domingo, 30 de agosto de 2009

MASCARAR AS PERDAS OU ACEITAR A VERDADE

Provavelmente você já tenha ouvido falar sobre a fábula atribuída a Esopo, lendário autor grego: “A Raposa e as Uvas”. Com pequenas variações, diz a narração que uma raposa vinha faminta pela estrada até que encontrou uma parreira com uvas maduras e apetitosas. Passou horas pulando tentando pegá-las, mas sem sucesso algum... Depois da luta e já cansada pelo esforço frustrado, saiu murmurando, dizendo que não queria mesmo aquelas uvas, porque afinal elas estavam verdes e não deviam ser boas. Quando já estava indo embora, um pouco mais à frente, escutou um barulho como se alguma coisa tivesse caído no chão... Não pensou duas vezes e voltou correndo por pensar que eram as uvas que estivessem caído, pois bem sabia que estavam maduras... Mas ao chegar lá, para sua grande decepção, era apenas uma folha que havia caído da parreira. A raposa virou as costas e foi-se embora resmungando, amargurada, pelo resto da vida.
Isso aconteceu com a raposa da fábula, mas não só com ela. Quantas vezes temos atitudes como esta diante dos nossos fracassos? Aliás, chega a ser uma tendência natural de quem não consegue atingir uma meta: denegri-la para diminuir o peso do insucesso. No entanto, esta postura não resolve o problema, pelo menos para quem deseja viver em paz consigo e com seus semelhantes. Ninguém é feliz, verdadeiramente, se não vive na verdade. “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará” (João 8, 32).
É verdade que precisamos aprender cada vez mais a difícil arte de saber perder para mantermos a paz interior, já que constantemente, conscientes ou não, vivemos a dinâmica da conquista e da perda. Se não lidarmos pacificamente com esse processo, correremos o risco de fugirmos da realidade e mentirmos para nós mesmos, quando a saída seria admitirmos nossos limites e buscarmos a superação com humildade e reconciliados com a dinâmica da vida.
A raposa sabia que as uvas estavam maduras e apetitosas e foi injusta consigo ao afirmar que estavam verdes e que não tinha interesse nelas. E nós? Nunca agimos assim? Ao mentirmos para nós mesmos optamos por viver na ilusão, travamos um duelo entre a verdade que está diante dos nossos olhos e a mentira que escolhemos ostentar. Não podemos seguir o exemplo do animal narrado na fábula. É tempo de reconciliação com a verdade que se esconde entre as máscaras, as quais, mesmo sem perceber, muitas vezes, vamos usando para disfarçar a dor das perdas.
A vida nos ensina que nem sempre ganhamos e nem sempre perdemos, mas uma coisa sempre acontece: acrescentamos experiência à nossa existência. Os erros trazem grandes lições e os acertos também, é preciso estar atentos aos detalhes.
Quando tudo parece perdido, calma! Sempre existe uma maneira de “virar o jogo”; por meio da fé, sabemos que Deus é o principal interessado em nos ajudar. Seu maior desejo é nos ver felizes. Recorramos a Ele!
Por mais que as “uvas”, que você deseja hoje, estejam distantes do seu alcance, não se desespere nem se engane dizendo que elas estão “verdes”. Admita a perda e lute pela vitória. O tempo é nosso aliado também nessa matéria.
Quem sabe se a raposa tivesse esperado um pouco não tivesse visto as uvas caírem aos seus pés? Talvez a vida hoje esteja lhe pedindo calma... O imediatismo próprio da nossa época, muitas vezes, nos rouba a sublime arte do saber esperar o tempo certo para cada coisa. Grandes sábios da história ensinam de diversas maneiras essa mesma lição.
Esperar o tempo de Deus, reconciliado com sua verdade, pode ser o caminho seguro para a felicidade que você procura. A cada amanhecer temos uma nova chance de acertar. Recomeçar, entre perdas e ganhos, faz parte da bonita dinâmica da vida.
Coragem! Temos um novo dia, uma nova chance.
Estamos juntos!

Dijanira Silva

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

VOCAÇÃO SALESIANA

“Em todo jovem, mesmo no mais infeliz, há um ponto acessível ao bem. A primeira obrigação do educador é buscar esse ponto, essa corda sensível do coração e tirar bom proveito”. Essa frase é de Dom Bosco, um dos santos que mais se doou para a juventude. Em seu centenário, o Papa João Paulo II nomeou-o como mestre e pai dos jovens. Seu trabalho pedagógico consistia em ensinar que para educar é preciso amar primeiro. Para ele, educação é missão, um jeito de santificar e tornar tanto os homens quanto o mundo, melhores.
O santo é fundador dos padres salesianos. Palavra esta empregada pelo próprio Dom Bosco para nomear seus seguidores, em honra a São Francisco de Sales. Ele nasceu na Itália, perto de Turim, no dia 16 de agosto de 1815, falecendo no mesmo lugar no dia 31 de janeiro de 1888. Era filho de pobres camponeses. Quis ser padre para trabalhar com crianças e jovens educando e evangelizando, segundo um projeto de promoção integral, visando formar “bons cristãos e honestos cidadãos”.
A história dos Salesianos no Brasil começou em 1883, quando um grupo de religiosos vindo da Itália, encaminhados por Dom Bosco, chegaram para colocar em prática seu carisma e pedagogia – baseados na “razão, na religião e no carinho” e atender as necessidades de uma população jovem e carente. Em princípio, se dedicaram ao ensino primário e das artes. Posteriormente, ao ensino secundário.
A primeira obra dos religiosos no país foi na cidade de Niterói, no Rio de Janeiro. Em 1892, chegaram ao Brasil as primeiras FMA – Filhas de Maria Auxiliadora, que estabeleceram a primeira obra em Guaratinguetá, em São Paulo. Foram criando escolas, paróquias, oratórios, obras assistenciais e sociais, escolas de nível infantil ao universitário, rádios comunitárias, editora, centros audiovisuais, além da obra missionária junto aos povos indígenas.
Atualmente, a missão salesiana está por todos os cantos do mundo, colaborando e contribuindo com a educação básica, profissionalizante, lazer, entretenimento, alimentação, moradia e evangelização de crianças e jovens. São mais 3.500 mil obras salesianas espalhadas em 128 países e em todos os continentes.
No Brasil, a obra de Dom Bosco – composta por irmãos e irmãs de vida consagrada, que fazem votos simples de castidade, pobreza e obediência - está presente nas seis regiões do país. Só no Estado de São Paulo, a Inspetoria Nossa Senhora Auxiliadora, coordenada por religiosos salesianos, é responsável pela animação de 103 comunidades educativo-pastorais – entre escolas, instituições universitárias, obras sociais, oratórios e paróquias – constituídas em 25 obras.
A primeira obra salesiana no Estado foi o Liceu Coração de Jesus, criada na capital paulista em 1885. O fundador da Comunidade Canção Nova, Monsenhor Jonas Abib, estudou na instituição quando tinha 12 anos.

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

EVITAR COMPANHIAS E LUGARES QUE PODEM LEVAR AO PECADO

Há um ditado popular que diz: “Antes sozinho que mal acompanhado”. Como entendê-lo? Estar sozinho, buscar a solidão é algo que assusta a todos nós, pois Deus não nos criou para o isolamento, mas sim, para vivermos em sociedade:
O SENHOR DEUS DISSE: “NÃO É BOM QUE O HOMEM ESTEJA SÓ; VOU DAR-LHE UMA AJUDA QUE LHE SEJA ADEQUADA” (Gênesis 2,18).
Já era uma preocupação do Altíssimo que não vivêssemos sozinhos, pois bem sabe o Senhor o quão difícil é o peso da solidão. Criou-nos para estarmos em sociedade. Mas, acontece que nem todos caminham na mesma direção, nem todos buscam o mesmo sentido.
Quando isso não acontece o que fazer?
Geralmente as pessoas se agrupam por afinidades, por grupos de interesse. Em nosso caso, cristãos que somos, estamos juntos, pois seguimos a Cristo e acreditamos em Suas palavras. Acontece que nem todos têm o mesmo pensamento que o nosso, aliás, a sociedade de hoje é uma sociedade pagã que, infelizmente, se distancia cada vez mais de Deus. Por isso, é um desafio constante cultivar amizades e relacionamentos nessa realidade.
Um princípio dos alcoólatras anônimos é: “Evitar o primeiro gole”. Ora, para evitar o primeiro gole é preciso evitar companhias, lugares e situações que podem provocar a queda e a volta ao vício. Na verdade, é a aplicação do princípio deixado por Jesus Cristo: “Vigiai e orai, para não cairdes em tentação”.
Oração e vigilância. Vigilância é exatamente isso: evitar companhias, lugares e situações que podem nos afastar de Deus, que podem nos levar ao pecado.
Se o outro não entender o motivo pelo qual evito sua companhia (e que isso seja feito não de forma agressiva!) e ele me der a oportunidade de lhe explicar, posso simplesmente dizer-lhe que minhas escolhas são distintas da dele. Caso perceba que ele não vá me entender, é preferível buscar refúgio no silêncio e na oração.
É dessa forma que dá para entender o ditado: “Antes sozinho do que mal acompanhado”, isto é, é preferível ficar sozinho que permanecer caminhando ao lado de pessoas que não me compreendem nem me auxiliam neste processo de busca de santidade que almejo.
No entanto, andar sozinho não quer dizer que eu tenho o direito de julgar o outro achando que ele está no caminho errado e eu no certo: certas coisas não precisam ser ditas. Cada um tem a sua consciência. Assim como não tenho o direito de me fechar caso a pessoa me procure: devo, como Jesus, estar sempre pronto a acolher e a ouvir, e caso seja solicitado a emitir a minha opinião sobre o que é correto, porque ensinar os ignorantes é uma obra de misericórdia.
Busquemos juntos a Divina Misericórdia e ela nos capacitará a buscar o outro de uma forma renovada.
Pe. Antônio Aguiar

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

PRECISAMOS REALIZAR O SONHO DE DEUS

“Ele nos escolheu para sermos santos e irrepreensíveis sob seu olhar, no amor” (cf. Efésios 1,4).
Este é o nosso primeiro chamado. Nossa primeira vocação.
O artista plástico pega o barro e o trabalha com as próprias mãos. Modela-o, dá a ele a forma que quer. Depois pinta e, por fim, leva ao forno para transformá-lo numa peça artística. É desse jeito que Deus trabalha em nós.
Não passamos de barro, mas o Senhor nos toma em Suas mãos e trabalha até chegarmos à forma que Ele quer. Depois disso Ele nos leva ao forno: é preciso passar pela prova do fogo. Assim como o artista contempla sua peça depois de pronta, Deus quer contemplar, com amor e alegria, a obra que Ele fez em nós. Sua meta é nos tornar santos e irrepreensíveis a Seus olhos no amor. Esta é a primeira vocação de todo batizado. Todas as outras vocações são formas concretas de vida a que Deus nos chama para que possamos realizar nossa primeira vocação: a santidade.Precisamos realizar o sonho de Deus: a nossa santificação. Não podemos decepcioná-Lo. Ele nos criou e nos predestinou para isso.
Deus o abençoe!
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

E SE EU DISSER "NÃO"?

