiéis ao Evangelho. Ilumina ó Deus, nossas mentes para compreender que a boa nova que vem de ti é amor, compromisso e partilha entre todos nós, teus filhos e filhas. Reconhecemos nossos pecados de omissão diante das injustiças que causam exclusão social e miséria. Pedimos por todas as pessoas que trabalham na promoção do bem comum e na condução de uma economia a serviço da vida. Guiados pelo teu Espírito, queremos viver o serviço e a comunhão, promovendo uma economia fraterna e solidária, para que a nossa sociedade acolha a vinda do teu reino. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.
Tenha uma santa Quaresma.
Padre Luizinho