Sobre o fundamento da consagração batismal e tendo recebido os valores evangélicos na vida familiar, há cristãos que recebem de Deus o chamado muito especial para servir a Igreja no ministério sacerdotal. No Novo Testamento, o único e eterno sacerdote é o próprio Jesus Cristo, pois somente ele, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, é o mediador entre Deus e a humanidade (1Tm 2,5; Hb 7,20-28). Da mesma forma, o único sacrifício que podemos oferecer ao Pai é aquele que o próprio Jesus Cristo ofereceu uma vez por todas, ou seja, o dom de sua própria vida, que se consumou no mistério de sua morte e ressurreição (Hb 10,11-12). Antes de sua morte de cruz, na quinta-feira santa, Jesus entregou à Igreja o sinal sacramental da Eucaristia, no qual se perpétua, em todos os tempos, a memória de seu único sacrifício redentor. “Fazei isto em memória de mim”, é a ordem de Jesus na última ceia (Lc 22,10; 1Cor 11,23-25). São Paulo também afirma: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos a morte do Senhor até que ele venha” (1Cor 11,26). Instituindo a Eucaristia, Jesus instituiu também o sacerdócio ministerial, pois consagrou os apóstolos como verdadeiros ministros que celebrariam, em seu nome, a memória do sacrifício da cruz. Neste momento, os apóstolos não são constituídos como outros sacerdotes ao lado do Cristo, mas são chamados a participar do único sacerdócio do próprio Jesus Cristo. Jesus permanece como o Sumo Pontífice, e os apóstolos, após sua ressurreição, agem in persona Christi, isto é, na pessoa do Cristo. São ministros através dos quais o próprio Senhor continua a nos tocar, para nos comunicar a graça redentora de sua paixão e ressurreição. O dom do sacerdócio é um mistério inefável, pois não conseguimos contemplar toda a profundidade desta identificação que se realiza entre Cristo e seu ministro, a tal ponto que, quando o ministro diz na celebração eucarística: “Isto é o meu corpo”, torna-se verdadeiramente presente para nós o corpo do Cristo ressuscitado-glorificado (Lc 22,10; 1Cor 10,16). Portanto, podemos afirmar que o ministério sacerdotal nasceu com a Eucaristia e em função da celebração eucarística. Todas as outras funções que Jesus também confiou aos apóstolos, tais como o anúncio do Evangelho, a celebração do batismo e a remissão dos pecados, convergem harmonicamente para o mistério da Eucaristia, no qual o Senhor Ressuscitado permanece sempre vivo em sua Igreja. O ministério sacerdotal que Jesus entregou aos apóstolos se perpetua na Igreja por meio do sacramento da Ordem, pois, pela imposição das mãos, o Espírito Santo continua a consagrar os bispos e presbíteros (padres), comunicando-lhes a participação no único sacerdócio do Cristo (2Tm 1,6). Como os apóstolos, os sacerdotes são chamados ao serviço da Igreja, no anúncio do Evangelho, na celebração dos sacramentos e no pastoreio do povo de Deus. Em tudo, devem imitar Jesus Cristo, o bom Pastor que entrega a vida por suas ovelhas (Jo 10,11). Na tradição latina, todos os sacerdotes vivem o celibato, a fim de se dedicarem inteiramente ao seu ministério.
Dom Cláudio da Silva Corrêa, OSB
Mosteiro de São Bento, São Paulo
Mosteiro de São Bento, São Paulo
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