Isso depende de que tipo de garota ela é. Uma jovem mulher me contou que chorou quando seu namorado disse que queria parar de fazer coisas sexuais, porque ela pensava que ele estava terminando o namoro. Mas então, ela disse: “Ele me assegurou que esse não era o caso, e que ele ainda me amava e queria me amar pela minha personalidade e não só pelo meu corpo. Eu fiquei maravilhada com isso”.
É surpreendentemente raro para uma mulher menosprezar um rapaz que quer guardar a inocência do relacionamento. Para testar isso, eu perguntei a mil jovens mulheres em minha pesquisa a seguinte questão: “Se você está indo longe demais com um rapaz, e ele lhe dá um beijo na testa e diz: ‘Eu acho que precisamos ir devagar, eu respeito demais você para fazer tudo isso com você, e eu quero me apaixonar por você pelos motivos certos’, você o acharia mais ou menos atraente por isso?”.
Quase 100 por cento das garotas – 995 – disseram que achariam o rapaz mais atraente. Uma garota disse que isso era “porque ela estaria pensando em nós [os dois] e não somente nele”. Outra garota disse: “Eu não vou mentir. No primeiro momento eu ficaria pensando: ‘O quê? Que tipo de homem diz isso?’ Mas depois naquela noite eu pensaria: ‘Eu realmente gosto desse rapaz’”.
Eu fiz uma última pergunta para essas jovens: “Alguns rapazes acham que ser virgem é embaraçoso. Como você se sentiria se um rapaz guardasse sua virgindade para você, sua noiva?”. De novo, as respostas, na esmagadora maioria, indicam a atratividade da pureza. Aqui estão algumas das respostas dadas por elas:
- “Esse é o tipo de rapaz que eu tenho que pegar antes que o resto das bilhões de garotas pegue!”
- “Pare de se preocupar sobre o que os outros vão dizer. Significa tanto que você espere!”.
- “Isso é atraente!”.
- “Está tudo bem em ser virgem. Na verdade, a maioria das garotas prefere assim”.
- “É preciso muita força de vontade para permanecer virgem, e eu amo rapazes assim, que não se importam com o que as pessoas dizem”.
- “Ele é mais homem que muitos outros rapazes”
- “Eles não deviam ficar envergonhados, pois eu não estou”.
- “Essa noiva é uma sortuda”.
- “Muitas garotas como eu acham estranho quando um cara fica com medo de ser virgem. Ele devia se orgulhar!”.
- Eu me sentiria uma princesa, porque é assim que eu quero me sentir na noite do meu casamento”.
- “Eu ia querer ficar mais perto dele!”
- “Essa é a coisa mais linda que um homem pode dar à sua noiva. Isso resume a essência do que é ser um homem, com uma só escolha. Ele prometeu à sua noiva sua vida inteira, inclusive seu corpo”.
- “Ele pode te respeitar mais se pode respeitar a si mesmo”.
Quase todas as garotas – 996 – disseram que se sentiriam amadas, honradas e mais atraídas a um rapaz assim. Das 4 que sobraram, uma expressou descrença que possa existir alguém assim, e as outras três foram indiferentes, dizendo coisas como: “Eu não o amaria mais nem menos se ele não fosse virgem”.
Toda garota deseja saber que é querida, desejada, amada e que merece ser protegida. Quando uma garota chega à universidade, muitas vezes, ela já perdeu a esperança por causa das coisas que ela viu (ou fez). Ela pode aceitar os “ficar” ou as relações casuais, mas no fundo de seu coração ela sonha com algo mais. Na verdade, mais mulheres do que eu posso contar chegam, para mim, nas universidades em que dou palestras e me perguntam a mesma coisa: “Todos os rapazes só estão interessados em uma coisa. Onde eu posso encontrar um homem decente?”.
Imagine se você tivesse de falar para uma dessas mulheres que você não quer nada de sexual agora. Se ela abandoná-lo por você querer ser puro, então você já sabe que, para começo de história, ela nunca o amou, por isso está melhor sem ela. Mas se ela continuar ao seu lado, então vocês vão se respeitar sempre. De qualquer modo, nós temos de enfrentar nosso medo de rejeição, se é que nós queremos um dia amar de verdade.
Como essa pesquisa mostrou, a maioria das mulheres espera encontrar um homem seguro de si, capaz de autodomínio. Mesmo que você já tenha perdido sua virgindade, você ainda pode escolher recomeçar e passar a viver a virtude da pureza. Não importa o passado, nunca é tarde para se tornar o homem que você quer e deve ser.
Trecho do livro: “Pure Manhood”, de Jason Evert. San Diego: Catholic Answers, 2008
Jason Evert

PRESIDENTE DA CNBB FALA SOBRE ACORDO ENTRE O BRASIL E A SANTA SÉ

O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Geraldo Lyrio Rocha, voltou a afirmar nesta quinta-feira, 20, que o acordo sobre o Estatuto Jurídico da Igreja Católica do Brasil, assinado em novembro do ano passado pela Santa Sé e pelo Brasil, não fere a Constituição Brasileira nem concede privilégios à Igreja Católica. "O acordo não fere em nada a Constituição Brasileira nem o Estado Laico, nem pretende conseguir privilégios para a Igreja Católica. A rigor, não há elementos novos no Acordo. Ele congrega num único instrumento jurídico, o que já está contido na Constituição Brasileira, na legislação do país e na jurisprudência", afirmou Dom Geraldo Lyrio, durante a entrevista coletiva concedida na sede da CNBB após o encerramento da reunião do Conselho Episcopal Pastoral da Conferência dos Bispos.
O vice-presidente da Conferência, Dom Luiz Soares Vieira, e o secretário geral, Dom Dimas Lara Barbosa, também participaram da coletiva.
Leia, abaixo, os principais trechos da entrevista.
O que muda com o AcordoDom?
Geraldo Lyrio - A Igreja Católica tem personalidade jurídica. O único reconhecimento de que dispomos é um decreto assinado em 7 de janeiro de 1890, portanto, logo após a Proclamação da República. Este documento se tornou frágil porque usar um documento de 1890 para comprovar a personalidade jurídica da Igreja faz com que haja dificuldades nos processos. Quem propôs o acordo não foi a CNBB. A questão foi levantada pela primeira vez, na década de 1990, por dom Ivo Lorscheiter. A ideia era ter um dispositivo legal mais consistente, do que simplesmente um decreto assinado logo após a Proclamação da República.
Acordo polêmico?
Dom Geraldo Lyrio - O Acordo não é polêmico. Alguns é que estão fazendo polêmica em torno dele. Todo o seu conteúdo teve ampla discussão com o Governo Brasileiro. As discussões que se levantam em torno do acordo têm motivações diversas: partidárias, religiosas e ideológicas. Lendo o acordo de maneira isenta, examinando cada artigo, os próprios parlamentares vão perceber que ele não traz nenhuma forma de prejuízo para o Estado Brasileiro. Cada artigo tem sempre a ressalva: “de acordo com a Constituição, de acordo com a legislação”, o que deixa mais evidente o seu teor.
Laicidade do Estado?
Dom Geraldo Lyrio – O acordo não fere em nada a Constituição Brasileira nem o Estado Laico, nem pretende conseguir privilégios para a Igreja Católica. A rigor, não há elementos novos no acordo. Ele congrega, num único instrumento jurídico, o que já está contido na Constituição Brasileira, na legislação do país e na jurisprudência. Ele dá o arcabouço jurídico a esta consideração do Estado Brasileiro com relação ao reconhecimento da personalidade jurídica da Igreja Católica. O Estado brasileiro é laico desde a Proclamação da República, porém, laicidade não é sinônimo de Estado anti-religioso ou ateu. É preciso também que se distinga Estado de sociedade. O Estado brasileiro é laico, a sociedade brasileira não; pelo contrário, nossa sociedade é profundamente religiosa. Ao Estado laico cabe assegurar a liberdade das diversas expressões religiosas.
Exemplo para outras igrejas e religiões?
Dom Geraldo Lyrio - A assinatura de um acordo desta natureza entre o Estado Brasileiro e a Santa Sé abre as portas para outras formas de convênios que poderiam ser feitos entre o Estado Brasileiro e outras denominações cristãs dentro do seu próprio estatuto jurídico, como também com outras religiões não-cristãs.
Dom Luiz Soares - O acordo não quer fechar as portas do diálogo com as outras religiões, pelo contrário. Esta seria uma oportunidade muito boa das outras Igrejas pleitearem um acordo e nós, católicos, as apoiaríamos.
Prática comum
Dom Geraldo Lyrio - Acordo entre um Estado e Santa Sé não é novidade. O Brasil é um dos poucos países da América Latina que não tem um acordo com a Santa Sé. Mais de 100 Estados, inclusive alguns que não têm tradição católica nem cristã como os Islâmicos, têm acordo com a Santa Sé. Há vários países que têm acordos com diversas denominações cristãs: Alemanha com a Igreja Luterana e outras confissões; a Itália com a Assembleia de Deus, com a Igreja Adventista do Sétimo Dia e outras. A França, país com forte tradição laica, tem acordo com a Santa Sé.
Ensino religioso
Dom Dimas Lara - Sobre o ensino religioso nas escolas, alguns países europeus reconhecidamente laicos, que têm o acordo com a Santa Sé, têm incluso o ensino religioso em sua grade escolar. Nesses países a Igreja Católica não é excluída de opinar e contribuir para uma melhor educação do país. Na realidade, um acordo deste tipo, longe de ferir, afirma a laicidade do Estado e da maneira mais positiva, pois, não se trata do Estado legislar na vida interna da Igreja, e nem da Igreja querer se impor ao Estado.
CNBB

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Convite

HÁ ESPERANÇA NO CAMINHO!
Muitas pessoas buscam um significado para suas vidas e desejam entender com o que realmente se identificam na missão confiada a elas. Responder a uma vocação é assumir um chamado que não ouvimos nem acertamos na resposta marcando um "x" na opção que mais nos agrada.

O primeiro chamado de Deus é para vivermos bem a nossa vida, desenvolvendo os talentos que Ele nos deu e os colocando a serviço dos outros.

A vocação humana e, sobretudo, a vocação cristã são concretamente vividas nas diversas vocações específicas, entre as quais destacamos as seguintes: vida leiga, vida matrimonial, ministério sacerdotal, consagração religiosa e trabalho missionário.

Venha participar conosco do próximo encontro do SAV (Serviço de Animação Vocacional), onde apresentaremos algumas das mais diversas formas de respondermos ao chamado de Deus.

O encontro será realizado no dia 29 de agosto de 2009, às 20:00h no Colégio Franciscano Santo Inácio em Baependi – MG.

Sua presença é muito importante, e não esqueça de trazer seus amigos!
Mais Informações:
ou pelo telefone:
(035) 9161-1734

