sábado, 8 de agosto de 2009

AS VOCAÇÕES SE PROLIFERAM EM UMA FAMÍLIA CRISTÃ, DIZ ARCEBISPO

Dom Orlando Brandes, presidente da Comissão Episcopal pastoral para a Vida e a Familia da CNBB e Arcebispo de Londrina (PR)
A família é o berço das vocações. Algo experimentado na família de Seu Ivo Santana e Dona Benedita Pedra dos Santos Santana. O casal que mora com a família na cidade de Lins, interior de São Paulo, conta a experiência vivida quando sua filha Tânia decidiu ser freira. Eles lembram que a família não frequentava muito a Igreja, mas sempre ensinaram o respeito por Deus e pela religião e, foi quando começaram a participar mais, que a filha sentiu o chamado. "A partir do momento que começamos a frequentar o Grupo de Oração da Renovação Carismática Católica (RCC), começamos a ficar mais na Igreja, nos tornamos servos do grupo e foi a partir daí que ela começou a sentir o chamado. Antes eu nunca imaginei que ela fosse ser irmã, mas depois disso, Deus já estava me preparando, eu fui vendo o jeito dela de falar, de agir, e as coisas foram acontecendo", conta Dona Benedita. Exemplo que mostra que o despertar das vocações acontece com mais naturalidade em uma família que ensina os valores cristãos.
De acordo com o presidente da Comissão Episcopal pastoral para a Vida e a Familia da CNBB e Arcebispo de Londrina (PR), Dom Orlando Brandes, quando a família é engajada na Igreja e a comunidade tem espiritualidade, está feita a ponte para a realidade vocacional. "Uma família onde não se reza, onde se fala mal da Igreja, onde o Domingo é desrespeitado, onde se vai mais ao shopping do que à Igreja, onde não há nenhum envolvimento com Deus (...), pode até surgir vocações sim, mas é bem mais raro, por outro lado, as vocações proliferam onde existe a religião, daí a importância dos pais transmitirem a religião aos seus filhos".
O incentivo
Dom Orlando explica ainda que os pais devem incentivar as vocações, sem impor, mas dar apoio. "A vocação sempre é um chamado e uma resposta pessoal, mas cabe aos pais motivar, se alegrar e, vamos dizer, ajudar o desenvolvimento de uma vocação ou, eles mesmos, serem inspiração desta vocação". Dona Benedita conta que, embora seja doloroso ver um filho sair de casa, é preciso apoiar sua decisão de seguir o chamado de Deus. "Se tiver alguém na família que é vocacionado é preciso dar apoio e confiar em Deus, rezar bastante para que ele siga o caminho, porque eles são felizes. Eles são felizes quando escolhem a vocação e aceitam o chamado. E, quando a família ajuda e não põe obstáculo, eles continuam em frente. Se Deus está chamando, eu acho que a gente não deve impedir não, e nem incentivar que desistam da idéia".
Seu Ivo concorda e em uma frase mostra seu apoio à vocação da filha: "Eu prefiro ela lá, do que ela aqui no mundo. Não sei o que ela pegaria aí pela frente, se estaria bebendo, fumando". Irmã Tânia se consagrou a Deus, há seis anos, na Fraternidade Jesus Salvador (Salvistas), e no mês de setembro fará seus votos perpétuos. Ela conta que é plenamente realizada. "Sou muito feliz, eu creio que se eu não tivesse dito sim à Deus eu seria feliz também, mas não da maneira como eu sou hoje. Eu sou realmente realizada, me realizo na minha vocação, naquilo que sou e faço, é inexplicável. É uma alegria que brota do coração, mesmo nos momentos difíceis. Você sabe que o Senhor está ali, e que nada é em vão".
Novas vocações
Mas o que as famílias podem fazer para dar mais vocações à Igreja? Dom Orlando explica que para as famílias terem filhos vocacionados, isso já começa no namoro do casal. "Quando um namoro é cristão, os namorados já se abrem para uma possibilidade vocacional". Ele explica, também, que a gestação é um momento especial de inspiração vocacional. "Quantos vocacionados dizem: 'minhã mãe desde pequeno, desde quando estava grávida de mim, me consagrou a Deus'. Isso tem força, não de imposição, mas tem valor". O arcebispo lembra ainda a importância do período da infância. "Uma criança nasce religiosa, ela se encanta com a Eucaristia, se encanta com as histórias bíblicas, com a oração, com a pregação, então é um momento especial de transmissão, de estímulo vocacional". "Depois vem a Catequese. É claro que os catequistas devem motivar vocações, e os sacerdotes fazer visitas à catequese, porque este é um momento especial de motivar as vocações em nossos filhos e filhas, enquanto ainda estão conosco na Igreja", destacou. E ressaltou novamente a importância da espiritualidade na família. "A oração, a espiritualidade dos pais em casa, os pais que falam bem dos sacerdotes, que participam de grupos de reflexão, de algum movimento. Esses pais já estão sendo pontes, sinalização para que a família seja uma motivadora, incentivadora de vocações". Dom Orlando explica ainda, que as famílias que tem filhos vocacionados são privilegiadas, mas não são melhores que as outras. "São privilegiadas no sentido de que Deus as abençoou porque elas foram fiéis à vontade Dele, por outro lado, essas famílias não são melhores do que as outras, mas elas são uma motivação para as outras. Assim como Deus escolheu o povo de Israel para ser o sinal do amor de Deus para outros povos, uma família que tem filhos vocacionados não se coloca numa posição de superioridade, mas ela é um sinal, uma motivação, para que outras famílias possam dizer 'nós também podemos ter um filho sacerdote, uma filha religiosa'".

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