O mundo atual tem provocado uma grande inversão de valores. Antigamente, os mais velhos eram mais respeitados porque se acreditava que a sua experiência conferia sabedoria aos demais. Os conselhos, as advertências deles eram de grande valia na solução dos obstáculos que os jovens deveriam enfrentar. Havia mesmo um consenso popular de que se deveriam respeitar os cabelos brancos dos idosos.
Sabemos que idade não confere a ninguém santidade, mas sabemos também que os idosos já sofreram mais decepções, já lutaram, já realizaram alguma coisa que os mais novos estão começando a querer realizar. Além disso, os sofrimentos por que passa uma pessoa que já viveu mais burilam o seu Ser, tornando-a mais capaz de compreender a vida como um todo.
O episódio da pecadora que estava sendo apedrejada nos remete a uma reflexão oriunda de um pequeno detalhe. Quando Jesus adverte de que quem não tiver culpa atire a primeira pedra, o texto fala que todos foram saindo, a começar pelos mais velhos.
Bem, podemos pensar que os mais velhos, por terem vivido mais, erraram mais. Porém, podemos pensar também que os mais velhos, justamente por terem vivido mais, têm maior consciência de suas faltas, por experiência e por terem desenvolvido, através dos anos, maior consciência do que é certo ou errado.
Grande parte ou a maioria das pessoas tem preconceito contra o idoso. Acham que ele é “gagá”, que não fala coisa com coisa, que está desatualizado. Mas se esquecem de que esse velho “gagá” foi quem construiu alguma coisa para que ele, jovem, hoje, tenha condições de vida melhor. Esquece-se também de que os jovens de hoje serão os velhos de amanhã e com menos jovens para cuidar deles.
Na Igreja também sentimos, às vezes, esse preconceito, infelizmente. Alguns preferem ouvir a homilia de um padre jovem e despreza as palavras de um padre idoso. Também alguns leigos idosos são rechaçados no seu trabalho pastoral, pela preferência pelo leigo jovem. É a sociedade influindo negativamente na Igreja.
Precisamos de sangue novo, é certo. Renovar é sempre positivo. Mas precisamos nos lembrar de que o espírito jovem não é privilégio dos moços. Há idosos que têm o coração cheio de amor, de esperança, de otimismo e que podem dar o seu quinhão por uma Igreja cada vez mais anunciadora do Evangelho. E há jovens que questionam tudo, sem encontrar soluções e que não têm nada a acrescentar ao enriquecimento da sociedade. É bom lembrar que existem jovens na idade e velhos na mentalidade; velhos na idade e jovens na mentalidade.
Na verdade, podemos debitar isso a jovens e velhos que, em busca de valores temporais, estão deixando de lado os valores eternos. A sociedade precisa ser revista, analisada novamente e refeita.
O amor não tem idade. Pode florescer e crescer no coração de crianças, de jovens, de adultos, de idosos. Afinal, somos todos Igreja e o respeito ao idoso deve ser uma demonstração de maturidade e de respeito em favor de um reconhecimento da colaboração que os idosos oferecem e podem oferecer à Igreja e ao mundo.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
Sabemos que idade não confere a ninguém santidade, mas sabemos também que os idosos já sofreram mais decepções, já lutaram, já realizaram alguma coisa que os mais novos estão começando a querer realizar. Além disso, os sofrimentos por que passa uma pessoa que já viveu mais burilam o seu Ser, tornando-a mais capaz de compreender a vida como um todo.
O episódio da pecadora que estava sendo apedrejada nos remete a uma reflexão oriunda de um pequeno detalhe. Quando Jesus adverte de que quem não tiver culpa atire a primeira pedra, o texto fala que todos foram saindo, a começar pelos mais velhos.
Bem, podemos pensar que os mais velhos, por terem vivido mais, erraram mais. Porém, podemos pensar também que os mais velhos, justamente por terem vivido mais, têm maior consciência de suas faltas, por experiência e por terem desenvolvido, através dos anos, maior consciência do que é certo ou errado.
Grande parte ou a maioria das pessoas tem preconceito contra o idoso. Acham que ele é “gagá”, que não fala coisa com coisa, que está desatualizado. Mas se esquecem de que esse velho “gagá” foi quem construiu alguma coisa para que ele, jovem, hoje, tenha condições de vida melhor. Esquece-se também de que os jovens de hoje serão os velhos de amanhã e com menos jovens para cuidar deles.
Na Igreja também sentimos, às vezes, esse preconceito, infelizmente. Alguns preferem ouvir a homilia de um padre jovem e despreza as palavras de um padre idoso. Também alguns leigos idosos são rechaçados no seu trabalho pastoral, pela preferência pelo leigo jovem. É a sociedade influindo negativamente na Igreja.
Precisamos de sangue novo, é certo. Renovar é sempre positivo. Mas precisamos nos lembrar de que o espírito jovem não é privilégio dos moços. Há idosos que têm o coração cheio de amor, de esperança, de otimismo e que podem dar o seu quinhão por uma Igreja cada vez mais anunciadora do Evangelho. E há jovens que questionam tudo, sem encontrar soluções e que não têm nada a acrescentar ao enriquecimento da sociedade. É bom lembrar que existem jovens na idade e velhos na mentalidade; velhos na idade e jovens na mentalidade.
Na verdade, podemos debitar isso a jovens e velhos que, em busca de valores temporais, estão deixando de lado os valores eternos. A sociedade precisa ser revista, analisada novamente e refeita.
O amor não tem idade. Pode florescer e crescer no coração de crianças, de jovens, de adultos, de idosos. Afinal, somos todos Igreja e o respeito ao idoso deve ser uma demonstração de maturidade e de respeito em favor de um reconhecimento da colaboração que os idosos oferecem e podem oferecer à Igreja e ao mundo.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)
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