A VOCAÇÃO NASCE DO ENCONTRO

Por que Saulo (Paulo) perseguia a Igreja? Pergunta que nos interroga, sensibiliza e abre uma grande lacuna. Por que Deus escolheu um perseguidor? Tanta gente boa. Mas vamos conhecer primeiro Saulo para podermos entender o porquê da pergunta. Saulo, natural de Tarso da Cilícia, filho da tribo de Benjamim, a mesma do rei David, era filho de comerciantes ricos, cidadão romano, ligado à seita dos fariseus, aluno do glorioso rabino Gamaliel, zeloso defensor da Torá. Ele era fariseu, filho de fariseu.
Israelita orgulhoso, alma de fogo e coração íntegro, ainda jovem, era conhecido apenas por seu nome judeu de Saulo. Impulsionado pelo entusiasmo impetuoso da mocidade; abrasado em ânsias de proselitismo próprio do judeu, julgou que tinha missão religiosa para cumprir: combater o Cristianismo até destruí-lo. Por considerá-lo uma traição ao Judaísmo, perseguia os seguidores de Cristo porque eles tinham abandonado a lei mosaica para seguir um tal de Jesus, sobre o qual um monte de fanáticos cristãos pregavam e diziam ter ressuscitado dos mortos .
Ele, como um bom judeu, intelectual e fiel à lei, precisava fazer alguma coisa para acabar com aqueles que estavam destruindo o Judaísmo. Quando Paulo se dirigia pelo caminho a Damasco, seu coração estava cheio de agressividade contra os cristãos, não porque fosse um homem mau, mas por ser fiel às tradições nas quais havia sido formado. Estava cheio de agressividade, pois se sentia ameaçado por esta nova fé que se opunha às suas tradições mais caras nas quais fora ensinado. Era pelo amor de Deus que perseguia os inovadores.
Um belo exemplo de experiência de Deus é a do Apóstolo Paulo. O que lhe acontece no caminho de Damasco foi certamente uma experiência de ponta, marcante e indelével. Esse foi um momento muito importante em sua vida. Mas ele esteve certamente também intensamente unido ao Cristo durante todos os anos seguintes de sua vida e não apenas nesse momento particular.
Essa experiência era para Paulo, unicamente para ele. Naquele momento Jesus o queria, o Senhor se apossa da vida dele, mas sem lhe tirar a liberdade. Então ele passa a pertencer unicamente a seu Senhor, pelo qual foi convocado. Agora sua vida se resume na obediência ao seu Senhor.
Deus foi absolutamente livre no chamado de Paulo, nada foi lhe imposto, sendo ele livre para dar uma resposta responsável a Altíssimo. O Senhor, quando o chamou, pôs em seu coração a capacidade de resposta, não o amarrou, nem o obrigou a nad, mas lhe deu condições de decidir e corresponder ao dom recebido. O Senhor abriu-se a Paulo em uma condição de diálogo, algo pessoal e íntimo.
O apóstolo dos gentios passou por uma transformação histórica e interior, tornou-se uma nova criatura porque Deus lhe concedeu o dom da fé e da esperança. Por intermédio de Cristo, ele recebeu de Deus a vida nova.
O chamado é uma pura iniciativa de Deus. O Senhor quando vocaciona alguém já tem um projeto para a vida de quem responde o ''sim'', não como uma predestinação, mas como uma resposta de amor. Ninguém veio do ocaso, nem para ficar solto no mundo, todos viemos para livremente dar uma resposta ao projeto de Deus único e irrepetível. Dizer “sim” é tornar-se um canal de graça para os outros e para o mundo. Neste sentido nós participamos do plano do Pai.
O seguimento a Deus é apenas uma "gratidão" espiritual. Acima de tudo foi Ele quem possibilitou ao homem participar da existência que pertence somente a Ele.
Seguir ao Senhor deve ser a expressão máxima da alegria de todo ser humano; deve exalar o perfume de Cristo. Toda vocação deve tornar-se atraente, deve provocar nas pessoas um encontro com Deus, transformar o mundo, os corações.
Por isso, uma vez vivendo e experimentando o amor vocacional, o chamado de Deus não deve ser vivido de forma frustrante deixando a vocação tornar-se velha; esta deve ser sempre nova, apresentar a cada dia a novidade do Espírito Santo. Os outros precisam ficar fascinados com o efeito da graça na vida de quem é consagrado ao Senhor. É preciso comunicar a vida para os homens que somente Cristo pode dar.
Pe. Reinaldo Cazumbá

terça-feira, 18 de agosto de 2009

VOCAÇÃO AO CASAMENTO

Vocação
Muitas pessoas buscam um significado para suas vidas e desejam entender com o que realmente se identificam na missão confiada a elas. Responder a uma vocação é assumir um chamado que não ouvimos nem acertamos na resposta marcando um "x" na opção que mais nos agrada. Mas nos certificamos de que estamos trilhando o caminho certo cada vez que vencemos um obstáculo quando buscamos fundamentar nossa vida seja para o sacerdócio, para o matrimônio ou para a vida religiosa.
As palavras de João Paulo II nos asseguram que “A semente de uma vocação existe no coração de cada jovem, e está esperando somente pela oportunidade de germinar” (cf. “Words of Inspirations”). E como seres espirituais, não podemos identificar o nosso agir específico, a não ser por meio da oração e das experiências referentes às atividades pertinentes ao que nos atrai.
Compromisso
Como em todas as vocações, a vida conjugal também exige compromisso, fidelidade e, sobretudo, perseverança. Acredito que somente sabemos das nossas afinidades por alguma atividade, quando nos dispomos a viver as experiências e conhecemos as responsabilidades pertinentes àquela ocupação a qual aspiramos.
O caminho vocacional para aqueles que desejam a vida conjugal também não poderia ser diferente. Há a necessidade de conhecer tudo aquilo que abrange um estado de vida assumido entre duas pessoas.
O relacionamento conjugal nos chama a cultivar o respeito recíproco e convida o casal para praticar o “desinstalar” de sua própria autossuficiência. A maneira como o casal manifesta esse sentimento dentro dessa relação os ajudará a conduzir suas vidas diante dos desafios de uma vida vocacionada . O amor existente entre o homem e a mulher – que é essencial para um casamento feliz – faz com que o casal viva a eterna reconciliação, prática que não se limita apenas aos dois, mas se estende de maneira incondicional aos filhos, frutos dessa vocação aos quais os genitores devem aceitar, formar e educar dentro da doutrina cristã.
As etapas que nos auxiliam a identificar se somos ou não chamados à vocação ao matrimônio se delineiam nos tempos do namoro e do noivado. Nesse período, os casais terão subsídios suficientes para avaliar a proposta de uma vida a dois. Para isso, é importante que conheçam a realidade familiar e todo o compromisso e responsabilidades acerca da vida conjugal por meio do estreitamento do convívio com aqueles que já são casados. A experiência dessa convivência lhes proporcionará uma mostra daquilo que compreende uma vida em comum, partilhada num mesmo objetivo, de modo a fundamentar a certeza do que desejam viver.
Conhecer os preâmbulos da vida conjugal não significa vivê-la de maneira íntima, com o propósito camuflado apenas na satisfação da libido. Da mesma maneira que o jovem vocacionado ao sacerdócio não celebra a Santa Missa antes de sua ordenação, a pessoa vocacionada à vida conjugal não tem por que viver uma experiência para a qual ela não está preparada para assumir, tendo em vista as responsabilidades e o compromisso referentes à plenitude desse chamado.
Santidade no matrimônio
O sacramento do matrimônio nos investe da graça para uma nova etapa que assumimos, num caminho de santidade, em que marido e mulher se formam mutuamente. Nessa jornada, podemos contar com a ajuda do nosso cônjuge para a realização e o cumprimento desse chamado.
O casal vocacionado ao matrimônio é, dessa forma, convidado para formar família – Igreja particular – formando com aquela pessoa uma só carne, com a qual receberá a investidura do sacramento, que os unirá para um propósito que será realizado em conjunto. Todavia, sem a abertura do coração, por meio de uma vida de oração, não será possível entender com convicção a real importância dessa vocação, a qual, somente com o auxílio de Deus, seremos capazes de cumprir.
Dado Moura

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

DEPOIMENTO DE UM PADRE

A tarde era bela, os raios do sol cobriam a cidade. O coração ansioso, confiante e agradecido. Oito de dezembro de 2005, dia em que me tornei padre, me vem à mente como se fosse hoje. Algumas horas antes da minha ordenação, a experiência foi marcante: procurava uma definição simples e concreta da palavra “padre” e me veio ao coração, como um raio de luz, o verso bíblico que diz: “Cristo passou a sua vida fazendo o bem” (Atos dos Apóstolos 10,38b). A definição que emergia no meu interior naquele momento era: ser padre é alguém que, a exemplo de Cristo, passa a vida fazendo o bem.
Vejo, no concreto, que a oportunidade que tenho de fazer o bem é constante: ao saudar as pessoas, ao sorrir e ao olhar em seus olhos. No abraço amigo, ao atendê-las em confissão, nas visitas às famílias; ao estar com os mais pobres, com os enfermos e ao celebrar com devoção a Santa Missa.
Percebemos que a partir do momento em que o sacerdote não vive somente para si mesmo, e não retém a sua vida e seu ministério, mas os entrega para Deus, para a Igreja e a cada pessoa encontrada, ele se torna esse benfeitor e promotor da paz e do bem.
Andando um pouco pelo território das minhas recordações, lembro-me do saudoso Dom Aloísio Lorscheider, um grande mestre na arte teológica, ensinando-nos de maneira exemplar, em suas aulas de Teologia, que o padre “é o maior benfeitor da humanidade”. Com suas aulas inesquecíveis e sua presença marcante, conseguiu esculpir em nós as marcas do amor aos estudos e à vocação; marcas estas que se tornaram memoráveis, eternas...
A nossa Igreja, em seu rico acervo teológico, nos diz que o sacerdote é um sacrifício de um homem, um homem imolado, que se entrega livremente por uma causa: a fascinante causa do Reino de Deus, que é o maior bem que o próprio Deus coloca no coração e nas mãos de cada um de nós.
Sou um ser humano mais feliz como padre, por vários motivos, um deles é que Deus me ama e me chama a evangelizar e eu sempre gostei disso, sempre gostei de promover o bem extraordinário da proposta do Reino de Deus e do anúncio do amor entre as pessoas. Desde adolescente eu já evangelizava nas escolas, nos grupos de jovens e nas famílias. E como padre posso evangelizar ainda mais, ou melhor, minha vida se tornou uma experiência constante de evangelização.
A evangelização está em mim e ou não me vejo mais sem ela, evangelizar é viver para mim. Eu me recordo agora de uma frase belíssima de Dom Bosco a respeito da evangelização: “Por eles eu rezo, eu estudo, e por eles me santifico”.
Os desafios são grandes e as lutas são constantes, por isso, não deixamos de nos motivar pelos versos da canção que persiste em dizer: “Pois sei que para além das nuvens, o sol não deixou de brilhar, só porque a terra escureceu, minha vida está em Deus” ancorando-nos sempre na certeza de que a graça de Deus é maior e nos conquista a cada dia.
Outro motivo, é que ser padre me faz ser mais de Deus e mais dos outros, pois a vida do sacerdote é pertença de ambos. Ser mais do Senhor me conduz a ser mais dos outros e vice-versa.
É uma grande graça ser feliz na comunidade, estamos juntos, juntos queremos ser concretos no bem, formamos um exército de promotores da solidariedade, da justiça, da paz.
Por aqui aprendemos com Dom Alberto que “a vida se torna mais bela quando se torna um dom para os outros”. É nessa certeza, nesse belo desafio que caminhamos e seguimos sem parar, porque, para nós, parar é voltar atrás. Por isso é que navegamos nos versos da canção que nos diz: “não dá mais pra voltar, o barco está em alto-mar”.
Pe. Geraldo - Com. de Aliança Canção Nova
Padre da Aquidiocese de Palmas-To

A VIDA CONSAGRADA É A FONTE DA FECUNDIDADE DA IGREJA

Irmã Mirian é religiosa há 10 anos e declara que começaria tudo outra vez, se fosse preciso.
“A vida consagrada é a fonte da fecundidade da Igreja”. Esta foi a frase do Papa João Paulo II recordada por Irmã Lúcia Clotilde, do Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada e formadora das noviças. Neste 3º domingo do mês de agosto, a Igreja dedica sua reflexão à vocação da vida consagrada e desperta para a importância da consagração. Para Irmã Lúcia, os consagrados devem tomar consciência do papel fundamental que exercem dentro da Igreja. “É preciso que nós consagrados tenhamos consciência disso, acreditemos e vivamos essa verdade. Aqueles que são chamados, que vivam este mistério, de que a fecundidade da Igreja é a vida consagrada”. E esta fecundidade também se revela nas transformações pelas quais a vida consagrada passou. O presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados, da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Esmeraldo Barreto de Farias, aponta que, sobretudo após o Concílio Vaticano II, a vida religiosa na Igreja sofreu consideráveis alterações. Uma delas foi a inserção dos religiosos não apenas em hospitais, escolas ou dentro das próprias congregações, mas nas periferias, áreas rurais e nos locais carentes de saúde, educação, moradia e saneamento. Dom Esmeraldo também descreve como os religiosos passaram a assumir um papel fundamental na vida das dioceses: “Creio que esta foi uma importante mudança, acontecida após o Concílio Vaticano II. Os religiosos se integram numa diocese. Não estão apenas em função da sua congregação, mas é um serviço que prestam à diocese e descobrem esse valor que tem a Igreja particular e, assim, vivem na comunhão”. Irmã Mirian, também do Instituto das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada e estudante de enfermagem, destaca que todas essas transformações na vida religiosa e os desafios do mundo não impedem os consagrados de pertencerem a Deus. “A vida consagrada é uma presença mais próxima, mais real da vida de Jesus Cristo, da vida que Ele nos deu e quer que vivamos também”, ressalta. A religiosa afirma esta realidade na sua vida, pois apesar dos sofrimentos e dificuldades, pode constatar a presença de Jesus Cristo em sua vida. “Eu sei que Ele está comigo e, sabendo disso, não posso deixá-Lo. Eu sou muito feliz. Não me arrependo e começaria tudo de novo se fosse preciso”.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

VOCAÇÃO À VIDA

O dom mais excelente que recebemos de Deus é a vida. São Paulo diz que o Senhor nos amou “antes de ter feito este mundo”. “Bendito seja Deus e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto do céu nos abençoou com toda bênção espiritual em Cristo, e nos escolheu nele antes da criação do mundo [...]” (Efésios 1, 3).
Isto quer dizer que Ele nos ama com um “amor eterno”. Antes de criar o primeiro átomo de hidrogênio, há bilhões de anos, Ele amou cada um de nós. Antes de sermos filhos de nossos pais, já éramos filhos amados de Deus.
A Igreja ensinou, no Concílio Vaticano II, que “o homem é a única criatura que Deus quis por si mesma” (GS 24). Tudo o mais foi feito para nós.
Você tem valor! Cada vida humana tem muito valor porque foi criada à “imagem e semelhança de Deus” (Gênesis 1, 26). A prova inequívoca disso é o fato de Deus se fazer homem na Pessoa de Jesus e entregar a Sua vida em resgate de cada um de nós. Depois disso, ninguém mais tem o direito de duvidar do seu valor e do amor de Deus por nós.
O universo é belo e ordenado; “Cosmos” quer dizer belo. Mas tudo isso “não sabe que existe”; não tem alma, não tem inteligência, não tem vontade e não tem consciência. O universo não pode reconhecer o seu Criador, mas você o pode. São Paulo diz que ele foi criado para “o louvor da glória de Deus” (cf. Efésios 1,6.12).
A importância do ser humano
Santo Irineu (†202) dizia que “o homem é a glória de Deus”. Por isso, cada criatura humana é mais importante do que todo o Cosmos. Cada um de nós vale mais do que os quintiliões de estrelas... Nós somos “a meta de toda a criação”, a voz e a alma do universo. É por intermédio da pessoa humana que a matéria bruta, a planta silenciosa e o animal selvagem dão glória ao Criador.
Um grito de júbilo explodiu no universo quando a vida se tornou consciente, inteligente, dotada de vontade e liberdade. Podemos dizer, como o poeta, que o Cosmos “chorou” de alegria quando viu você surgir das mãos de Deus. Depois de bilhões de anos de preparação, o Altíssimo nos formou para sermos reis do universo. Cada um de nós tem um lugar especial neste mundo, cada um tem uma missão a cumprir. Por isso não podemos nos arrastar como escravos. Cada homem, por mais sofrido que seja, sintetiza no seu ser todo o universo criado e dá glória ao Criador. Quando você foi gerado, de todos aqueles milhões de espermatozóides de seu pai, apenas um fecundou aquele óvulo bendito de sua mãe: daí nasceu você. Por isso, ninguém jamais será igual a você... porque o Criador trabalha com exclusividade. Não aceita repetir as Suas obras.
Entre os mais de seis bilhões de pessoas do Planeta, não há dois que tenham o mesmo código genético (DNA) ou as mesmas impressões digitais. Você é um indivíduo, isso quer dizer único, irrepetível, singular. Sua vida é única, não houve e não haverá outro igual a você na história deste mundo. Então, não podemos deixar de cumprir a missão que Deus nos confia nesta vida, pois isso é que a dignifica.
Em cada um de nós o Criador colocou Seus dons, Sua beleza, Seu amor, para sermos úteis aos outros neste mundo. São João Bosco dizia que “Deus nos colocou neste mundo para os outros”. E para viver isso, o Senhor chama cada um de nós a viver num estado de vida e numa atividade própria de acordo com nossas aptidões; é a nossa vocação.
O chamado de Deus à vocação
Vocação é chamado. E o primeiro chamado de Deus é para vivermos bem a nossa vida, desenvolvendo os talentos que Ele nos deu e os colocando a serviço dos outros. Para isso, é preciso viver de acordo com os valores do Todo-poderoso e não com os do mundo. Viver, sobretudo, o amor a todos; rejeitar o ódio, a inveja, a soberba, a omissão, o mau humor, o rancor, o ressentimento, a mágoa, entre outros. Por outro lado, saber sorrir para todos, desejar o bem a todos, fazer o bem a todos, ser bom como Deus é bom. Então a vida será valorizada.
A maioria é chamada a ser pai e mãe, esposo e esposa; então, vivam com intensidade esse sublime chamado de Deus. Viva intensamente para a família; ame o cônjuge “como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (cf. Efésios 5,25) e gaste seu tempo com os filhos.
Outros são chamados à vida religiosa, para se entregarem totalmente a Deus; é como que uma oblação da vida para servir radicalmente ao Reino dos Céus. São aqueles que Jesus elogiou por terem a coragem de “se fazer eunucos por amor ao Reino” (Mateus 19,12).
Há também aqueles que não se casam, mas podem se dedicar a uma atividade nobre; solteiro ou casado, só o egoísta desperdiça a sua vida. Se o amor conduz à existência, a vida será grande.
Por isso, viva intensamente o presente, jamais aceite desvalorizar a sua vida ou se deixar sufocar pela baixa estima de si mesmo, pois você é um filho amado de Deus. O universo nos pertence, a vida nos foi dada, o céu é nossa herança. Aceite os seus limites, todos os temos, pois eles nos fazem humildes e pacientes. Se você não puder construir um belo palácio, construa uma acolhedora choupana. E viva sem medo, porque o Senhor ressuscitado caminha com você.

VOCAÇÃO CRISTÃ E VOCAÇÕES ESPECÍFICAS NA IGREJA: PARTE IV

Há, ainda, outros cristãos que, livremente, renunciam o bem da vida matrimonial, para se dedicarem incondicionalmente à busca do Reino de Deus. São os batizados que se sentem inspirados a se consagrarem a Deus na vida religiosa, professando os conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência. A origem da vida religiosa encontra-se na própria vida de Jesus. Ele também viveu a castidade, dedicando-se inteiramente ao Pai. Despojou-se de sua glória e permaneceu entre nós na humildade e pobreza, fazendo-se o servo de todos. Sendo o Filho eterno de Deus, fez-se também obediente até a morte, e morte de cruz (Fl 2,5-11). O religioso, portanto, deseja imitar a forma de vida do próprio Jesus Cristo. Como diz o apóstolo Paulo: “Sede meus imitadores, como eu o sou do Cristo” (1Cor 11,1), também os religiosos tomam como modelos de consagração aqueles que, ao longo da história, imitaram o próprio Jesus Cristo, entre os quais podem-se destacar São Bento, São Francisco de Assis, São Domingos, Santa Teresa D’Ávila, Santo Inácio de Loyola, São Vicente de Paulo, Bem-aventurada Madre Teresa de Calcutá. Surgem, assim, as diversas famílias religiosas, com espiritualidades próprias e carismas específicos, ou seja, uma forma peculiar de viver o Evangelho e de servir a Igreja, seja na vida contemplativa, seja na atividade apostólica. De fato, ninguém sozinho ou apenas uma família religiosa conseguiriam imitar de maneira perfeita todas as facetas da vida de Jesus Cristo. Apenas esta diversidade espiritual das várias famílias religiosas conserva viva na Igreja a riqueza de todas as virtudes do Senhor, totalmente consagrado à oração, totalmente entregue ao serviço da humanidade. Entretanto, além dos conselhos evangélicos, há outros elementos comuns entre as várias ordens ou congregações religiosas, entre os quais destacam-se a dedicação mais intensa à oração, tanto pessoal quanto litúrgica, bem como a vida fraterna. Os religiosos são chamados a viver em comunidade, sendo um só coração e uma só alma, como a primeira comunidade cristã de Jerusalém (At 2,42-47). Buscando a Deus de todo o coração e colocando em prática o preceito da caridade fraterna, os religiosos procuram viver com renovado ardor a própria consagração batismal, enquanto tornam-se testemunhas do Reino de Deus, instaurado entre nós pela vida, morte e ressurreição do Senhor. É bom recordar que a vida religiosa é igualmente vivida tanto por homens quanto por mulheres, sendo que, nas comunidades masculinas, há religiosos que também são ordenados sacerdotes. Por isso, distinguimos os sacerdotes religiosos, ou seja, aqueles que pertencem a algum instituto de vida consagrada, dos sacerdotes diocesanos, que permanecem diretamente ligados ao seu próprio bispo, em uma diocese específica.
Se a consagração batismal é o fundamento de todas as vocações, o empenho missionário pode ser visto como a conseqüência necessária de toda vivência vocacional. Isto porque ninguém é cristão apenas para si mesmo. O testemunho da verdade é uma dimensão integrante de toda a vida de fé. Durante sua vida pública, Jesus mesmo envia os discípulos para anunciarem o Reino de Deus. Comunica-lhes a mesma mensagem de conversão e os mesmos poderes que ele próprio recebeu do Pai (Mc 6,7-13). Após a ressurreição, o Senhor renova este envio missionário: “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho a toda criatura” (Mt 28,16-20). Justamente por isso, o papa Paulo VI afirmava que a Igreja existe em função do anuncio da Palavra de Deus. A comunidade de fé é essencialmente missionária, e todos os batizados tomam parte neste testemunho evangélico. Atualmente, a Conferência Episcopal Latino-Americana, reunida em Aparecida, reafirmou justamente que todo discípulo de Jesus deve ser também missionário, anunciando a boa-nova da salvação antes pela própria vida, mas também pela palavra. Todo batizado deve sentir-se como o apóstolo Paulo, que exclamava: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho” (1Cor 9,16). Contudo, há cristãos que recebem também uma vocação missionária específica, quando são enviados para anunciar o Evangelho a povos ou culturas que ainda não conhecem Jesus Cristo ou para renovar a vida cristã entre aqueles que já ouviram o Evangelho, mas não o colocam em prática. Esses missionários se inspiram no próprio exemplo do Filho de Deus que, no mistério da encarnação, assumiu nossa condição humana e entrou realmente em nossa história, a fim de nos anunciar a fidelidade e a misericórdia do Pai com palavras e gestos humanos. Da mesma forma, os missionários assumem uma atitude de profundo despojamento, ao viverem em outra cultura, a fim de anunciarem o Evangelho em uma linguagem inteligível àquelas pessoas. Fazem-se solidários nas alegrias e vicissitudes dos mais pobres, para se transformarem em presença viva do próprio Jesus, que viveu como servo de todos (Jo 13,14-15). Entretanto, o primeiro agente da evangelização é o próprio Espírito Santo, pois é ele quem desperta a fé naqueles que ouvem a Palavra, levando-os a reconhecer Jesus Cristo como o único salvador de toda a humanidade. É o Espírito quem mantém sempre vivo o Evangelho e renova todos com a graça sacramental. A obra missionária não é, pois, apenas um empreendimento humano. Antes, o missionário age sob o influxo do Espírito Santo, como afirma o próprio Jesus: “Quando vier o Espírito da verdade, ele dará testemunho de mim, e vós também dareis testemunho” (Jo 15,26). Atualmente, este trabalho missionário é desempenhado na Igreja por sacerdotes, religiosos, leigos e até mesmo casais.
A vocação, portanto, é sempre uma iniciativa de Deus, que livremente escolhe, chama, consagra e envia o vocacionado para a realização de alguma obra em favor da Igreja e do mundo. Deus não nos chama por nossos merecimentos, antes é o próprio chamado divino que nos capacita para a missão. Isto é o que afirma também Jesus, ao dizer aos apóstolos: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que vos escolhi e vos constitui, para que produzais frutos. Sem mim, nada podeis fazer” (Jo 15,5.16). Os frutos vocacionais, entretanto, dependem também da generosidade com que respondemos ao chamado divino, pois o Senhor sempre respeita nossa liberdade. Chamados à vida e consagrados como filhos de Deus pelo Batismo, encontraremos a verdadeira felicidade à medida que estivermos dispostos a abraçar as necessárias renúncias, para sermos fiéis à vocação específica que recebemos, como leigos, na vida matrimonial, no ministério sacerdotal, na consagração religiosa ou no serviço missionário. Que, neste mês vocacional, o Espírito Santo nos conceda o dom do discernimento, para respondermos àquela pergunta tão fundamental: “Senhor, o que queres que eu faça?” (At 22,10).


Dom Cláudio da Silva Corrêa, OSB
Mosteiro de São Bento, São Paulo

VIVER A SEXUALIDADE NA LUZ

A sexualidade é a obra culminante da criação. Por isso, precisamos aprender a administrá-la. Deus é perfeito e fez cada pessoa diferente, pessoas que nunca se repetirão.
Nós precisamos estar firmes no Senhor, pois existiu um anjo que não suportou nossa criação por Deus Pai: satanás. Este quer destruir o amor, quer destruir a nossa família. Ele, que não pôde atacar a sexualidade de Maria e José, então ataca a nossa. Ele ataca na raiz da nossa vida: no amor.
Para agredir a vida, o maligno tenta fazer com que entremos em transgressão com tudo aquilo que o amor traz. Dessa forma, o que é mais lindo na vida vira contra o próprio homem. A mesma coisa acontece com a sexualidade, pois o homem a está reduzindo apenas ao desejo carnal, esvaziando o coração, o sentimento. O resultado são as muitas “mortes” que acontecem, como a pornografia, teoria que leva à prática.
Há um comércio abominável de crianças e adolescentes na área sexual. Existe um número expressivo desse público [infanto-juvenil] que morre infectado por várias doenças por ano por conta disso. Não podemos nos calar diante disso!
Só há duas armas para sermos vitoriosos: A castidade e a fidelidade. Em Uganda, baixaram a taxa de contaminação de enfermidades sexualmente transmissíveis, porque a política viu que não havia outro meio ao não ser a castidade.
O autoerotismo, que é a masturbação, quando se torna um hábito e não conseguimos fugir dele, acaba se tornando um tipo de droga, uma obsessão, e faz com que nos fechemos em nós mesmos; e humanamente não conseguimos sair dele. Se você estiver passando por esse problema, sentindo-se escravo, dominado por ele, só Jesus pode curá-lo. Porque, quando pedimos perdão para o Senhor, Ele fica maravilhado com a pureza de nossa alma. Pois, dessa forma, nós mostramos que sofremos com isso, revelando assim que temos um coração puro. Peçamos perdão ao Senhor. Que Maria nos ajude e que nunca percamos a coragem de tomar essa decisão!
Eu conheci homens e mulheres que embora tenham se prostituído durante muitos anos receberam do Senhor a graça de uma “virgindade espiritual” e conseguiram um casamento maravilhoso. A castidade é uma grande liberdade, é o que protege o amor. Como a estratosfera nos protege contra o sol, e nos protege da luz, é justamente assim que acontece com a castidade, ela permite o aprofundamento do amor tornando-nos jovens. Já a impureza nos torna velhos. Basta olhar para moças que são prostituídas, elas têm o olhar envelhecido.
Vou mostrar para vocês as vantagens da castidade, de preservar a sua pureza para o casamento. Pois o pecado contra essa virtude é como uma flor arrancada, que morre facilmente, porque não teve a chance de ter sua raiz aprofundada.
Recusar-se a manter relacionamento sexual com o namorado, antes do casamento, é o maior teste de autenticidade do amor: “Eu quero algo profundo e verdadeiro! Quero que realmente nos conheçamos e esperemos esse momento [relação sexual] até o casamento”. Se seu (sua) namorado (a) deixá-la (o) é a prova de que ele (a) não a (o) ama. Mas, se ele (a) respeitar essa exigência é porque realmente a (o) ama. Algumas moças também querem ir logo ir para a cama com o namorado para segurá-lo, pois são inseguras.
O respeito mútuo protege um ao outro e fortalece a linguagem do amor. O amor para com o outro deve ser delicado e puro. O casal deve procurar viver a transparência. Para que, dessa forma, no dia do casamento, você possa dizer: "Eu trago para você o mais puro dos sentimentos, me guardei só para você. Eu decidi que a minha primeira relação sexual seria com meu cônjuge".
É preciso ter muito cuidado e se proteger, cuidado para não cair em situações de risco, pois caímos muito facilmente. Precisamos, sobretudo, ter cuidado de não cair nas pornografias. E assim você terá muita harmonia em sua casa quando casar. E poderá viver a “liturgia do casamento”, pois, é uma escola de descoberta um do outro, de respeito e amor.
Precisamos construir a base do relacionamento. A união sexual é o telhado, por isso não podemos construir a casa pelo telhado. Ele é a “coroa” do casamento. 99% da alegria no ato sexual é a confiança um no outro e não o ato em si. Esses são uns pequenos conselhos para que os seus futuros filhos não sofram a consequência de uma família desajustada.
Louvado seja Deus. Ele os abençoe!
Padre Daniel Ange
Fundador da Escola "Jeunesse-Lumiére" (Juventude-Luz), um trabalho voltado para a juventude, localizada no sul da França.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

VOCAÇÃO CRISTÃ E VOCAÇÕES ESPECÍFICAS NA IGREJA: PARTE III

A graça batismal se desdobra em vários outros dons, carismas e missões que o Espírito Santo livremente distribui entre os fiéis. O próprio apóstolo Paulo afirma que cada um recebe um dom do Espírito, para a edificação da Igreja, corpo do Cristo (1Cor 12,4-11). Vários membros, com funções diferentes, formam este corpo (1Cor 12,12-21). A diversidade dos dons não cria divisões na comunidade de fé, antes favorece a comunhão e o serviço fraterno. Todos unidos manifestam a incomparável riqueza e sabedoria de Deus. Portanto, a vocação humana e, sobretudo, a vocação cristã são concretamente vividas nas diversas vocações específicas, entre as quais destacamos as seguintes: vida leiga, vida matrimonial, ministério sacerdotal, consagração religiosa e trabalho missionário.
O leigo é todo batizado que não recebe o sacramento da Ordem nem professa votos públicos em um instituto religioso. Muitos pensavam que o leigo não tinha nenhuma vocação específica na Igreja. Desde o Concílio Vaticano II, esta mentalidade mudou, pois hoje reconhecemos que o cristão batizado é chamado a ser a “luz do mundo” e o “sal da terra”, conforme as palavras de Jesus (Mt 5,13-16). Deve levar os valores do Evangelho a todos os setores da vida familiar, social, política e cultural. Vive seu batismo permanecendo inserido na realidade presente e, assim, consegue reorientar todas as coisas para Deus. Neste sentido, podemos dizer que a vocação leiga é o pressuposto para o desenvolvimento de todas as outras vocações. Como assumir outras missões na Igreja e na sociedade se antes não vivemos com seriedade nossas promessas batismais? Alguns leigos não se casam, a fim de dedicar toda sua vida ao trabalho de evangelização. Algumas vezes, participam das chamadas comunidades de vida ou comunidades de aliança, procurando viver a espiritualidade própria de alguma pastoral ou movimento da Igreja, tais como Renovação Carismática Católica, Opus Dei, Focolarinos, Comunhão e Libertação, Caminho Neo-Catecumenal, entre outros. Estes recentes movimentos leigos surgem como novos carismas do Espírito Santo – um novo Pentecostes, como dizia o papa João Paulo II – e vêm enriquecer outras formas já tradicionais de os leigos viverem sua espiritualidade batismal nas chamadas Ordens Terceiras Franciscana e Carmelita, entre os Oblatos Beneditinos ou no Apostolado da Oração. Portanto, uma mesma consagração batismal é vivida de maneiras diversas dentro da rica tradição espiritual da Igreja. Entretanto, a grande maioria dos leigos, mesmo participando de algum desses movimentos ou comunidades eclesiais, vivem seu batismo assumindo os compromissos próprios da vida matrimonial e familiar.

Na verdade, também o matrimônio é uma vocação específica na Igreja. Ao ser interpelado sobre o sentido da união matrimonial, Jesus recorda o plano original de Deus, segundo o qual o homem e a mulher devem se unir um ao outro no amor recíproco e na fidelidade. Esta comunhão de vida, abençoada por Deus, é tão profunda que não pode ser desfeita por nenhuma outra realidade ou autoridade humana: “Ninguém separe o que Deus uniu” (Mc 10,2-9). Desta forma, Jesus reveste o matrimônio da dignidade sacramental, ou seja, transforma a união conjugal em sinal que manifesta e comunica aos cônjuges a graça de Deus. Fiel ao ensinamento de Jesus, São Paulo afirma que o amor entre esposo e esposa representa o amor do próprio Cristo por sua Igreja (Ef 5,21-32). Portanto, como Cristo entregou-se por sua Igreja, também o casal cristão deve viver a doação recíproca, cada qual buscando o bem do outro. Como afirma Jesus, “quem perde sua vida, vai encontrá-la”, isto é, cada um dos cônjuges só encontra a própria felicidade ao esquecer-se de si mesmo, para fazer o outro feliz (Mt 16,25). Esta entrega mútua se abre para o dom da vida. Apenas Deus pode criar uma nova vida, mas o casal participa deste poder criador de Deus. Assim, a vocação matrimonial está intimamente ligada à paternidade e à maternidade, e o sacramento do matrimônio torna-se o fundamento da vida familiar. A família deve ser respeitada em sua dignidade, como verdadeira “Igreja doméstica”, onde fazemos a primeira experiência dos valores evangélicos. É na família que aprendemos a viver a comunhão, a partilha, o perdão, a humildade, a sinceridade, a justiça, enfim o amor a Deus e ao próximo. A vida familiar é como a sementeira onde brotam as demais vocações para o serviço da Igreja.
Dom Cláudio da Silva Corrêa, OSB
Mosteiro de São Bento, São Paulo

AMAR, O VERDADEIRO MARTÍRIO

Muitas vezes, deparamos com coisas que nos sentimos incapazes de fazer por conta de nossas misérias. Jesus, no “testamento” d'Ele, nos deixa uma ordem que é o grande desafio da vida de qualquer ser humano: “Amai-vos uns aos outros” (João 15,12). O mandamento do amor, muito mais que uma simples ordem, é um projeto de vida que perpassa a existência de todo homem.
Como imagem e semelhança de Deus, que é amor, o homem tem por vocação amar. Por isso se não a cumpre [vocação], não encontra em sua vida a verdadeira realização e a felicidade. Amar é a vida do ser humano. Alguém que não ama já está morto.
Mas quem disse que amar é fácil? Quem disse que felicidade e realização são palavras opostas a sacrifício e a sofrimento? Em meio a um mundo hedonista, impregnaram em nossa consciência que felicidade é fazer e viver tudo o que, de alguma forma, não nos custe nada. É por isso que cada vez mais o mundo se torna individualista e a atitude de amar é cada vez mais rara. Amar exige sofrimento, renúncia, martírio.
Se amar é muito mais do que um simples sentimento, é uma decisão e uma atitude de vida, logicamente vai exigir um sacrifício próprio. Muita gente projeta a vida a partir de um desejo, às vezes, um carro, uma casa e sacrifica muita coisa em função disso. Se o projeto próprio dos filhos de Deus é amar, precisamos nos dispor a acolher os sacrifícios próprios dessa decisão.
Somos acostumados a desejar que as pessoas nos amem muito, incondicionalmente, sem olhar para as nossas misérias e limitações. Mas quando chega a hora de amar o outro, colocamos uma série de condições. E o amor incondicional? E o amor oblação? E a alegria maior de dar do que receber? E a verdade que o amor que me cura é o que dou e não o que recebo? Não são simples perguntas, mas uma verdadeira revisão de vida para a qual somos convidados por Deus.
Jesus afirma que se a semente, na terra, não morrer ela não gerará frutos. Amar é morrer! Morrer para as minhas vontades e minhas carências e me decidir em traduzir em ato a vocação que Deus destinou para a minha existência. Não há nenhum ato de amor que não exija de nós o derramar do nosso sangue, um martírio constante que nos leva à oblação e à doação. O amor acarreta sofrimento, cruz, morte. Mas traz consigo redenção, ressurreição, alegria!
Martírio é testemunho. Mártir é aquele que derramou o seu sangue para testemunhar ao mundo um amor maior. É aquele que cumpriu, com excelência, a sua vocação de amar. Em um mundo, que não mais acredita em muitas verdades essenciais, há a extrema necessidade de pessoas capazes de suportar todas as tribulações, de forma a testemunhar que o mandamento do Senhor não é uma utopia. Deus nos chama a sermos hoje mártires do amor, em meio a um povo que esqueceu a sua vocação de amar.
Talvez você esteja sofrendo muito por ter se decidido a amar alguém concretamente e sem esperar nada em troca. Pode ser que a decisão de amar o esteja levando a chorar ao se deitar e a perder noites de sono. Ou então, sua vida se tornou um verdadeiro calvário a partir do momento em que você saiu da teoria e foi colocar a sua vocação de filho de Deus em prática. Louvado seja Deus! Você está se aproximando cada vez mais da meta, da plenitude do verdadeiro projeto de vida que Jesus nos deixou : “Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo” (João 15, 12).
Quando os nossos sofrimentos são causados por atos verdadeiros de amor, eles nos trazem dor, mas trazem também um sentimento de felicidade inigualável. Não uma felicidade aos moldes mundanos, mas a verdadeira felicidade, a verdadeira paz no coração daqueles que realizaram, com aquele sacrifício, a vontade de Deus para a sua vida.
Jesus nos deixou o exemplo da cruz. A cruz é o modelo de amor. Ele nos amou até o fim e nos mostrou que, por amor, somos capazes de levar a nossa decisão até as últimas consequências. Até o derramamento de sangue. Dando literalmente a vida. “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos” (João 15, 13).
É hora de pararmos de ficar lambendo as nossas feridas e transformá-las em chagas de amor. Se amar o tem machucado e ferido, você agora tem mais coisas em comum com Jesus. Quando chegar à vida eterna, Ele vai olhar para essas chagas e vai lhe dizer: “Como você é parecido comigo!”. Por isso: não desista de amar! Não desista de testemunhar ao mundo que o amor não é uma utopia, mas uma verdade. Seja onde for que Deus o coloque, seja um mártir do amor. Dê a sua vida pela simples, mas inigualável e heroica decisão de amar sem condições, sem medidas.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

VOCAÇÃO CRISTÃ E VOCAÇÕES ESPECÍFICAS NA IGREJA : PARTE II

Sobre o fundamento da consagração batismal e tendo recebido os valores evangélicos na vida familiar, há cristãos que recebem de Deus o chamado muito especial para servir a Igreja no ministério sacerdotal. No Novo Testamento, o único e eterno sacerdote é o próprio Jesus Cristo, pois somente ele, sendo verdadeiro Deus e verdadeiro homem, é o mediador entre Deus e a humanidade (1Tm 2,5; Hb 7,20-28). Da mesma forma, o único sacrifício que podemos oferecer ao Pai é aquele que o próprio Jesus Cristo ofereceu uma vez por todas, ou seja, o dom de sua própria vida, que se consumou no mistério de sua morte e ressurreição (Hb 10,11-12). Antes de sua morte de cruz, na quinta-feira santa, Jesus entregou à Igreja o sinal sacramental da Eucaristia, no qual se perpétua, em todos os tempos, a memória de seu único sacrifício redentor. “Fazei isto em memória de mim”, é a ordem de Jesus na última ceia (Lc 22,10; 1Cor 11,23-25). São Paulo também afirma: “Todas as vezes que comemos deste pão e bebemos deste cálice, anunciamos a morte do Senhor até que ele venha” (1Cor 11,26). Instituindo a Eucaristia, Jesus instituiu também o sacerdócio ministerial, pois consagrou os apóstolos como verdadeiros ministros que celebrariam, em seu nome, a memória do sacrifício da cruz. Neste momento, os apóstolos não são constituídos como outros sacerdotes ao lado do Cristo, mas são chamados a participar do único sacerdócio do próprio Jesus Cristo. Jesus permanece como o Sumo Pontífice, e os apóstolos, após sua ressurreição, agem in persona Christi, isto é, na pessoa do Cristo. São ministros através dos quais o próprio Senhor continua a nos tocar, para nos comunicar a graça redentora de sua paixão e ressurreição. O dom do sacerdócio é um mistério inefável, pois não conseguimos contemplar toda a profundidade desta identificação que se realiza entre Cristo e seu ministro, a tal ponto que, quando o ministro diz na celebração eucarística: “Isto é o meu corpo”, torna-se verdadeiramente presente para nós o corpo do Cristo ressuscitado-glorificado (Lc 22,10; 1Cor 10,16). Portanto, podemos afirmar que o ministério sacerdotal nasceu com a Eucaristia e em função da celebração eucarística. Todas as outras funções que Jesus também confiou aos apóstolos, tais como o anúncio do Evangelho, a celebração do batismo e a remissão dos pecados, convergem harmonicamente para o mistério da Eucaristia, no qual o Senhor Ressuscitado permanece sempre vivo em sua Igreja. O ministério sacerdotal que Jesus entregou aos apóstolos se perpetua na Igreja por meio do sacramento da Ordem, pois, pela imposição das mãos, o Espírito Santo continua a consagrar os bispos e presbíteros (padres), comunicando-lhes a participação no único sacerdócio do Cristo (2Tm 1,6). Como os apóstolos, os sacerdotes são chamados ao serviço da Igreja, no anúncio do Evangelho, na celebração dos sacramentos e no pastoreio do povo de Deus. Em tudo, devem imitar Jesus Cristo, o bom Pastor que entrega a vida por suas ovelhas (Jo 10,11). Na tradição latina, todos os sacerdotes vivem o celibato, a fim de se dedicarem inteiramente ao seu ministério.
Dom Cláudio da Silva Corrêa, OSB
Mosteiro de São Bento, São Paulo

POR QUE O PADRE NÃO SE CASA?

Quando ouço alguém dizer ou mesmo me perguntar: “Por que padre não se casa?” Eu poderia repetir a pergunta de outro jeito: Por que você se casou ou por que você está solteiro? Por que você é professora ou advogado? Ou mãe de família? E assim por diante. Isso prova que toda vocação é um grande mistério entre Deus e o coração da pessoa por Ele convidada a abraçar um estado de vida. Não se esqueça que alguém pode ser feliz e realizado ou infeliz e triste pela escolha livre que fez. A vocação é assumida livremente e eu não fui obrigado a assumir o sacerdócio e o celibato.
O celibato não é uma castração nem uma proibição de casar ou outras coisas semelhantes. Celibato é uma entrega total e amorosa ao Reino de Deus e ao serviço do Seu povo. Neste estado de vida eu assumo e respondo livremente, pois a diferença não está tanto no exterior, mas está dentro de minha alma, foge de mim e de mim transborda.
Acredito que eu seja diferente somente pela escolha e pela consagração que Deus fez comigo, assim como você pode ser diferente naquilo que você é. Não posso negar: sou diferente de dentro para fora, sou consagrado, separado para ser todo de Deus, para ser todo das pessoas, da missão, da Igreja. O celibato não limita o meu amor, pelo contrário, alarga-o até o infinito; não me prende a ninguém, mas me deixa livre para todos. É um desafio, pois continuo exatamente como todo homem: com sentimentos, dificuldades e pecados também, mas eu abracei a escolha que fiz: “Estou no mundo, mas não sou do mundo, nem sou como todo o mundo”.
O nosso mundo precisa exatamente de mim assim diferente e talvez seja isso que incomode e ajude tanto as pessoas.
Você aceita ser diferente assumindo a vocação que abraçou?
Eu fui conquistado por amor e por amor continuo todos os dias deixando-me conquistar: “Não fostes vós que me escolhestes, mas fui eu que escolhe a vós”. Vocação é um mistério que eu vou descobrindo todos os dias um pouco mais.
Peço a você a permissão de ter uma vocação diferente e nela ser realizado e feliz. Como existem casais, jovens, professores, domésticas, médicos felizes e realizados em sua vocação, eu sou feliz e realizado por ser sacerdote e celibatário. Que bom que todo o mundo não é igual e não tem a mesma vocação, a diferença enriquece a vida e o mundo.
Como sempre dizemos: “As diferenças não são barreiras, mas sim, riquezas”. O mais importante é ser coerente e verdadeiro na diferença que assumimos em nossa vida.
Parabéns por você ser diferente e feliz!
O que diz o Catecismo da Igreja Católica (CIC), número §1579: “Todos os ministros ordenados da Igreja latina, com exceção dos diáconos permanentes, normalmente são escolhidos entre os homens fiéis que vivem como celibatários e querem guardar o celibato "por causa do Reino dos Céus" (Mt 19,12). Chamados a consagrar-se com indiviso coração ao Senhor e a "cuidar das coisas do Senhor", entregam-se inteiramente a Deus e aos homens. O celibato é um sinal desta nova vida a serviço da qual o ministro da Igreja é consagrado; aceito com coração alegre, ele anuncia de modo radiante o Reino de Deus”.
CIC §1599: “Na Igreja latina, o sacramento da Ordem para o presbiterado normalmente é conferido apenas a candidatos que estão prontos a abraçar livremente o celibato e manifestam publicamente sua vontade de guardá-lo por amor do Reino de Deus e do serviço aos homens” (Cf. Catecismo da Igreja Católica, números 1579/1580).
O celibato não limita o meu amor, pelo contrário, alarga-o até o infinito, não me prende a ninguém, me deixa livre para todos.
Oração:
Senhor da messe e pastor do rebanho, faz ressoar em nossos ouvidos o teu forte e suave convite: “Vem e segue-me"! Derrama sobre nós o teu Espírito, que Ele nos dê sabedoria para ver o caminho e a generosidade para seguir a tua voz. Senhor, que a messe não se perca por falta de operários. Desperta as nossas comunidades para a missão. Ensina a nossa vida a ser serviço. Fortalece os que querem dedicar-se ao Reino, na vida consagrada e religiosa.
Senhor, que o rebanho não pereça por falta de pastores. Sustenta a fidelidade dos nossos bispos, padres e ministros. Dá perseverança aos nossos seminaristas. Desperta o coração dos nossos jovens para o ministério pastoral na tua Igreja.
Senhor da messe e pastor do rebanho, chama-nos para o serviço do teu povo. Maria, Mãe da Igreja, modelo dos servidores do Evangelho, ajuda-nos a responder "sim". Amém
Deixe o seu comentário e seu testemunho sobre vocação Você já pensou nisso?
Minha bênção fraterna.
Padre Luizinho

terça-feira, 11 de agosto de 2009

VOCAÇÃO CRISTÃ E VOCAÇÕES ESPECÍFICAS NA IGREJA : PARTE I

A palavra vocação origina-se dos termos latinos vocare e vocatio, que significam, respectivamente, chamar e chamado. No sentido bíblico, a vocação é o chamado que o próprio Deus dirige pessoalmente a alguém, concedendo-lhe o dom da vida e confiando-lhe alguma missão específica, cujos frutos beneficiarão também outras pessoas. Assim, o primeiro chamado divino encontra-se no livro do Gênesis, na narrativa da criação do mundo, quando Deus cria a pessoa humana à sua própria imagem e semelhança (Gn 1,26). Deus não apenas nos concede o dom da existência, mas chama-nos a mais profunda comunhão consigo mesmo. Ao nos criar, Deus estabelece conosco um diálogo pessoal e nos revela o mistério de seu próprio ser e de sua vontade divina. Portanto, o sentido último da vida humana consiste em conhecer Deus com nossa inteligência, amá-lo com nossa vontade e servi-lo com os dons que recebemos de sua infinita bondade. Pensar na existência humana como vocação divina significa reconhecer a vida de cada pessoa como um dom do amor de Deus. Cada pessoa humana é chamada à existência por Deus, para permanecer sempre unida ao seu Criador e refletir algo da perfeição e beleza divina.
Esta perfeita comunhão com Deus só é possível quando ele próprio vem a nós, entra em nossa história e participa de nossa vida humana. Esta é a verdade central de nossa fé cristã, proclamada no Evangelho: “Deus amou tanto o mundo que enviou seu próprio Filho, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3,16). Em Jesus Cristo, abre-se para cada pessoa o caminho que lhe possibilita chegar à mais profunda união com Deus, vivendo, assim, a plenitude de sua vocação humana. Jesus mesmo é para nós “o caminho, a verdade e a vida” (Jo 14,6). Isto significa que seguindo Jesus Cristo pela vivência de sua palavra, que é para nós a plena verdade, beberemos na fonte mesma da vida: Deus. O mesmo Deus que nos chamou à existência, nos chama também ao seguimento de seu Filho. Este é o convite que ressoa nas próprias palavras de Jesus: “Segue-me” (Mc 1,17); “quem quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me” (Mt 16,24). Esta é nossa vocação cristã, que em nada contradiz nossa vocação humana. O dom da vida se aperfeiçoa na graça da vida eterna. A imagem divina que recebemos no princípio da criação alcança sua plenitude ao nos tornarmos semelhantes a Jesus Cristo, imagem perfeita do Pai. De criaturas amadas de Deus, somos elevados à condição de filhos de Deus, remidos por Cristo. Enfim, recordando uma afirmação dos primeiros autores cristãos, podemos dizer que o Filho eterno de Deus assumiu nossa condição humana, a fim de nos tornar participantes de sua condição divina.
Esta nossa identificação com Jesus Cristo é um processo que se inicia com a fé e o batismo. Pela fé aceitamos a pessoa de Jesus Cristo como nosso único salvador e acolhemos o dom de sua palavra redentora. Pelo batismo, sacramento da fé, morremos para o pecado e ressuscitamos para a vida nova dos filhos de Deus (Rm 6,3-4). Esta graça batismal nos é concedida pelo dom do Espírito Santo que, unindo-nos a Jesus Cristo, faz de nós novas criaturas. Este é o ensinamento de São Paulo, quando afirma: “A prova de sois filhos é que Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, pelo qual clamamos Abba, Pai” (Rm 8,14-15; Gl 4,4-7). Isto significa que nossa vocação cristã lança suas raízes em nossa consagração batismal. Toda a vida cristã consiste na vivência da graça de Deus recebida no batismo. A filiação divina é a condição comum de todo batizado, é a dignidade única da qual participam todos os cristãos, independentemente de sua condição social, de sua tradição cultural, ou mesmo das vocações específicas que vivem na Igreja e na sociedade.
Dom Cláudio da Silva Corrêa, OSB
Mosteiro de São Bento, São Paulo

sábado, 8 de agosto de 2009

PAI, EXPRESSÃO DE HEROISMO

Nas fantasias de nossa infância, alguns personagens fazem-se presentes por atos extraordinários de bravura. Atraem a admiração e transformam o imaginário no comum das brincadeiras. Homens com superpoderes, que não conhecem as fragilidades dos mortais e são capazes de proteger a paz e a ordem do universo. Têm o ofício de vencer o mal, com o qual travam épicas batalhas. Eles são os super-heróis. Esses seres estimulam as crianças a quererem imitá-los em seus trajes e em seus feitos. Por tudo isso se tornam um marco na primeira etapa de nossas vidas.
Nós associamos heroísmo com um ato incomum e grandioso; a definição de herói é: “Aquele que se distingue por seu valor ou por suas ações extraordinárias” e também: “Quem arrisca a própria vida ou morre por um ato nobre.”
Há, no cotidiano, alguém que, desde nossa tenra idade, diferente de feitos grandiosos e ilusórios, torna-se herói pelo comum de gestos concretos e que, mesmo com seus limites, livra-nos dos perigos. Chamamos essa pessoa de “PAI”.
Pai é a pessoa do sexo masculino que participa da geração de uma vida. Mas o ser paterno vai além de doar sua genética à gestação do um novo rebento. Pais são heróis que formam pessoas. São aqueles que, na ausência de forças sobre-humanas, são capazes de agregar valores ao coração dos filhos e entregar suas vidas por amor a eles.
No simples exercício do dom da paternidade, o genitor vai tomando feições de um homem incomum, atraindo a admiração dos filhos e tornando-se referência para a vida destes. É o exemplo a ser alcançado na forma como desenvolve seu profissionalismo, no trato com a esposa, nas direções da condução do lar, no sustento que provê, mas principalmente no amor que inspira suas ações.
Toda criança deseja ter orgulho do pai. Falar dos seus feitos para os amigos. Com o passar dos anos, vamos nos esquecendo das capas voadoras, dos artifícios e habilidades fantásticas que embalaram nossos sonhos infantis.
Aquele homem, herói comum do dia a dia, pode não ter mais o mesmo vigor, mas, nos traços do rosto ou no grisalho dos cabelos existe um sinal de luz, sabedoria adquirida da experiência, ao qual o filho pode ainda recorrer e, como no início, saber que esse seu poderoso aliado está sempre pronto a perpetuar o carinho e o amor até os dias do seu ser adulto.
Neste Dia dos Pais, demonstre a gratidão de quem teve uma experiência com um verdadeiro ser heroico. Afinal, o amor paterno recebido prepara o filho para vencer desafios e conquistar o mundo inteiro.
Feliz Dia dos Pais!
Deus abençoe a todos.
Sandro Ap. Arquejada

AS VOCAÇÕES SE PROLIFERAM EM UMA FAMÍLIA CRISTÃ, DIZ ARCEBISPO

Dom Orlando Brandes, presidente da Comissão Episcopal pastoral para a Vida e a Familia da CNBB e Arcebispo de Londrina (PR)
A família é o berço das vocações. Algo experimentado na família de Seu Ivo Santana e Dona Benedita Pedra dos Santos Santana. O casal que mora com a família na cidade de Lins, interior de São Paulo, conta a experiência vivida quando sua filha Tânia decidiu ser freira. Eles lembram que a família não frequentava muito a Igreja, mas sempre ensinaram o respeito por Deus e pela religião e, foi quando começaram a participar mais, que a filha sentiu o chamado. "A partir do momento que começamos a frequentar o Grupo de Oração da Renovação Carismática Católica (RCC), começamos a ficar mais na Igreja, nos tornamos servos do grupo e foi a partir daí que ela começou a sentir o chamado. Antes eu nunca imaginei que ela fosse ser irmã, mas depois disso, Deus já estava me preparando, eu fui vendo o jeito dela de falar, de agir, e as coisas foram acontecendo", conta Dona Benedita. Exemplo que mostra que o despertar das vocações acontece com mais naturalidade em uma família que ensina os valores cristãos.
De acordo com o presidente da Comissão Episcopal pastoral para a Vida e a Familia da CNBB e Arcebispo de Londrina (PR), Dom Orlando Brandes, quando a família é engajada na Igreja e a comunidade tem espiritualidade, está feita a ponte para a realidade vocacional. "Uma família onde não se reza, onde se fala mal da Igreja, onde o Domingo é desrespeitado, onde se vai mais ao shopping do que à Igreja, onde não há nenhum envolvimento com Deus (...), pode até surgir vocações sim, mas é bem mais raro, por outro lado, as vocações proliferam onde existe a religião, daí a importância dos pais transmitirem a religião aos seus filhos".
O incentivo
Dom Orlando explica ainda que os pais devem incentivar as vocações, sem impor, mas dar apoio. "A vocação sempre é um chamado e uma resposta pessoal, mas cabe aos pais motivar, se alegrar e, vamos dizer, ajudar o desenvolvimento de uma vocação ou, eles mesmos, serem inspiração desta vocação". Dona Benedita conta que, embora seja doloroso ver um filho sair de casa, é preciso apoiar sua decisão de seguir o chamado de Deus. "Se tiver alguém na família que é vocacionado é preciso dar apoio e confiar em Deus, rezar bastante para que ele siga o caminho, porque eles são felizes. Eles são felizes quando escolhem a vocação e aceitam o chamado. E, quando a família ajuda e não põe obstáculo, eles continuam em frente. Se Deus está chamando, eu acho que a gente não deve impedir não, e nem incentivar que desistam da idéia".
Seu Ivo concorda e em uma frase mostra seu apoio à vocação da filha: "Eu prefiro ela lá, do que ela aqui no mundo. Não sei o que ela pegaria aí pela frente, se estaria bebendo, fumando". Irmã Tânia se consagrou a Deus, há seis anos, na Fraternidade Jesus Salvador (Salvistas), e no mês de setembro fará seus votos perpétuos. Ela conta que é plenamente realizada. "Sou muito feliz, eu creio que se eu não tivesse dito sim à Deus eu seria feliz também, mas não da maneira como eu sou hoje. Eu sou realmente realizada, me realizo na minha vocação, naquilo que sou e faço, é inexplicável. É uma alegria que brota do coração, mesmo nos momentos difíceis. Você sabe que o Senhor está ali, e que nada é em vão".
Novas vocações
Mas o que as famílias podem fazer para dar mais vocações à Igreja? Dom Orlando explica que para as famílias terem filhos vocacionados, isso já começa no namoro do casal. "Quando um namoro é cristão, os namorados já se abrem para uma possibilidade vocacional". Ele explica, também, que a gestação é um momento especial de inspiração vocacional. "Quantos vocacionados dizem: 'minhã mãe desde pequeno, desde quando estava grávida de mim, me consagrou a Deus'. Isso tem força, não de imposição, mas tem valor". O arcebispo lembra ainda a importância do período da infância. "Uma criança nasce religiosa, ela se encanta com a Eucaristia, se encanta com as histórias bíblicas, com a oração, com a pregação, então é um momento especial de transmissão, de estímulo vocacional". "Depois vem a Catequese. É claro que os catequistas devem motivar vocações, e os sacerdotes fazer visitas à catequese, porque este é um momento especial de motivar as vocações em nossos filhos e filhas, enquanto ainda estão conosco na Igreja", destacou. E ressaltou novamente a importância da espiritualidade na família. "A oração, a espiritualidade dos pais em casa, os pais que falam bem dos sacerdotes, que participam de grupos de reflexão, de algum movimento. Esses pais já estão sendo pontes, sinalização para que a família seja uma motivadora, incentivadora de vocações". Dom Orlando explica ainda, que as famílias que tem filhos vocacionados são privilegiadas, mas não são melhores que as outras. "São privilegiadas no sentido de que Deus as abençoou porque elas foram fiéis à vontade Dele, por outro lado, essas famílias não são melhores do que as outras, mas elas são uma motivação para as outras. Assim como Deus escolheu o povo de Israel para ser o sinal do amor de Deus para outros povos, uma família que tem filhos vocacionados não se coloca numa posição de superioridade, mas ela é um sinal, uma motivação, para que outras famílias possam dizer 'nós também podemos ter um filho sacerdote, uma filha religiosa'".

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

NÃO HÁ AMOR SEM RENÚNCIA!

Qual é o chamado de Deus para você? Saiba que o bonito não é realizar o nosso próprio sonho, mas realizar o sonho de Deus. E qual é o sonho de Deus para você? Queira realizar o sonho de Deus e renunciar aos seus próprios sonhos. É isso que fará você feliz.
Custe o que custar, você precisa ser generoso e dizer sinceramente ao Senhor: “Tudo me pediste, nada eu te neguei”. Não há vocação sem cruz. Não há amor sem renúncia. Aquele que é chamado ao matrimônio renuncia aos valores da vida religiosa. Os que são religiosos renunciam a ter esposa e filhos. Todo caminho vocacional é um caminho de renúncia. A renúncia acontece porque visamos a algo mais. Não é a renúncia pela simples renúncia, mas é optar por algo mais. É optar por aquilo que Deus escolheu para nós como vocação. Veja que renúncia você precisa fazer para seguir a sua vocação. Abrace a sua cruz e deixe de lado todos os medos, dificuldades e tudo o que o impede de realizar sua vocação. Pois para ser aquilo que Deus quer, só temos o dia de hoje.
Deus o abençoe!
Seu irmão,
Monsenhor Jonas Abib

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O QUE É VOCAÇÃO

Vocação é um dom que recebemos de Deus para bem realizarmos nosso papel na evangelização de seus filhos, a cada um é dado um dom. Deus nos deixou 07 Dons: Sabedoria, Inteligência, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor a Deus.
São Paulo, em sua carta aos Coríntios, cita alguns dos carismas que são provenientes dos Dons: “A cada um é dada à manifestação do Espírito para proveito comum. A um é dada pelo Espírito uma palavra de sabedoria; a outro, uma palavra de ciência, por esse mesmo Espírito; a outro, a fé, pelo mesmo Espírito; a outro, a graça de curar as doenças, no mesmo Espírito; a outro, o dom de milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, a variedade de línguas; a outro, por fim, a interpretação das línguas. Mas um e o mesmo Espírito distribui todos estes dons, repartindo a cada um como lhe apraz.” (I Cor 12,7-11).
Todos nós nascemos com uma vocação, Deus nos dá a vocação de acordo com a nossa necessidade. Você deve estar se perguntando: “Sim, ele falou, falou, mas não disse qual é a minha vocação?”. Nossa vocação é revelada através do Espírito Santo. “Sim, certo, mas como o Espírito Santo irá revelar a minha vocação?”. É bem simples, através da oração, do jejum, do anúncio do Evangelho, da Sagrada Eucaristia e, principalmente, através do Sacramento do Crisma . E através do Espírito Santo, somos capacitados para com nossa vocação seguir nossa missão, como construtores do reino de Deus.
“O Batismo , a Crisma e a Eucaristia são os Sacramentos da iniciação cristã, por isso, são a base da vocação comum de todos os discípulos de cristo, vocação à santidade e à missão de evangelizar o mundo. Conferem as graças necessárias à vida segundo o Espírito nesta vida de peregrinos a caminho da Pátria” (CIC 1533).
Tipos de vocação de acordo com o CIC:
■Vocação da Humanidade: consiste em manifestar a imagem de Deus e ser transformada à imagem do Filho único do Pai. Esta vocação implica uma dimensão pessoal, pois um é chamado a entrar na bem-aventurança divina, mas concerne também ao conjunto da comunidade humana.
■Vocação dos Leigos: é especifico dos leigos, por sua própria vocação, procurar o Reino de Deus exercendo funções temporais e ordenando-as segundo Deus.
■Vocação para a Castidade: castidade significa a integração correta da sexualidade na pessoa e, com isso, a unidade interior do homem em seu ser corporal e espiritual. A virtude da Castidade comporta, portanto, a integridade da pessoa e a integralidade da doação.
■Vocação para o Amor: Deus, que criou o homem por amor, também o chamou para o amor, vocação fundamental e inata de todo ser humano. Pois o homem foi criado á imagem e semelhança de Deus, que é Amor. Tendo-os Deus criado homem e mulher, seu amor mútuo se torna uma imagem do amor absoluto e infalível de Deus pelo homem.
■Vocação para o Apostolado: toda a Igreja é apostólica na medida em que, por meio dos sucessores de S. Pedro e dos apóstolos, permanece em comunhão de fé e de vida com sua origem. Toda a Igreja é apostólica na medida em que é ‘enviada’ ao mundo inteiro; todos os membros da Igreja, ainda que de formas diversas, participam deste envio. “A vocação cristão é também por natureza vocação ao apostolado”. Denomina-se “apostolado” “toda a atividade do Corpo Místico” que tende a “estender o reino de Cristo a toda a terra”.
■Vocação ao Casamento: a intima comunhão de vida e de amor conjugal que o Criador fundou e dotou com suas leis é instaurada pelo pacto conjugal, ou seja, pelo consentimento pessoal irrevogável. A vocação para o Matrimônio está inscrita na própria natureza do homem e da mulher, conforme sairão da mão do Criador. “A salvação da pessoa e da sociedade humana está estreitamente ligada ao bem-estar da comunidade conjugal e familiar”. “Esse amor é bom, muito bom, aos olhos do Criador, que é amor” (I Jo 4,8.16). E esse amor abençoado por Deus é destinado a ser fecundo e a realizar-se na obra comum de preservação da criação: “Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a”. (Gn 1,28).
■Vocação Sacerdotal: os que recebem o sacramento da Ordem são consagrados para ser, em nome de Cristo, “pela palavra e pela graça de Deus, os pastores da Igreja”. Por sua vez, “os esposos cristãos, para cumprir dignamente os deveres de seu estado, são fortalecidos e como que consagrados por um sacramento especial”. A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão confiada por Cristo a seus Apóstolos continua sendo exercida na Igreja até o fim dos tempos; é, portanto, o sacramento do ministério apostólico.
E não podemos falar de vocação sem falar da vocação de Maria. Para ser a Mãe do Salvador, Maria “foi enriquecida por Deus com dons dignos para tamanha função”. No momento da Anunciação, o anjo Gabriel a saúda como “cheia de graça”. Efetivamente, para poder dar o assentimento livre de sua fé ao anúncio de sua vocação era preciso que ela estivesse totalmente sob moção da graça de Deus. E se tornou o modelo de vocação perfeita, através da unção do Espírito Santo.

MAIS DE 400 PESSOAS PARTICIPARAM DA JORNADA VOCACIONAL

“Há esperança no Caminho”, este foi o tema que motivou representantes de mais de 20 cidades da Diocese a participarem da 1ª Jornada Vocacional Diocesana. O evento promovido pelo Serviço de Animação Vocacional – SAV diocesano aconteceu no último domingo, 02 de agosto, no Ginásio do Colégio Marista, em Varginha/MG. De acordo com estimativas da organização, cerca de 400 pessoas estiveram no local.
O seminarista Reginaldo Oliveira fez a abertura oficial do evento. Em seguida, houve a apresentação de uma coreografia com músicas relacionadas ao tema proposto. Durante a Jornada, a animação ficou por conta do Grupo Celebração e dos irmãos Isabele e Matheus Pissolatti, de Varginha/MG.
O Diácono Roberto Nogueira presidiu o Ofício Vocacional, seguido de uma palestra conduzida pelo Pe. Rogério Ferreira, reitor do Seminário Diocesano N. Sra. das Dores e pároco de São Bento Abade. Pe Rogério falou sobre o tema da Jornada e chamou a atenção dos presentes quanto à importância de atitudes cristãs no mundo atual. O Diácono Carlos Henrique Machado de Paiva encerrou a parte da manhã conduzindo a Hora Santa e a Benção do Santíssimo Sacramento.
À tarde, as pastorais, movimentos, associações e congregações religiosas da Diocese montaram estandes expondo os seus trabalhos para apreciação do público. Segundo os participantes, foi uma boa oportunidade para divulgar as suas atividades.
As oficinas realizadas também empolgaram. Catequese, RCC, PJ, Legião de Maria, Associação Nhá Chica, Apostolado da Oração, Associação Pe. Victor, entre outras, apresentaram propostas de trabalho e conseguiram boa adesão entre o público presente.
Às 15h, Dom Diamantino Prata de Carvalho presidiu a Missa de encerramento do evento concelebrada pelos padres Jean, Ademilson, Rogério, Vanderlei, Rafael e Carlinhos. Ao final, o Diácono Carlos Henrique, assessor diocesano do SAV, agradeceu a todos que, de alguma forma, contribuíram para o sucesso do projeto. Dom Diamantino perguntou aos fiéis se eles gostaram da Jornada, com a resposta afirmativa, o bispo prometeu uma segunda edição para o ano que vem.
Escrito por Coordenação de Pastoral
Fonte: http://www.diocesedacampanha.org.br/component/content/article/39-pagina-inicial/287-mais-de-400-pessoas-participaram-da-jornada-vocacional-.html

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

SÓ O AMOR CONVENCE

O homem sábio não quer apenas ser feliz, mas fazer o outro feliz. A sabedoria contagia e se apresenta com doçura. Se você faz as coisas com doçura as pessoas vão amá-lo profundamente, pois você as terá conquistado.
Dom Bosco diz que o jovem não precisa simplesmente saber que é amado, ele precisa de gestos concretos de amor. Existem coisas que são extremamente doces neste mundo, uma delas é o nosso nome. Como é bom quando alguém se lembra da gente, quando não só nos admira, mas nos ama!
Nós não trazemos as pessoas para Deus por meio da exortação, mas sim, por meio de gestos concretos de amor. Só o amor cura, só o amor transforma, só o amor convence. É esse sentimento nobre que nos leva a ultrapassar os nossos limites. "Nada pela força, tudo pelo amor!" afirma São Francisco de Sales. Nisso está o verdadeiro poder.
Quando nós nos colocamos a serviço de alguém essa pessoa entende que estamos lhe dando amor. As coisas simples e os gestos pequenos de carinho fazem grande diferença. Muitas vezes o que os seus familiares mais querem é a sua atenção. O que você pode fazer é se colocar ao alcance das pessoas. Se você quer atingi-las deve antes descobrir do que elas estão precisando.
Eu tenho quase certeza de que você já teve a oportunidade de ter sido colocado numa roda na qual o acusaram. É difícil quando as pessoas que consideramos como amigas participam de tal acusação. Isso dói no mais profundo da alma!
O que mais me impressiona na passagem que narra o encontro da mulher pecadora com Jesus (cf. João 8,1-11) é a maneira doce com que Nosso Senhor a trata. Ele não lançou nenhum olhar de acusação nem para a mulher nem para as pessoas que armaram aquela emboscada. Ele faz um desafio. Não foi Cristo quem os acusa, são suas consciências. O Senhor presta àquela mulher o maior serviço que alguém poderia prestar: Ele salva a vida dela.
Jesus conversa com aquela mulher, e ao fazê-lo ela O compreende. Não existe maneira de compreender as pessoas sem conversar com elas. Há quanto tempo você não pergunta à sua mãe como ela está, ao seu marido como ele está?
Existe uma colaboração que só você pode dar, escute as pessoas que estão à sua volta. Só sabemos o quanto um sapato aperta o pé quando o calçamos. “Calce o sapato” do seu irmão para saber onde está apertando; entre na vida dele, seja participativo!
Você vai conseguir trazer as pessoas para Deus a partir da sua experiência. A nossa missão é fazer com que as pessoas amem a Jesus, que se tornem sensíveis ao Seu amor. Quando a gente ama, até o nosso silêncio fala.

Márcio Mendes

Rezemos por todas as vocações

O Documento de Aparecida recomenda: “Visto que a família é o valor mais querido por nossos povos, cremos que se deve assumir a preocupação por ela como um dos eixos transversais de toda a ação evangelizadora da Igreja. Em toda diocese se requer uma pastoral familiar “intensa e vigorosa” para proclamar o evangelho da família, promover a cultura da vida, e trabalhar para que os direitos das famílias sejam reconhecidos e respeitados” (n. 435)
Vocação consagrada das religiosas e religiosos - Com alegria vemos em nossa diocese 26 comunidades de religiosas e 13 comunidades de religiosos, que por amor seguem a Jesus Cristo numa vida de oração e dedicação ao próximo. “A partir do seu ser, a vida consagrada é chamada a ser especialista em comunhão, no interior tanto da Igreja quanto da sociedade” (DA, 218). Rezemos por todos e por novas vocações por amor.
Catequistas: É também uma vocação por amor. Quem se doa como catequista é porque segue a Jesus Cristo e por isso transmite Seus ensinamentos. “É hora de despertarmos para a consciência de que a catequese é uma dimensão intrínseca de toda ação evangelizadora e que toda a Igreja assuma uma nova concepção de catequese como processo formativo, sistemático, progressivo e permanente de educação da fé, da esperança e do amor” (Diretório Nacional de Catequese). Estamos em pleno ano catequético, com intensa programação também em nossa Diocese (cfr. Pág. 5 do Presença Diocesana de julho 2009). Acolhamos a chama catequética que percorrerá nossas cidades, em setembro e outubro.
Que Nossa Senhora Aparecida abençoe as vocações. Em nossa Romaria a Aparecida rezamos pelos sacerdotes, pelo Ano Sacerdotal, pelo Seminário São José e por todas as vocações. Rezamos também pela família, pelos jovens e pela catequese!
Dom Jacyr Francisco Braido
Bispo de Santos - SP